13 de maio de 2018

Simon Yates, um senhor ciclista neste Giro

(Fotografia: Giro d'Italia)
No ano em que se pedia que os gémeos Yates dessem um passo em frente na carreira, deixando as classificações das juventudes - pelas quais já não podem competir - e os objectivos de top dez, para apontar ao pódio e porque não a uma vitória, principalmente num Giro ou Vuelta. Simon foi o primeiro a ser chamado a dar resposta a este repto. Aí está ela. Nesta primeira semana - nove etapas, mais precisamente -, Simon foi o mais forte, muito bem ajudado por uma equipa que está a fazer o que é inevitável chamar de papel da Sky. A Mitchelton-Scott está transformada numa equipa para as grandes voltas. Agora, "só" faltam mais duas semanas!

Yates (25 anos) foi o mais forte até ao momento, com um Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) a mostrar que está próximo. Muito próximo. Mas estes primeiros dias de Giro tiveram o britânico como estrela. Está, e justamente, com a maglia rosa e neste domingo venceu uma etapa que merecia, depois de no Etna ter sido um excelente companheiro ao não tirar a vitória a Johan Esteban Chaves. E atenção que o colombiano continua a ser uma opção, caso aconteça algo a Yates (quem estiver a apoiar o gémeo, bata três vezes na madeira).

Ter perdido apenas 20 segundos no contra-relógio já foi um sinal que Yates estava bem, comprovando as indicações deixada tanto no Paris-Nice (segundo na geral e uma etapa) e na Volta à Catalunha (quarto e mais uma etapa). Quando chegou a montanha, a facilidade com que pedalou deverá ter deixado os seus adversários algo desconcertados. Na etapa de hoje, deu-se ao luxo de até ver alguns dos seus rivais afastarem-se, só para tentar obrigar Tom Dumoulin a mostrar-se. Porém, o holandês da Sunweb está a perceber que estão a colocar à prova a sua capacidade de trepador. Já se sabe que não é um daqueles  a quem se chama de "puro", mas foi suficiente para o ajudar a ganhar o Giro há um ano, que claro teve o contra-relógio como grande influência. Desta feita, Dumoulin terá de mostrar mais, ainda que não haja razões para entrar em pânico. Por enquanto, pelo menos. Caiu para terceiro, a 38 segundos de Yates. Chaves é agora segundo, a 32.

E Chris Froome? O que dizer... Está uma sombra de si mesmo. Não há nada a esconder. O britânico da Sky não está bem e para quem dizia que iria atacar na terceira semana, tendo perdido 1:07 e tendo 2:27 para recuperar, o dia de folga nesta segunda-feira irá certamente ser utilizado para repensar estratégias.

O mesmo irá acontecer com a Astana de Miguel Ángel López. Aquele aceleramento foi fraquinho, por assim dizer, e lá foram mais 12 segundos para juntar aos  2:12 minutos que já tinha.

Na UAE Team Emirates ainda não é preciso mudar planos, mas Fabio Aru perdeu mais de um minuto e já está 2:36. O italiano tem tendência para ir melhorando e não é de baixar os braços. Mas esta primeira semana de Giro não foi muito animadora.

Já se tem falado de Domenico Pozzovivo. O líder da Bahrain-Merida não está a conseguir rematar no final o seu bom trabalho durante as etapas de montanha. Porém, se continuar assim, o pequeno italiano tem tudo para estar na luta pelo pódio, no mínimo. Está a 57 segundos de Yates.

Num dia em que os ataques ficaram muito para o final. Em poucos quilómetros fizeram-se diferenças interessantes. Não esquecer que Yates ao vencer a etapa bonificou dez segundos e está a amealhar o tempo que tem reiterado ser necessário para ficar mais à vontade quando chegar o contra-relógio da 16ª etapa. A forma como pensa, a longo prazo, não deixa dúvidas que Yates está no Giro 100% crente que o pode ganhar. Pelo que mostrou até agora, tirando Pinot, Pozzovivo e o colega Chaves, ninguém tem conseguido ser suficientemente regular para apresentar uma candidatura mais séria. Mas lá está, ainda faltam duas semanas e muita, muita montanha pela frente.

José Gonçalves esteve novamente muito bem. Tem conseguido manter-se com os favoritos durante bastante tempo na alta montanha. Acaba por ir perdendo algum espaço para os favoritos nas partes finais, mas está a mostrar um lado pouco conhecido dele. Sabia-se que subia bem, mas este é um José Gonçalves com uma ambição bem diferente da habitual. Manteve a 21ª posição, mas agora a 4:32.

A semana foi de Simon Yates, no que diz respeito à geral, que há dois anos vivia um momento difícil ao ser suspenso por quatro meses, depois de ter dado positivo por terbutalina. O médico da equipa assumiu a responsabilidade, tendo dito que deu a substância para a asma ao ciclista, mas não a reportou. Yates cumpriu a sanção e logo deu uma demonstração de carácter. Quando regressou venceu uma etapa na Vuelta, a sua primeira em grandes voltas. Hoje foi a segunda e a continuar assim, tem tudo para ambicionar a muito mais e a Mtichelton-Scott parece estar mais perto que nunca de alcançar o objectivo de finalmente ganhar uma corrida de três semanas, depois de Chaves ter estado um dia de rosa no Giro, há dois anos.

Segunda-feira é dia para recuperar forças e esperar que não faça mal a ninguém, pois os dois dias seguintes é sobe e desce constante e a etapa de terça-feira será a mais longa, com 239 quilómetros.

Pode ver aqui as classificações após nove etapas de corrida. Com a vitória na etapa Yates tirou a camisola azul a Chaves, Richard Carapaz (Movistar) é o melhor jovem, Elia Viviani (Quick-Step Floors) domina nos pontos e a Mitchelton-Scott lidera por equipas. 



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