22 de março de 2018

"O Contador é alguém que nos pode ajudar a evoluir e é sempre bom ouvir as suas palavras"

Daniel Viegas e João Almeida foram uma dupla temível no escalão de juniores. Juntos somaram conquistas, dominaram corridas e mostraram que se estava perante dois ciclistas de enorme potencial. Em 2017 separaram-se, deixando o Clube de Ciclismo da Bairrada para enfrentar aventuras no estrangeiro. João Almeida foi para a Unieuro Trevigiani-Hemus 1896 e este ano assinou pela a Hagens Berman Axeon. Daniel Viegas mudou-se para a equipa espanhola da Fundação Contador e se já não bastava ter a oportunidade de de quando em vez treinar com um dos ciclistas mais marcantes da modalidade, este ano Alberto Contador criou uma equipa Continental, o que abre novas perspectivas e dá uma enorme motivação a este jovem de 20 anos. Chegar à principal Polartec-Kometa - está nos sub-23 - é um dos objectivos mais imediatos, mas Daniel fala de como quer dar um passo de cada vez: "Há muito trabalho a fazer e muitos anos para conseguir chegar ao topo."

A adaptação a uma nova realidade não foi fácil. Contudo, Daniel Viegas admite que já nota como evoluiu e espera que este ano possa apresentar bons resultados, sempre tendo em vista uma possível oportunidade de ser chamado à estrutura principal. " Os  que estão na equipa de sub-23 têm agora menos responsabilidade porque há uma equipa acima. Eles têm de se apresentar vitórias e nós temos de fazer o nosso trabalho, continuar a evoluir. Se formos bons e tivermos regularidade poderemos subir", explicou ao Volta ao Ciclismo. E é precisamente em melhorar as suas capacidades como ciclista que Daniel Viegas está mais focado: "Noto que estou a melhorar. Estou muito melhor do que no ano passado e espero ter agora bons resultados. As subidas serão sempre um trabalhinho extra que tenho de fazer, mas sou um bom rolador e passo bem algumas subidas. Se foram um pouco mais longas, vou sofrer um bocadinho!"

"Se estiver a andar bem, penso que é possível [ser chamado à equipa Continental]. É uma grande motivação poder para chegar lá e mostrar o que se vale"

Por esta altura em 2017, Daniel passava por alguns momentos complicados, mas realçou que já se sente mais confortável como uma das grandes diferenças que encontrou em Espanha: o ritmo. "No ano passado senti alguma dificuldade. É um ciclismo diferente. Este ano já aguento mais o ritmo e espero ir melhorando. Há menos ataques nas corridas lá. Quando é para andar rápido, é para andar rápido até final", referiu. Como comparação tem o tempo como júnior em Portugal, ao lado de João Almeida: "Em juniores, as corridas eram feitas aos ataques ou eu e o João íamos embora e era o nosso passo. Lá temos de ir ao passo deles. Dá para fazer esses arranques, mas sabemos que vamos pagar a factura no final!"

Feliz na equipa de Contador, Daniel Viegas salientou o companheirismo que existe e que assume grande importância nos resultados que vão sendo alcançados. A nível de estrutura, considera que está a "melhorar de ano para ano". "Nunca tive uma experiência numa equipa portuguesa de elite, mas sei que a minha está sempre a melhorar nas condições que oferecem aos atletas. Há muitas equipas profissionais que não têm o que nós temos em sub-23", disse. E claro, tem um enorme bónus de haver a possibilidade de ter Alberto Contador como colega de treino. "O Contador é alguém que nos pode ajudar a evoluir e é sempre bom ouvir as suas palavras", afirmou Daniel Viegas.

Ao decidir terminar a carreira, Contador anunciou que iria dedicar mais tempo à sua fundação. Além de ciclismo tem também o lado social, com o antigo ciclista a querer ajudar quem, como ele, sofreu um acidente vascular cerebral. Mas a nível desportivo a aposta é grande. Além dos sub-23, onde está Daniel Viegas, há ainda uma equipa de juniores e escolas de ciclismo. Este ano, com a ajuda de outro ciclista de renome, Ivan Basso, o espanhol avançou com o projecto Continental, ainda que seja para manter o centro das atenções em jovens talentos. Ainda esta quinta-feira, a Polartec-Kometa somou a quinta vitória da época, todas por intermédio do italiano Matteo Moschetti, que tem apenas 21 anos.

O plantel não é muito grande na equipa Continental, pelo que na de sub-23 a motivação dificilmente poderia ser maior perante a perspectiva de uma chamada à estrutura principal. "Se estiver a andar bem, penso que é possível [ser chamado]. Eles têm poucos elementos na equipa, portanto há essa oportunidade. É uma grande motivação poder chegar lá e mostrar o que se vale", frisou Daniel Viegas. No entanto, o jovem corredor gostaria também de continuar a representar a selecção nacional. Recentemente, José Poeira levou-o até à Clássica da Arrábida e a ambição de Daniel passa por estar nuns Europeus, no seu escalão e também em algumas corridas de um dia.


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