30 de dezembro de 2017

2017 marcou o final de carreira de algumas grandes figuras do ciclismo

(Fotografia: Twitter Alberto Contador)
Esta temporada foi a última para alguns ciclistas que marcaram o pelotão na última década (ou mais) no ciclismo. O destino quis que dois dos mais idolatrados decidem-se que tinha chegado o momento em 2017. Primeiro foi Tom Boonen, que escolheu o "seu" Paris-Roubaix para última corrida. Meses depois Alberto Contador considerou que a Vuelta seria o palco ideal para dar as últimas pedaladas. Sem as vitórias do belga e do espanhol, Thomas Voeckler também deixou a sua marca. Por cá, o ciclismo nacional despediu-se de Rui Sousa, uma referência da modalidade que desta vez não adiou mais o abandono, mas antes teve um derradeiro grande momento na Volta a Portugal.

Aqui ficam alguns dos abandonos que marcam 2017.

Alberto Contador, 35 anos
Apostou a época na Volta a França e a Trek-Segafredo deu-lhe essa liberdade. No entanto, Alberto Contador não conseguiu ser uma ameaça a Chris Froome e à concorrência mais forte. O espanhol percebeu que o seu melhor já tinha passado e anunciou que a Vuelta seria a última corrida. Sonhava com um final perfeito, mas logo na primeira etapa de montanha, Contador ficou praticamente fora das contas. Foi recuperando, mas se tudo o que correu mal levou até àquela subida no Angliru, então valeu a pena a espera por um último disparo de El Pistolero. Uma última grande exibição! E foi mesmo! Seguiu-se aquela volta de glória em Madrid antes do pelotão discutir a etapa. Ponto final na carreira de um dos melhores da história do ciclismo. Dois Tours e dois Giros, três Vueltas, sete Voltas ao País Basco, dois Paris-Nice... 68 vitórias no total e muito espectáculo.

Mas Espanha viu ainda mais ciclistas abandonarem o ciclismo: Ángel Vicioso (40) e Alberto Losada (35), ambos da Katusha-Alpecin, Haimar Zubeldia (40) e um dos fiéis escudeiros de Contador, Jesús Hernández (36), da Trek-Segafredo. É altura da nova geração espanhola se mostrar.

Tom Boonen, 37 anos
Um dos reis das clássicas. Há um ano foi Fabian Cancellara, agora o ciclismo ficou sem o outro grande animador das corridas de um dia dos últimos anos. Boonen já estava algo afastado das grandes exibições, mas apareceu em 2017 convicto que poderia ter uma despedida em grande. Estava marcada logo para Abril, no Paris-Roubaix. Queria sair com uma quinta conquista, algo que o tornaria no primeiro a alcançar esse número. Não houve final de conto de fadas, mas o seu nome foi ecoado antes e depois por muitos adeptos. Boonen é um ícone que será recordado pelos incríveis números e exibições. 119 vitórias e além dos quatros monumentos em França, tem ainda mais três na Volta a Flandres, seis etapas no Tour e o título mundial, em 2005.

Thomas Voeckler, 38 anos
Não será recordado pelas grandes vitórias como Contador e Boonen, mas aquele estilo inconfundível do francês não será esquecido. Um lutador nato, aquela língua de fora não enganava quem estava ali. Aquela Volta a França em 2011 foi um dos seus grandes momentos. Foram 10 dias de amarelo e praticamente em todos se dizia que iria perdê-la. De facto acabou por ficar sem ela, mas foi incrível como enfrentou tudo e todos, quebrando as expectativas. Faltou-lhe um pódio para talvez consagrar a sua carreira, mas entre as 40 vitórias, quatro são de etapas no Tour, corrida que escolheu para este ano se despedir.

Andrew Talansky, 29 anos
Quando parecia que o americano estava a recuperar alguma confiança para tentar ainda confirmar um pouco do que tanto se esperava dele, Talansky provocou uma enorme surpresa ao anunciar que colocava um ponto final numa carreira que tanto prometeu, mas que nunca se confirmou. Talansky sentiu que estava na altura de procurar novos desafios e encontrou-os no triatlo, modalidade na qual já ganha. As sete vitórias, destacando-se o Critérium du Dauphiné, em 2014, sabem a pouco.

Tyler Farrar, 33 anos
Mais um ciclista que ficou um pouco aquém das expectativas. No início da década, Farrar prometeu muito com vitórias no Giro (duas), na Vuelta (três) e no Tour (uma). Porém, foi-se eclipsando e apesar da mudança para a então MTN-Qhubeka, actual Dimension Data, não conseguiu encontrar a sua melhor forma, para fazer frente aos principais sprinters. A equipa sul-africana confiava no americano, que soube sempre ser um ciclista que pensava no colectivo e não apenas no sucesso pessoal.

Jurgen van der Broeck, 34 anos
Quando se fala de ciclistas que não concretizaram todo o seu potencial, o que será o que os belgas dirão de Van der Broeck? Fez praticamente toda a sua carreira na estrutura da Lotto e ano após ano foi considerado um candidato a algo mais que um top dez numa grande volta. Mas nunca foi além disso, de um candidato e de um ciclista de top dez, que alcançou no Giro, Tour e Vuelta. Só tem duas vitórias: um título nacional de contra-relógio e uma etapa do Critérium du Dauphiné. Esteve um ano na Katusha-Alpecin e outro na Lotto-Jumbo, mas já praticamente ninguém se lembrava que estava sequer em prova, tão discretas foram as performances. Qualidades de trepador e voltista tinha, mas nunca conseguiu estar ao nível das principais figuras. Faltou-lhe equipa em alguns momentos, mas também pareceu faltar... aquele clique.

Adriano Malori, 29 anos
Teve uma recuperação considerada milagrosa depois de uma queda na Argentina que o deixou em coma. Porém, o italiano não mais conseguiu encontrar o ritmo necessário para estar ao mais alto nível no pelotão. Nas poucas provas em que participou, inclusivamente na Volta ao Alentejo, não as terminou e percebeu que a sua carreira tinha chegado ao fim. Anunciou durante a Volta a França, com a Movistar a perder um excelente homem de trabalho, com capacidade para também ele tentar algumas vitórias, sendo ainda um dos melhores contra-relogistas da actualidade.

Christophe Riblon, 36 anos
Foi toda uma carreira na AG2R. Tanto foi um fiel homem de trabalho, como soube mostrar-se quando lhe foi dada alguma liberdade. Ganhou duas etapas no Tour, o que para um francês ser mais especial, só se estiver no pódio nos Campos Elísios. Porém, o ciclismo tem destas coisas. Uma carreira dedicada a uma equipa que não lhe renovou agora o contrato. Riblon não estava a pensar em retirar-se, mas não conseguiu lugar noutra equipa e optou pelo adeus.

Rui Sousa, 41 anos
Foram mais de 20 anos no pelotão nacional. Rui Sousa tornou-se numa das vozes mais importantes do ciclismo nacional e num ciclista admirado por muitos. A sua forma de correr, sempre com garra, sempre com vontade de dar espectáculo e de procurar vitórias transformaram Rui Sousa num dos ciclistas com mais adeptos. Esteve para retirar-se em 2016, mas cedeu aos pedidos dos fãs e da equipa, Rádio Popular-Boavista, para competir mais um ano. Estava decidido que 2017 seria mesmo o último e se lutar pela Volta a Portugal cedo terminou, Fafe foi o palco de um último espectáculo bem ao seu estilo. Cortou a meta isolado, aplaudido por todos. O adeus merecido. Pódios e top dez tornaram-se normais, mas faltou-lhe a vitória na geral. De recordar que fez a Volta a Espanha em 2002, terminando na 16ª posição.

Mais algumas despedidas: Paolo Tiralongo (Astana), Manuel Quinziato e Martin Elmiger (BMC), Martin Velits (Quick-Step Floors), Twan Castelijns (Lotto-Jumbo), Cédric Pineau (FDJ), Ondrej Cink (Bahrain-Merida), Albert Timmer (Team Sunweb) e Lars Peter Nordhaug (Aqua Blue Sport).

»»Houve mesmo um último disparo. Gracias Contador««

»»A promessa nunca confirmada que acaba a carreira aos 28 anos««

Sem comentários:

Enviar um comentário