6 de maio de 2018

"Ganhar em Madrid dá-me confiança para o futuro"

Adeus azares e que venham mais vitórias! É assim que Edgar Pinto espera que seja o seu futuro. Depois de ter chegado a pensadr em terminar a carreira, o ciclista reencontrou-se com os grandes momentos e juntou uma etapa e a geral da Volta à Comunidade de Madrid à tirada que tinha conquistado na Volta ao Alentejo. Foi dia de festa para a Vito-Feirense-BlackJack frente ao Estádio Santiago Bernabéu, pois a equipa ganhou ainda a classificação da juventude, com Xuban Errazkin.

"Isto tinha que mudar, este azar todo! Começou no Alentejo com a vitória de etapa e depois aqui, no primeiro dia com o triunfo, vi que estava a passar o bom momento e aproveitei da melhor forma, vencendo a geral", salientou Edgar Pinto ao Volta ao Ciclismo. Admitiu que tem sido um ano em que tem estado "mais tranquilo", com o pensamento mais centrado na Volta a Portugal. Porém, não gosta de deixar passar oportunidades e com este regresso às vitórias, a motivação é bem diferente, principalmente tendo em conta a grave queda na Volta do ano passado, que lhe prejudicou a preparação para 2018. "Ganhar em Madrid dá-me confiança para o futuro. É um prestígio muito grande. É uma corrida que tem o palmarés que tem, teve as equipas que teve e tinha os colombianos aqui em força", referiu.

Quanto ao palmarés, quando Edgar Pinto subiu ao pódio foi de imediato recordado como um português já por lá tinha passado em 2011. Rui Costa também venceu a Volta à Comunidade de Madrid. Outros nomes que não passam despercebidos, apesar de terem ficado em segundo, são Alejandro Valverde, Nairo Quintana e Mikel Landa. Este ano, acompanharam Edgar Pinto no pódio o colombiano Fabio Duarte (Manzana Postobón) e o equatoriano Jonathan Caicedo, colega de Oscar Sevilla, ciclista de 41 anos da Medellin e que em 2017 bateu Raúl Alarcón (W52-FC Porto) na geral (pode conferir aqui as classificações da corrida espanhola que decorreu entre sexta-feira e este domingo).

"Eu gosto sempre de aproveitar as oportunidades! Nunca as descarto! Mas vamos desfrutar desta vitória"

Preparado para regressar de imediato a Portugal, a longa viagem ia ser bem mais fácil e relaxada com o enorme troféu na bagageira. É tempo de festejar, mas há que começar a pensar na fase da temporada que se aproxima e que conta com algumas das corridas mais importantes, como o Grande Prémio Jornal de Notícias, Troféu Joaquim Agostinho e, claro, a Volta a Portugal. "Agora é como no início [da época]: pensar na Volta. Mas eu gosto sempre de aproveitar as oportunidades! Nunca as descarto! Mas vamos desfrutar desta vitória", realçou. E quando chegasse a casa teria de descobrir onde colocar a taça: "Estava a comentar com a minha mulher que a que ganhei na sexta-feira tinha de ficar por cima da vitrina, mas esta não cabe lá! Nunca tinha ganho um troféu tão grande. É um bocado exagerado, mas assim não me esqueço!"

O pódio final da Volta à Comunidade de Madrid
Os sorrisos era muitos e rasgados na Vito-Feirense-BlackJack. O projecto que este ano foi para a estrada com Joaquim Andrade ao leme e que marcou o regresso do clube de Santa Maria da Feira ao ciclismo, está a somar resultados positivos. "Ganhar a Volta à Comunidade de Madrid é mais do que excelente! Nós sabemos que o Edgar é um ciclista de nível mundial, que pode vencer em qualquer lado, mas sabemos também das nossas limitações, dos problemas que temos tido, de algumas lesões que temos sofrido, mas temos conseguido contornar as coisas", afirmou o director desportivo ao Volta ao Ciclismo.

O objectivo passava principalmente por tentar vencer a etapa, algo que Edgar Pinto resolveu logo na primeira: "Isso deu-nos alguma tranquilidade para enfrentar os dias seguintes. Ontem [sábado] perdemos a camisola. No primeiro momento foi um sabor amargo, mas quando analisámos, pensámos que talvez fosse melhor assim e as coisas correram bem." E acrescentou: "Esta vitória é importante para nós, para o clube e para o ciclismo português."

Se para a equipa estas conquistas são de extrema importância, ver Edgar Pinto a vencer também deixa Joaquim Andrade muito satisfeito. "Ele passou um período de defeso complicado. Recuperava de uma lesão enquanto todos os outros já se preparavam. Ponderava até a possibilidade de continuar a correr ou não. Tinha sido muito azar seguido, muita mazela. Fazer as coisas bem, acreditar no seu valor e ir alcançado as vitórias vai-lhe dar uma tranquilidade e segurança que ele necessitava. É um dos melhores corredores portugueses, sem dúvida. Contamos muito com ele", frisou.


Joaquim Andrade: "Esta vitória é importante para nós, para o clube e para o ciclismo português"

Também o resultado de Xuban Errazkin merece o devido destaque. Para o responsável da equipa, a vitória na classificação da juventude do espanhol de 21 anos - já com passagem na Rádio Popular-Boavista, depois de ter estagiado na estrutura da actual Wilier Triestina-Selle Italia - terá o condão de incentivar os outros ciclistas mais novos, pois a formação é parte importante deste projecto da Vito-Feirense-BlackJack. "Acredito que todos eles têm um futuro risonho pela frente", disse. E por falar nos jovens, a equipa celebrou mais uma vitória neste domingo, com o júnior Diogo Barbosa a vencer na quinta e última etapa da Taça de Portugal, na Palmeira, em Braga. Guilherme Mota, do Alcobaça CC-Crédito Agrícola, venceu o troféu.

Depois de uma paragem de algumas semanas, o calendário nacional de elite irá ser retomado com o Grande Prémio Jornal de Notícias, de 28 de Maio a 3 de Junho. Contudo, a passagem por Espanha de algumas equipas portuguesas terminou com bons resultados em Madrid. A Vito-Feirense-BlackJack conseguiu o prémio maior, mas destaque ainda para a W52-FC Porto que foi a melhor equipa da corrida. Presentes estavam, por exemplo, a Movistar (World Tour), Manzana Postobón, Caja Rural, Burgos BH e Euskadi Murias (todas do escalão Profissional Continental).

A Efapel viu Marcos Jurado regressar a um pódio para levar a camisola das metas volantes, algo que já tinha feito na Volta a Castela e Leão. A Aviludo-Louletano-Uli, Rádio Popular-Boavista e o Miranda-Mortágua fecharam o contingente português na capital espanhola, reforçado por Nuno Bico (Movistar) e Rafael Reis (Caja Rural).

De referir que a última etapa foi ganha por Carlos Barbero, ciclista da Movistar, que no ano passado se tornou no primeiro ciclista a ganhar por duas vezes a Volta ao Alentejo. O espanhol bateu ao sprint Óscar Pelegri (Rádio Popular-Boavista) e Luís Mendonça (Aviludo-Louletano-Uli), que continua a mostrar-se depois de ter conquistado a Alentejana, em Março.

(Pode ver aqui os principais resultados das equipas portuguesas.)

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