26 de outubro de 2016

Imbróglio legal assusta UCI. 2017 deverá contar com 18 equipas e assim "salvar" a Dimension Data

Dimension Data poderá respirar de alívio. Deverá continuar no World Tour
Questão resolvida? Tudo indica que sim e o resultado não surpreende. A UCI vai recuar na decisão de diminuir as equipas World Tour de 18 para 17, permitindo assim que todas as formações que pediram uma licença para esse nível a recebam, se cumprirem todos os requisitos. É o suspirar de alívio para a Dimension Data (que subiu este ano) que era o elo mais fraco depois de ter terminado em último lugar no ranking e com as novas candidatas Bahrain-Merida e Bora-Hansgrohe a contratarem ciclistas com muitos pontos, que lhes permitiria ocupar os lugares deixados pela saída da Tinkoff e IAM.

A decisão de reduzir o número de equipas não cairá por completo, segundo o site Cycling News, mantendo-se a intenção que em 2019 sejam 16 as formações no World Tour, passando a existir um sistema de promoção e relegação. Foi um dos pontos acordados com a ASO - que organiza algumas das mais importantes provas, como a Volta a França ou Paris-Roubaix - e que permitiu desbloquear um longo braço de ferro, num altura em que a ASO ameaçava retirar as suas competições do World Tour.

Esta mudança de opinião da UCI teve, naturalmente, o aval da ASO, que sempre insistiu num pelotão com menos equipas, o que lhe permitiria ter mais escolha nos convites a atribuir para as corridas. Terá sido decisivo o acordo de dois milhões de euros entre a ASO e a empresa Dimension Data, responsável pela apresentação em tempo real de dados durante as corrida. Ora a equipa que é patrocinada ir parar ao escalão Profissional Continental poderia "azedar" a relação.

Não há ainda confirmação oficial desta informação. Porém, perante as perspectivas de um autêntico imbróglio legal, a UCI terá agido de forma a evitar que o arranque da temporada em 2017 fosse afectado. Se não o tivesse feito poderia enfrentar uma acção legal da Dimension Data, que defende que com a saída da Tinkoff e IAM, a sua posição no ranking final é o 16º lugar, logo uma garantia para receber a licença World Tour. Perante uns regulamentos dúbios, o Tribunal Arbitral do Desporto arriscaria ter ainda mais trabalho, pois se a Dimension Data conseguisse que lhe fosse dada razão, então seria a Bahrain-Merida e a Bora-Hansgrohe que iriam recorrer à justiça, pois a sua leitura dos regulamentos é diferente, defendendo que os seus ciclistas somam mais pontos que os da equipa sul-africana.

Um problema evitado, ou pelo menos adiado por dois anos já que as novas licenças terão precisamente essa duração. As reformas da UCI provocaram desagrado e a Associação Internacional de Equipas de Ciclismo Profissionais ameaçou com... procedimentos legais. Além da questão do número de equipas, a UCI terá cedido noutro ponto: as equipas World Tour não serão obrigadas a participar nos dez novos eventos do calendário.

Em Novembro a UCI irá decidir os novos procedimentos e anunciar como e com que equipas será a época em 2017. No entanto, a atitude de subserviência da UCI perante a ASO está a preocupar cada vez mais a Associação Internacional de Equipas de Ciclismo Profissionais que vai lutar contra o sistema de promoção e relegação e certamente que a redução para 16 equipas será tema para grande polémica se se repetir a situação deste ano, com mais candidatos do que licenças disponíveis.

Se se mantiver esta regra, uma das preocupações - e que foi recentemente realçada por Mark Cavendish, ciclista da Dimension Data - é que as equipas comecem a preocupar-se mais em somar pontos do que procurar vitórias, isto porque o sistema actual atribui mais pontos a determinadas posições nas classificações gerais, por exemplo, do que a um triunfo numa etapa.

Mais uma novela do ciclismo com alguns capítulos ainda por escrever.



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