25 de maio de 2016

Nem Nibali percebe o que lhe está a acontecer

(Fotografia:giroditalia.it)
Vincenzo Nibali até parece que tenta. Ele bem quer atacar e reagir a ataques, mas algo está a falhar ao italiano e nem o próprio parece conseguir explicar. Perante mais uma etapa em que viu os seus principais rivais - e não só - afastarem-se sem que conseguisse esboçar a mais pequena reacção, Nibali já não pode apenas culpar num dia mau, como o da crono-escalada. Tem estado sempre a perder tempo e a ambicionada vitória no Giro já ganhou contornos de milagre. Em duas etapas passou do segundo lugar a 41 segundos, para o quarto a 4:43. E tem Ilnur Zakarin a sete segundos e Rafal Majka também terá o italiano na sua mira (está a 51 segundos).

"Não sou eu próprio. Parece que estou a sentir-me bem, mas depois descubro que estou vazio. De momento não tenho uma explicação, mas preciso de encontrar as razões para estas performances inconstantes", afirmou um muito desanimado Nibali, depois de uma etapa que terá arrumado com as suas possibilidades de vencer o seu segundo Giro. E é melhor que descubra rapidamente essas razões. É que para reentrar na luta será preciso não apenas um Nibali ao seu melhor, mas quase um super ciclista, pois não se tem de preocupar apenas com o líder Steven Kruijswijk (Lotto-Jumbo). Agora há mais cinco candidatos ao pódio, e Chaves (Orica-GreenEDGE) a Valverde (Movistar) podem não estar num momento idílico, mas estão muito melhor que Nibali. Já nem uma hipotética aliança com Valverde o poderá ajudar, até porque com o espanhol em terceiro, não haverá interesse da parte do ciclista da Movistar.

Recuando ao início da Volta a Itália, Nibali era visto como o regresso do filho pródigo. Um regresso quase forçado depois de um 2015 terrível (esteve mal no Tour e foi expulso da Vuelta), em que se salvou a conquista do monumento da Lombardia. Nibali estava de volta a casa, às origens, para recuperar o prestígio perdido - depois de Fábio Aru ter passado para número 1 na hierarquia da Astana - e também para recuperar a motivação claramente perdida.

Porém, das poucas vezes, antes da chegada da verdadeira montanha, que o italiano teve para se mostrar, foi tímido e pouco convincente. Não está na melhor forma, ou pelo menos, numa forma que se exigia para discutir a competição. A Astana aparece como um bloco protector de qualidade, com Scarponi, Fuglsang e na 16ª etapa Kangert. Ainda assim, não é a Astana de 2015 que ajudou Aru. Falta um Mikel Landa ao italiano, ou seja, um braço-direito. Mas este Nibali está claramente a precisar de mudança. Talvez a sua posição na Astana esteja a afectá-lo mais do que deixa transparecer. Talvez seja mesmo o momento para mudar de ares para o Bahrain, como tanto se fala.

Mas agora faltam-lhe quatro etapas (exclui-se a da consagração no domingo) e o italiano tem de mostrar algo. Dada a ambição de Nibali o pódio não deverá ser suficiente para o satisfazer. Ganhar uma etapa irá tornar-se uma obsessão.

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