14 de fevereiro de 2018

Dylan Groenewegen, mais um holandês que quer conquistar o mundo

Groenewegen (à direita) bateu Démare no sprint em Lagos
(Fotografia: João Fonseca/Federação Portuguesa de Ciclismo)
Sprint, contra-relógio, vencedor de uma grande volta... A Holanda ameaça entrar numa era de ouro para o seu ciclismo. Nos últimos dois anos confirmou-se o aparecimento de novos talentos que demonstram que não vão apenas estar na luta. Chegaram para ganhar. Tom Dumoulin é o mais recente ídolo ao conquistar o Giro no ano passado, mas no que diz respeito aos sprints é Dylan Groenewegen quem quer afirmar-se como um dos melhores. Já lhe é dado esse respeito, principalmente depois de ter vencido nos Campos Elísios, no Tour de 2017. Agora, aos 24 anos, chegou a altura de demonstrar que veio para ficar e para ocupar um lugar de destaque.

A Lotto-Jumbo aposta forte neste ciclista, como comprova o contrato que só termina em 2020. Groenewegen já não vai às corridas na esperança de se intrometer nos sprints e até em personalidade já tem uns tiques de quem quer ganhar tudo e sente bem a frustração quando não consegue. Exemplo disso foi o que aconteceu na Volta ao Dubai. O holandês tinha vencido uma etapa, era líder, mas um furo fê-lo perder tempo. Para recuperar aproveitou a ajuda de um carro, mas os comissários consideraram que exagerou. Groenewegen concordou, mas virou-se contra os seus mecânicos. O ciclista não escondeu a frustração por ver ser desperdiçada a oportunidade de ganhar a volta dos sprinters. A atitude não foi das mais bonitas, mas fica bem claro que o holandês tem plena noção daquilo que pode alcançar. E pode ser muito.

Na Volta ao Algarve tudo parece mais calmo com os mecânicos! Groenewegen regressa ao papel de ganhar etapas e logo na primeira, bateu Arnaud Démare (FDJ). De imediato fez o sinal para as duas vitórias que passa a somar em 2018. O holandês é um sprinter de enorme potência. O seu poder de explosão faz, por vezes, recordar Marcel Kittel ou Fernando Gaviria, que podem ir rápido, mas ainda são capazes de uma última aceleração, aquela que muitas vezes deixa os adversários a vê-los pelas costas. Ainda falta para Groenewegen chegar ao nível do alemão ou do colombiano, este último um daqueles ciclistas únicos que aos 23 anos já está no topo. Ainda falta, mas não muito.

Para Groenewegen lá chegar, são precisas grandes vitórias para juntar à dos Campos Elísios. Mentalidade de vencedor já tem. Consistência nos resultados também. Com ou sem comboio (e muitas vezes é mesmo sem), tem uma excelente capacidade de colocação e, como foi escrito antes, de explosão. Não há dúvidas que o holandês quer fazer de 2018 o ano da sua confirmação e não apenas nos sprints. Tal como Gaviria (Quick-Step Floors), vai apostar forte nas clássicas e atenção às corridas do pavé. Fisicamente, Groenewegen parece ter nascido para elas e tem sido testado, sem pressão, nas últimas duas temporadas. Agora chegou certamente o momento de se chegar à frente. E também certo parece que se irá falar ainda muito deste ciclista, a começar na Volta ao Algarve, pois é desde já um forte candidato à vitória na quarta etapa (sábado), na chegada a Tavira.

Portugueses na fuga, um é líder da montanha e mais um holandês no pódio

Nuno Almeida (LA Alumínios), David Livramento (Sporting-Tavira), Luís Afonso (Vito-Feirense-BlackJack), João Rodrigues (W52-FC Porto) estiveram acompanhados pelo espanhol da Caja Rural, Josu Zabala, naquela que foi a fuga do dia. O ciclista da W52-FC Porto aproveitou bem a oportunidade para se mostrar nas estradas que conhece. No final subiu ao pódio e era bem audível o entusiasmo no público, afinal Rodrigues (na foto ao lado) é algarvio e lidera a classificação da montanha.

A etapa acabou por ter a toada esperada, com o pelotão a controlar e a apanhar a fuga. José Gonçalves ainda tentou surpreender juntamente com Tom Devriendt (Wanty-Groupe Gobert), mas também sem sucesso. E enquanto Gonçalves estava na frente, o colega português da Katusha-Alpecin, Tiago Machado, ficou envolvido numa queda. O vencedor da Prova de Abertura Região de Aveiro ainda foi assistido pelo médico, mas conseguiu terminar a etapa, a 7:40 minutos do vencedor.

Apesar do aparato, Machado não perdeu a boa disposição, como se pode ler na mensagem no Facebook: "Custou-me seguir em prova, pois bati com alguma violência na estrada com a minha cabeça e sentia-me bem atordoado! Mas lá consegui chegar ao fim com toda a pompa e circunstância escoltado pela polícia, médico da prova, carro de apoio da Katusha-Alpecin e claro está o carro vassoura... "

Rodrigues partirá para a segunda etapa com a camisola azul da montanha, enquanto Groenewegen tem a amarela da liderança e a vermelha dos pontos. A branca ficou para outro talentoso holandês. Sam Oomen, da Sunweb, é o líder da juventude. Pode confirmar neste link todas as classificações da etapa que ligou Albufeira a Lagos (192,6 quilómetros). De salientar que Luís Mendonça (Aviludo-Louletano-Uli) foi o melhor português em Lagos, tal como aconteceu em 2017.

Esta quinta-feira espera pelos ciclistas o Alto da Fóia, a única chegada de primeira categoria da Volta ao Algarve (o Malhão é de segunda). Desta feita o ponto mais alto do Algarve será alcançado pela subida mais longa, com 15,2 quilómetros e 5% de pendente média. A fase mais exigente será a cerca de sete quilómetros do fim, com a inclinação a chegar a atingir os 10%.


A partida será em Sagres às 12:10, com 187,9 quilómetros para começar a definir a classificação geral. Daniel Martin (UAE Team Emirates) venceu na Fóia em 2017 e terá a concorrência de Bob Jungels (Quick-Step Floors), Richie Porte e Tejay van Garderen (BMC), Louis Meintjes (Dimension Data), Michal Kwiatkowski e Geraint Thomas (Sky), José Herrada (Cofidis)... Em baixo fica o mapa por onde irá passar o pelotão.



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