3 de dezembro de 2017

O telefonema de Porte que evitou a reforma de Gerrans

(Fotografia: Orica-Scott)
Para Simon Gerrans tinha chegado o momento de parar. A vida na Orica-Scott já não era tão radiante como em anos anteriores e o australiano sabia que estava a chegar ao fim a longa relação com a equipa do seu país e que tanto ajudou a tornar-se numa das melhores do World Tour. Gerrans nem estava à procura de encontrar outra formação. Aos 37 anos sentia-se preparado para começar uma nova fase. No entanto, um telefonema fê-lo recuperar a alegria que tinha perdido ao ser preterido pela Orica-Scott na convocatória para a Volta a França e para outras importantes corridas. Do outro lado da chamada estava Richie Porte a convidá-lo para estar ao seu lado na BMC em 2018: "Estás interessado?" Gerrans não resistiu ao convite.

"Penso que é o que nos faltou, um homem com a experiência do Simon para tomar as decisões na estrada", explicou Richie Porte, citado pelo Herald Sun. "Ele é um bom companheiro e está feliz por vir correr para mim e ajudar-me a atingir o meu objectivo", acrescentou.

Para Gerrans - que em 2003 passou pelo pelotão português, na então Carvalhelhos-Boavista - era algo impossível de recusar e ser o próprio Porte a fazer o primeiro contacto foi também importante. "Fiquei lisonjeado por ele ver que eu posso contribuir de forma valiosa para a sua época e na Volta a França. Depois de falar com alguns responsáveis da BMC, eles viram que eu posso acrescentar valor à equipa", salientou o australiano, que não teve dúvidas que aceitar o convite era a decisão mais correcta.

Milano-Sanremo e Liège-Bastogne-Liège são duas das suas principais vitórias. Mas além dos monumentos, Gerrans venceu ainda duas etapas no Tour e vestiu a camisola amarela, dois Grandes Prémios do Quebeque e um de Montreal, ao que junta conquistas no seu país, incluindo quatro Tour Down Under. Sempre tentou aproveitar as oportunidades quando elas surgiam, mas também foi sempre um ciclista que não tinha problemas em ajudar um colega. É precisamente esse papel que Porte procura, podendo ser uma voz de comando em etapas nervosas, como aquelas longas e planas, que tantas vezes têm feito a diferença devido a quedas colectivas, ou ao vento que parte o pelotão.

A escolha é um sinal claro de Richie Porte a rodear-se de homens que conhece bem, como é o caso do compatriota. Também Patrick Bevin, neozelandês da Cannondale-Drapac, irá reforçar a equipa, tal como Alberto Bettiol, igualmente da formação americana, ainda que o italiano poderá dividir a sua temporada entre as clássicas com Greg van Avermaet e depois o Tour com Richie Porte.

Para Simon Gerrans será talvez uma derradeira oportunidade para se mostrar ao mais alto nível. É que se estar ao lado de Porte já seria suficiente para dizer sim à BMC, no entanto, o australiano explicou que a equipa acredita que ainda pode dar algumas vitórias, principalmente nas corridas de um dia. "Se eles tivessem dito que iria ser um ciclista para apoiar a 100%, eu teria aceite bem isso, mas nas negociações os responsáveis disseram: 'Ainda acreditamos que há muitas vitórias em ti, por isso, queremos dar-te também objectivos pessoais'", contou.

É apenas um ano de contrato, para já, mas pode ser um dos mais importantes para Gerrans. Se houve algo que não conseguiu na Orica-Scott foi ajudar um dos líderes a ganhar uma grande volta. Richie Porte apresentou-se como um fortíssimo candidato a vencer a última Volta a França. Uma queda acabou com o sonho e com a temporada e até foi ainda durante a recuperação que fez o telefonema para Gerrans. Porte quer entrar de novo na corrida francesa como candidato e a BMC está a dar todas as condições que o australiano quer para poder assim voltar a conquistar o Tour, depois de Cadel Evans o ter feito em 2011.



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