22 de março de 2018

Froome poderá ser impedido de estar na Volta a França

(Fotografia: filip bossuyt/Wikimedia Commons)
A situação de Chris Froome está a irritar cada vez mais os organizadores das grandes corridas. De nada valem os apelos para uma rápida resolução, com o processo a ameaçar prolongar-se por vários meses, sendo que já passou meio ano desde que o excesso de salbutamol foi detectado durante a Volta a Espanha. Também de nada valem os apelos para que a Sky suspenda o seu ciclista, o próprio Froome opte por ficar de fora das provas até que o caso esteja terminado. Porém, enquanto de Itália se vai lamentando o ter as mãos atadas para impedir que o britânico esteja no Giro, já em França poder-se-á recorrer a uma alínea nos regulamentos da ASO, empresa responsável pela organização do Tour, para bloquear a presença de Froome na corrida.

A notícia foi avançada pela Press Association Sport e, sem surpresa, está a ter uma enorme repercussão. A ASO acredita que poderá impedir a inscrição de Chris Froome, pois mesmo que a Sky tente responder legalmente, não conseguirá evitar que o britânico fique sem a possibilidade de tentar alcançar uma quinta vitória na Volta a França em 2018. Segundo é explicado, em causa estará uma maior liberdade da ASO - comparativamente com a RCS Sport, organizadora do Giro - em controlar certos aspectos, como por exemplo, a salvaguarda da imagem da corrida. É precisamente a este ponto que a ASO estará a pensar recorrer.

No regulamento da Volta a França está então previsto que poderá ser recusada a participação ou então desqualificar uma equipa ou um dos seus elementos, se em causa estiver danos à imagem ou reputação da ASO, ou de quem pertença ao evento. A Sky poderá recorrer da decisão, mas não ao Tribunal Arbitral do Desporto, pois, segundo o Cycling News, na situação do Tour, o caso irá para um organismo idêntico, mas em França. Mesmo que a equipa tente recorrer aos tribunais civis, é escrito que a ASO acredita que pode vencer a disputa.

O site recorda que a empresa tentou fazer o mesmo com Tom Boonen em 2009, quando o belga deu positivo por cocaína, mas foi obrigada a recuar nas suas intenções. Dois anos depois não colocou qualquer problema à participação de Alberto Contador, quando o espanhol esperava pela resolução do caso de clembuterol. O ciclista acabaria por ser suspenso por dois anos, ou seja, os seus resultados desde o Tour 2010, nas corridas em que entretanto esteve presente, foram anulados.

Mauro Vegni, director do Giro, recorda-se bem desse caso de Contador, pois o espanhol ganhou a prova italiana em 2011 e, mais tarde, Michele Scarponi acabou por ficar com a honra. O responsável já admitiu que não quer ver repetir-se essa situação, mas poderá correr mesmo esse risco. Froome vai ao Giro, nada o impede e o presidente da UCI, David Lappartient, admitiu há poucos dias que será muito difícil que o caso do britânico esteja resolvido antes de 4 de Maio. Salientou ainda que se Froome estiver no Tour, em Julho, sem o processo estar concluído, tal seria "um desastre para a imagem do ciclismo".

As regras prevêem que positivos de salbutamol que excedam o limite legal, não resultem numa imediata suspensão. Froome acusou o dobro do permitido e incorre numa sanção que pode ir até aos dois anos fora do ciclismo. A substância é utilizada por asmáticos. Organizadores, David Lappartient, alguns ciclistas, Movimento por um Ciclismo Credível, todos têm apelado a Froome para não competir até estar concluído o caso. Porém, depois de participar na Ruta del Sol e no Tirreno-Adriatico, foi anunciado que o britânico estará na Volta aos Alpes (de 16 a 20 de Abril), continuando a pensar na sua preparação para o Giro.

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