9 de abril de 2017

E o momento chegou. Tom Boonen saiu de cena

(Fotografia: Facebook Quick-Step Floors)
É o dia inevitável, mas que se tenta não pensar nele. O dia do adeus a um grande ciclista. Quando durante 15 anos se viu Tom Boonen dar espectáculo, somar vitórias, pensar que não se o voltará a vê-lo na estrada e nos seus adorados pavés, deixa um vazio. Ainda se está a tentar habituar a ausência de Fabian Cancellara e perde-se agora o outro grande nome das clássicas da última década e meia. "Chegou o momento." A frase diz tudo. Boonen (36 anos) tem completa percepção que não dava mais e um grande atleta também se define por saber admitir quando é altura de se afastar.

Há 15 anos, um jovem Boonen saltou para a ribalta ao ficar em terceiro no Paris-Roubaix. Este domingo, foi no mesmo velódromo que o belga escolheu terminar a carreira. O próprio confessou que já no ano passado sabia que tinha chegada o momento de terminar a carreira. Mas também sabia que ainda tinha algo para dar e nos Mundiais demonstrou isso mesmo com o terceiro lugar. Talvez aquele segundo lugar em Roubaix, atrás de um Mathew Hayman que não tem metade do potencial de Boonen ao sprint, tenha motivado o belga a fazer uma última tentativa em chegar ao inédito quinto triunfo no monumento francês. Patrick Lefevere apoiou-o, como sempre, e colocou a equipa à sua disposição.

Boonen até disse que sonhava arrancar em Arenberg e só parar no pódio de Roubaix. Mas a realidade foi bem diferente. O ciclista esteve muito activo, deu tudo o que tinha, mas o Paris-Roubaix tanto dá de glória, como cria enormes frustrações. É demasiado imprevisível e a Boonen restou-lhe pedalar como há algum tempo não se via nas clássicas. Não terminou com a glória que imaginava há meses, mas a forma como foi ovacionado após a corrida, com uma multidão a rodear o autocarro da Quick-Step Floors para o saudar como o campeão que é, emocionou o belga. Disse não esperar que tal acontecesse, mas os fãs quiseram dar-lhe a volta de honra que Boonen não deu no velódromo. "Eu dei voltas de honra suficientes. As voltas de honra são para aqueles que mereceram hoje", afirmou. A frustração de uma despedida longe do desejado era notória. Se recuarmos um ano, Fabian Cancellara teve a sua volta de honra, mesmo não tendo ganho. E foi bastante memorável e não pelas melhores razões: caiu!

Nesta última semana, Boonen salientou como tentou não se deixar levar pela emoção. Tentar não pensar que era a última corrida era impossível, mas o belga contou como foi aos cinco quilómetros que pensou: "Estes serão os últimos." Então restava-lhe sprintar pelo sexto lugar, mas nem sequer tentou. "O sexto lugar não tem muito significado", afirmou. Ficou em 13º. Nem o pódio conseguiu, o seu segundo objectivo se falhasse a vitória.

Não foi o adeus perfeito. Porém, serão 113 vitórias que ficam para a história. Quatro Paris-Roubaix, três Voltas a Flandres, seis etapas na Volta a França, um título mundial... Tom Boonen, um dos melhores ciclistas de clássicas da modalidade que influenciou gerações, que inspirou ciclistas (como Peter Sagan, por exemplo), que fidelizou fãs como poucos o conseguem.

"E agora, o que vai fazer?" À pergunta respondeu: "Agora... vou procurar o meu carro!" E Boonen saiu de cena.

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