11 de maio de 2018

Froome com vida difícil no Giro. Até perdeu o helicóptero

(Fotografia: Giro d'Italia)
Chegou à Volta a Itália marcado pelo caso do salbutamol detectado na Vuelta. Quis concentrar-se na competição apesar da pressão mediática, mas ainda nem tinha arrancado a corrida e Chris Froome já estava a cair, durante o reconhecimento do contra-relógio inaugural. Entretanto perdeu mais de um minuto para o líder Simon Yates (Mitchelton-Scott) e fora da competição as coisas continuam a não correr bem. Poder-se-ia pensar que o pior para o pelotão seria viajar de Israel para a Sicília. Mas houve um dia de folga para o fazer e recuperar energias. Já atravessar as águas que separam a ilha italiana do sul do continente revelou ser uma aventura para alguns ciclistas. Froome à cabeça.

A Sky e a UAE Team Emirates, de Fabio Aru, terão sido as duas equipas que se fizeram valer dos elevados orçamentos que dispõem para alugar helicópteros para transportar os seus ciclistas e assim reduzir o tempo de viagem, para ajudar na recuperação. Os restantes, como Tom Dumoulin, foram de ferry, depois de terem enfrentado a viagem de autocarro até Messina. Essa acabou por ser a opção que sobrou para Chris Froome.

O britânico foi chamado para fazer os testes anti-doping depois de ter terminado a etapa da subida ao Etna, na quinta-feira. O único problema é que a 30 quilómetros da meta, Froome fez uma "paragem técnica" e quando foi preciso, não conseguiu produzir a amostra necessária de urina, segundo explicou à Gazzetta dello Sport. Foram precisas qualquer coisa como duas horas para conseguir finalmente "ficar livre". No entanto, já não tinha o helicóptero à sua espera.

"Às vezes as coisas complicam-te os dias, mas é assim que as coisas funcionam nas grandes voltas", disse Froome, citado pelo As. Só por volta das 22:00 é que terá conseguido estar no ferry. Porém, o britânico não foi o único azarado. Dumoulin e a restante Sunweb também acabaram por atravessar o estreito bastante tarde, por volta das 21:45, mas porque um dos barcos sofreu uma avaria!

Talvez agora se perceba melhor porque o pelotão esteve tão calmo durante a etapa desta sexta-feira. Já não bastava os três dias na Sicília terem sido intensos a nível competitivo, a viagem para o sul de Itália foi longa e complicada para alguns.

Visconti foi contra um carro da Groupama-FDJ

Do dia do Etna surgiram mais histórias e perder o helicóptero é um mal menor comparado com o que aconteceu com Giovanni Visconti. O ciclista apareceu com algumas feridas no final da corrida. Naturalmente que se pensou em mais uma queda. Mas afinal foi mais do que isso. O italiano da Bahrain-Merida tinha ido ao carro buscar abastecimento para os colegas. Quando regressava ao pelotão, estava atrás do carro da Groupama-FDJ, a andar a 60 quilómetros/hora, quando o veículo travou e Visconti não conseguiu evitar o choque.

"Podia ter entrado pelo vidro traseiro, mas acabei por voar pelo ar. Não sei quantos metros. Considero que tive sorte", admitiu à Gazzetta dello Sport. O ciclista contou que bateu com a cabeça e que por momentos perdeu a noção de onde estava. No entanto, terminou a etapa, a 19:43 minutos de Simon Yates.

Visconti explicou que tem dores no lado esquerdo do corpo, mas continua em prova. Não sabe por que razão o carro da equipa francesa travou de repente, mas não aponta qualquer responsabilidade, salientando que de imediato o ajudaram e pediram desculpa.

E para terminar, uma imagem que merece marcar este Giro. Eduardo Zardini caiu e fracturou a clavícula. Na altura ainda não sabia da gravidade da lesão e quis terminar a etapa na esperança que pudesse continuar em prova. A Wilier Triestina-Selle Italia estava unida para garantir que o seu sprinter Jakub Mareczko subia o Etna dentro do tempo limite. Porém, acabou por rodear um Zardini que nem conseguia apoiar um dos braços no guiador. Cortaram a meta todos juntos, mas o italiano acabou mesmo por se despedir do Giro. Não partiu para a etapa desta sexta-feira. Chegaram com mais de 26 minutos de atraso, com apenas Boy van Poppel (Trek-Segafredo) a cortar a meta mais tarde.

"Esta é uma grande imagem. Toda a equipa ajuda Zardini a atingir a meta com uma clavícula partida. O significado de trabalho de equipa", lê-se no twit partilhado pela equipa. E sim, é uma grande imagem.

Foi uma primeira etapa de montanha atribulada. E este fim-de-semana há mais para enfrentar.



Sem comentários:

Enviar um comentário