25 de janeiro de 2018

208 dias depois, eis Valverde!

(Fotografia: Movistar Team)
Há momentos em que não é preciso ganhar para se festejar. 208 dias depois, Alejandro Valverde voltou a colocar um dorsal. O espanhol viveu dias de dor, de incerteza, de receio por uma carreira que tão rapidamente parecia ainda estar longe de terminar, como uma queda ameaçava agora o pior. O incidente na Volta a França, a 1 de Julho, lançou todo o tipo de dúvidas, menos uma: que Valverde não ia desistir sem dar luta. Não demorou muito para o espanhol afastar a hipótese da carreira ter terminar. Demorou um pouco mais para voltar a pedalar, mas fê-lo mais cedo do que esperado. Até se falou que poderia ainda regressar em 2017. Foi prudente, recuperou a 100% das lesões e apurou a forma, mas para 2018. 208 dias depois, eis Valverde. O "Bala" está de volta.

Mesmo com toda a experiência que tem, mesmo tendo 37 anos, Valverde não escondeu que se sentia "um pouco nervoso" antes do arranque do Trofeo Campos–Ses Salines, a primeira corrida do Challenge de Maiorca. Talvez tenha jogado pelo seguro, muito provavelmente fez desta prova um teste à sua condição, antes de começar a pensar em lutar pelas vitórias. Entrou no segundo grupo, a oito segundos dos que disputaram o sprint, ganho por John Degenkolb (Trek-Segafredo).

Para o espanhol, o 40º lugar tem um sabor especial, principalmente quando se recua ao contra-relógio de Dusseldorf, naquela primeira etapa da Volta a França, e se recorda como ficou a perna do ciclista. Valverde chegou ao Tour numa forma fenomenal. Somava 11 vitórias, incluindo duas nas corridas que mais gosta, a Flèche Wallonne e a Liège-Bastogne-Liège. Naquele 1 de Julho, a chuva marcava o arranque do Tour. Valverde caiu numa curva e embateu com violência nas barreiras. "Nesse mesmo dia, no hospital, pensei que tinha acabado ali a minha carreira desportiva porque, ao olhar, não sabia o que era o joelho. Estava completamente partido", confessou em declarações ao Ciclo21, feitas antes do regresso à competição.

Contou que apesar das dúvidas o atormentarem durante algum tempo, percebeu que com fisioterapia e muito, muito trabalho, seria possível regressar ao ciclismo. Agora falta responder à dúvida se irá recuperar a melhor forma e ser novamente o temível Valverde que não se deixa vencer pela idade. Pelo contrário, a julgar por 2017, ainda tinha muitas e boas vitórias à sua espera.

"Estou um pouco nervoso. Não tanto pelo meu regresso - e sim, reconheço que tenho ganas e que há alguma incerteza -, mas sim porque estive bem nos treinos, tive boas sensações, contudo, a competição é outra coisa. São arranques, mudanças de ritmo, velocidades... Tenho ganas de começar e ver como responde o meu joelho e, por isso, estou nervoso", explicou Valverde. O espanhol confessou que tem muitas ilusões para a nova temporada depois de viver o que não hesita em considerar o pior momento da sua carreira.

Alejandro Valverde terminou os seus primeiros 177,7 quilómetros competitivos neste tão desejado regresso. A primeira fase da temporada vai ser passada quase exclusivamente em Espanha. Depois do Challenge de Maiorca segue para a Volta à Comunidade Valenciana e para a corrida em casa, na Volta à Múrcia. Entre a Ruta del Sol e a Volta à Catalunha viajará a Abu Dhabi. Apesar de Valverde querer manter-se longe da disputa pelo estatuto de número um nas grandes voltas entre Mikel Landa e Nairo Quintana - até disse que gostaria de estar no Giro e na Vuelta, deixando o Tour para os companheiros -, a Movistar está mesmo com ideias de jogar o trio na Volta a França.

Porém, antes das provas de três semanas, se o joelho reagir como deseja, Valverde certamente que quererá continuar o seu domínio na semana das Ardenas e procurar dois feitos: ganhar as três corridas num ano, acrescentando assim a Amstel Gold Race que lhe falta, e igualar Eddy Merckx com cinco triunfos no monumento Liège-Bastogne-Liège. Uma vitória em qualquer uma das três corridas e também empatará em triunfos nas Ardenas com o belga, mesmo faltando-lhe uma. Merckx ganhou duas Amstel Gold Race, três Flèche Wallonne e cinco Liège-Bastogne-Liège.

Até Abril haverá muito para ver e analisar e Valverde está concentrado no presente. E não esconde que tem razões para sorrir, como fica claro pelo que escreveu no Twitter quando mostrou o dorsal número 1 que iria utilizar esta quinta-feira: "Estamos de volta."

Quanto à primeira corrida do Challenge de Maiorca, John Degenkolb, da Trek-Segafredo, regressou aos triunfos quase um ano depois do último, na terceira etapa da Volta ao Dubai, a 2 de Fevereiro. O alemão tenta assim recuperar a sua melhor versão, depois de uma época de estreia na equipa americana muito aquém do esperado. Degenkolb demonstrou também que está completamente recuperado de uma pneumonia. De recordar que o vencedor de dois monumentos em 2015 vai estar novamente na Volta ao Algarve.

Só um português participou no Trofeo Campos–Ses Salines. Rafael Reis começou a temporada na Caja Rural com um 112º lugar, a 3:16 minutos do vencedor. Pode ver aqui os resultados completos. Esta sexta-feira realiza-se o Trofeo Serra de Tramuntana, 140,1 quilómetros entre Serra de Tramuntana e Deia.

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