10 de março de 2018

Clássica da Arrábida mais curta, mas com potencial para ser uma das melhores corridas do ano

Logo na primeira edição não restaram grandes dúvidas que se estava perante uma das corridas com um dos cenários mais bonitos do país e com um percurso com tudo para tornar a Clássica da Arrábida mais uma prova de referência, a começar pelo calendário nacional, mas a olhar já mais além fronteiras. A classificação 1.2 dá-lhe estatuto internacional e não é segredo que o desejo é no futuro contar com equipas do World Tour. Porém, esta clássica está a dar os primeiros passos de consolidação e neste domingo o espectáculo promete: quatro contagens de montanha, mas o que é a imagem desta corrida são os sectores de terra batida, o famoso sterrato, que serão três.

O percurso sofreu algumas alterações comparativamente com a primeira edição, a começar logo pelos locais de partida e chegada. Sesimbra será o palco do início da prova (12:00, na Avenida da Liberdade), com Setúbal a receber desta feita a chegada (Avenida José Mourinho, com a previsão a apontar para as 15:45). Ao todo estavam inicialmente previstos 169,6 quilómetros, mas por razões de segurança a prova foi encurtada para 145,4.

A principal acção fica guardada mais para perto da segunda metade da corrida. O primeiro sector estará na Estrada de Lagameças, ao quilómetro 59,1, com uma extensão de 1500 metros. Segue-se o troço de Cajados, ao quilómetro 63,8, (1700 metros). Pouco depois, aos 67,5 quilómetros, no Golfe do Montado, haverá mais 1400 metros de sterrato. Estava previsto o derradeiro sector ser na Estrada da Cobra, mas por razões de segurança a organização alterou essa zona do percurso. Passará então pela Estrada do Vale dos Barris. De salientar que devido ao mau tempo dos últimos dias, estes troços foram todos alvos de intervenção para garantir a segurança dos ciclistas.

O pelotão seguirá em direcção a Palmela para a subida de segunda categoria, antes de ir para a Serra da Arrábida. Seguem-se três terceiras categorias: Alto das Necessidades (aos 108,8 quilómetros), Picheleiros (117,1) e Arrábida (130,8). A última estará a menos de 15 quilómetros da meta.

Esta é uma daquelas corridas que se gosta de apelidar de rompe pernas. Uma chegada ao sprint é improvável, mas ao contrário do que aconteceu em 2017 - com a chegada em Palmela -, também não significa que seja mais para os trepadores. Amaro Antunes (então na W52-FC Porto) venceu, com Sérgio Paulinho (Efapel) a ficar em segundo. O norueguês Andreas Vangstad (Team Sparebanken Sor) fechou o pódio. No top dez ficaram ciclistas como Vicente Garcia de Mateos, Joni Brandão e Frederico Figueiredo.

Os ciclistas da casa

Será interessante seguir Rafael Reis e Ruben Guerreiro. São dois ciclistas que conhecem as estradas da zona da Arrábida como poucos, pois afinal são daquela zona. O primeiro estará com a Caja Rural - tendo ao seu lado Joaquim Silva e atenção a este ciclista -, enquanto o campeão nacional - e que recentemente terminou em segundo na etapa do Malhão na Volta ao Algarve - será um dos elementos da selecção nacional, juntamente com José Mendes, Ricardo Vilela e o jovem Daniel Viegas.

Com a segunda categoria a ser a primeira das subidas, poderá haver tempo para algumas recuperações caso alguém perca pouco tempo, mas esta é uma corrida que tem potencial para ser muito atacada e será muito difícil alguma equipa tentar controlar. Domingos Gonçalves venceu na semana passada a Clássica da Primavera e é um forte candidato a dar mais uma vitória à Rádio Popular-Boavista. Dependendo do seu momento de forma, esta é uma corrida que também assenta bem a Frederico Figueiredo (Sporting-Tavira), mas a verdade é que esta é uma competição muita aberta, com muitas variáveis. Uma delas será a meteorologia. Vento, chuva... Vai ser um teste à resistência física e mental dos ciclistas.

Além das nove equipas Continentais portuguesas, estarão ainda as de clube ACDC Trofa-Trofense, FGP-Cube-Bombarral, Fortunna-Maia, Jorbi-Team José Maria Nicolau e a Sicasal-Constantinos-Delta Cafés. De Espanha vem a amadora Alumínios Cortizo-Anova, mas o destaque vão para as Profissionais Continentais Caja Rural e Euskadi Basque Country-Murias. Da Rússia virá a Lokosphinx e do Reino Unido estará a equipa de Bradley Wiggins, a Team Wiggins. Ambas pertencem ao escalão Continental.

Troféu em disputa

A Clássica da Arrábida é a segunda corrida do Troféu Liberty Seguros, que ficará encerrado no final do mês na Clássica Aldeias do Xisto (25 de Março). Tiago Machado é o líder depois de vencer a Prova de Abertura Região de Aveiro, pela selecção nacional, mas não estará presente, tal como o primeiro da juventude, Rui Oliveira, que também vestiu as cores de Portugal na primeira corrida.

Por isso, acrescenta-se mais dois nomes de ciclistas a seguir este domingo. João Matias (segundo na Torreira atrás de Machado) tem estado muito bem no início de temporada, tanto na estrada como na pista. E já se sabe que não sendo um trepador, não se deixa intimidar, como deixou bem claro quando ando de camisola azul na montanha na Volta a Portugal, que só perdeu na etapa da Serra da Estrela. Ao corredor da Vito-Feirense-BlackJack, junta-se Luís Mendonça, terceiro na primeira prova. Pode ser um sprinter, mas o ciclista da Aviludo-Louletano-Uli está numa grande forma e a subir muito bem. Recuando à Volta ao Algarve, na Fóia perdeu apenas um minuto para o vencedor Michal Kwiatkowski e no Malhão 2:22 minutos.

Podem querer equiparar à Strade Bianche devido ao sterrato - com as devidas diferenças, naturalmente -, mas a Clássica da Arrábida demonstrou que tem a sua própria personalidade e só se pode esperar que encontre as condições necessárias para crescer. É uma pena que não tenha transmissão televisiva, pelo que é mais uma razão para ver in loco.

Em baixo fica a lista de inscritos (clique em cima da imagem para ampliar).



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