12 de setembro de 2016

Da perspectiva trágica à luta por um lugar no World Tour

A Dimension Data está em risco de ficar fora do World Tour em 2017
O anúncio do fim das equipas Tinkoff e IAM fez soar alguns alarmes. Duas equipas do World Tour abandonarem o ciclismo é um rombo grande, ainda mais no caso da formação russa, que tem alguns dos melhores corredores, como Alberto Contador e Peter Sagan. Depois surgiram incertezas quanto à continuidade da Lotto Soudal e para ajudar Oleg Tinkov disse que a BMC e a Katusha também não durariam muito mais tempo. Porém, num espaço de três meses, passou-se de uma perspectiva trágica para o principal escalão, por uma luta para estar no World Tour, ao ponto de alguém ter de ficar de fora. Ou seja, agora há excesso na procura por licenças.

As novas regras da UCI determinam que serão atribuídas 17 licenças World Tour para 2017/2018, ao contrário das 18 anuais que actualmente vigoram. Esta diminuição parecia inicialmente que poderia evitar o embaraço de não existirem equipas suficientes para preencher as vagas. Porém, iniciou-se uma luta por um lugar e a Dimension Data ameaça tornar-se no elo mais fraco.

Sai a Tinkoff e a IAM, mas além da muito anunciada chegada da equipa do Bahrain, juntou-se a Bora, que com o novo patrocinador Hansgrohe quer subir de escalão e contratou ciclistas como Peter Sagan e Rafal Majka. Já Vincenzo Nibali vai liderar o projecto do Médio Oriente. Com os pontos que os ciclistas levam para as formações, qualquer uma delas parece ter uma licença garantida, ainda que a Bahrain-Merida não esteja completamente descansada e esteja ainda a reforçar-se, pensando um pouco em garantir corredores com pontos que possam ser preciosos para conseguir a licença World Tour.

Em 2017 também chegará o primeiro projecto chinês no principal escalão. A TJ Sport comprou a actual Lampre-Merida e ao garantir a continuidade de Rui Costa e Diego Ulissi e confirmando-se que mantém os ciclistas com contrato, a equipa não deverá ter problemas em continuar no World Tour.

Portanto, a questão é mesmo séria para a Dimension Data. É a última classificada no ranking World Tour e com a temporada a terminar (só faltam duas provas World Tour: Eneco Tour e Giro di Lombardia) começa a parecer difícil sair dessa posição. Apesar de ter quase 30 vitórias em 2016, apenas nove são de corridas World Tour. O director da equipa sul-africana, Doug Ryder, considera que será "terrível" perder a licença, mas recusa entrar numa frenética contratação de ciclistas que possam garantir pontos.

O projecto, que começou por ser conhecido por MTN-Qhubeka, deu os primeiros passos em 2008 no escalão Continental, onde permaneceu até 2012. Como Profissional Continental, a equipa foi conquistando alguma notoriedade. A contratação de ciclistas como Edvald Boasson Hagen e Stephen Cummings em 2015 deixava antever que se aproximava o salto para o World Tour, que se confirmou este ano, com Mark Cavendish como a grande estrela. Porém, a Dimension Data mantém uma equipa Continental que continua a fazer o papel de formação principalmente de ciclistas africanos. Além disso, tem um papel social muito importante na África do Sul, como a distribuição de bicicletas a crianças.

O facto de ser um projecto diferente da maioria dos actuais, dá outro estatuto à equipa no ciclismo mundial. Mas o reconhecimento por este tipo de trabalho não chega, são precisos resultados. São precisos pontos.

Seja qual for a equipa a ficar de fora, qualquer uma delas tem ciclistas que garantem a presença em praticamente todas as principais competições. Porém, ter de esperar por convites não é a segurança desejada para os patrocinadores, pois o calendário fica assim indefinido.

Entrou-se numa fase de grande nervosismo e o mercado de transferências está a sentir os efeitos deste panorama, pois já se fala que o "preço" de alguns ciclistas está a subir em flecha, principalmente daqueles que tenham amealhado pontos em 2016.

Mudanças e investimento

2017 vai marcar algumas mudanças em equipas. Além do fim da única equipa italiana no World Tour - a Lampre-Merida passa a ser chinesa e ainda não tem novo nome - também a Rússia fica sem as suas equipas. A Tinkoff fecha portas a Katusha passará a ser suíça. A formação que conta com José Azevedo como um dos directores desportivos e Tiago Machado com ciclista - para o ano terá a companhia de José Gonçalves -, há muito que procurava mais um patrocinador. A Alpecin deixa a actual Giant para se juntar à Katusha, enquanto a Giant passará a ter Sunweb no nome.

Em Espanha, a única equipa continuará a ter a Movistar como patrocinador por mais três anos. Já a Orica resolveu o problema da saída da GreenEdge ainda este ano e já conta com a BikeExchange desde a Volta a França. A Lotto Soudal também irá continuar, já tendo começado a renovar contratos até 2018. A BMC garantiu que os rumores lançados por Oleg Tinkov eram falsos.

E claro, a China vai estrear um projecto que contará com Rui Costa como líder ao lado de Diego Ulissi e o Médio Oriente também terá uma equipa, isto se se confirmar as licenças World Tour para a TJ Sport e Bahrain-Merida.

»»Ciclismo em alerta máximo««

Sem comentários:

Enviar um comentário