27 de novembro de 2017

Bons ciclistas a ficarem cada vez melhor, mas falta mais equipa à Lotto-Jumbo

Parte do sucesso da época da Lotto-Jumbo passou pela Volta ao Algarve
A Lotto-Jumbo precisa de um Steven Kruijswijk ao nível do Giro de 2016, precisa de um Robert Gesink que se deixe de inseguranças e coloque na estrada o talento que se sabe que tem, mas os anos vão passando e o holandês ameaça ser um ciclista que passou ao lado de uma grande carreira. Mas se nenhum dos dois se apresentar como o líder que a equipa quer e precisa para as grandes voltas, então abram alas a George Bennett, um neozelandês que este ano confirmou que pode e deve ser aposta. Podem também abrir mais as portas a Primoz Roglic. Este esloveno melhora de ano para ano. A Lotto-Jumbo pode não ter o mediatismo de outras equipas, até pode estar muito em baixo no ranking, mas mantendo alguns dos ciclistas que tem, muitos e bons resultados podem estar a chegar. Porém, precisa de mais equipa, mais apoio para aqueles que estão em condições de lutar por grandes vitórias.

Estamos a falar de uma formação que normalmente consegue que um ou dois ciclistas seja colocado como candidato ou, pelo menos, outsider numa clássica, num sprint, ou a um top dez. Foi uma equipa que ganhou o ano inteiro e 10 das 26 vitórias foram em provas do World Tour. Venceu duas etapas no Tour, incluindo nos Campos Elísios, que para um sprinter é como ganhar a Volta a França. Dylan Groenewegen demonstrou que está pronto para se debater com os grandes nomes com frequência. Jos van Emden também ganhou a última etapa, mas no Giro. Estamos a falar de um dia em que o vencedor da geral é quem mais atenção recebe, mas é uma subida ao pódio num momento de grande aparato mediático. O patrocinador fica sempre muito feliz. Nos Campos Elísios então, fica extasiado.

Quando se fala de atenção mediática, Victor Campenaerts foi o campeão, pois pedir a uma rapariga para sair com ele durante um contra-relógio do Giro mereceu bastante destaque... e uma multa da organização. A equipa também não gostou, mas os fãs adoraram nas redes sociais. Um momento de descontracção, numa temporada muito séria da Lotto-Jumbo.


Ranking: 16º (4846 pontos)
Vitórias: 26 (incluindo uma etapa no Giro, duas no Tour e a geral da Volta ao Algarve)
Ciclista com mais triunfos: Dylan Groenewegen (8)

A formação holandesa tem bons ciclistas, como os referidos e pode-se acrescentar mais alguns como Lars Boom, que regressou à estrutura depois de dois anos na Astana, e Juan José Lobato. O problema da Lotto-Jumbo é apresentar um conjunto forte que não deixe as suas figuras demasiado isoladas quando o apoio é essencial. Aquela exibição de Kruijswijk na Volta a Itália de 2016 - estragada pela queda que muito provavelmente lhe tirou uma vitória mais do que merecida - poderia e deveria ter servido de mote para fortalecer a formação. No entanto, foi mantida uma táctica de esperança que o holandês pudesse repetir a exibição individual e ter um pouco mais de sorte. Nem no Giro, nem noutra corrida. Não aconteceu. Kruijswijk é para já um ciclista que teve uma oportunidade de ouro que não agarrou e vai caindo na lista de candidatos e mesmo de outsiders. O nono lugar na Vuelta é animador, mas ficou a mais de 11 minutos de Chris Froome.

George Bennett poderá "roubar" o estatuto de líder. Surpreendeu (um pouco) com uma vitória na Volta à Califórnia, apareceu bem no Tour, onde entusiasmou (e muito), mas acabou por abandonar. Já na Vuelta apareceu longe da forma ideal. O 10º lugar na Volta a Espanha do ano passado e as exibições em 2017 começam a dar a indicação que a Lotto-Jumbo tem um ciclista para discutir mais do que o top dez. Mas precisa de ter uma equipa mais forte em seu redor. Os bons resultados da Lotto-Jumbo podem tornar-se em grandes resultados se houver esta aposta, que não passando por contratações, pode passar pela mudança de mentalidade em alguns dos ciclistas de trabalho.

Há que recordar que esta estrutura é a sobrevivente da famosa Rabobank, que ao retirar o o seu nome, criou dificuldades aos responsáveis em aguentar os melhores ciclistas. Surgiu a Belkin, mas foi com como Lotto-Jumbo que regressou a total estabilidade e aos poucos esse trabalho começa a dar os seus frutos. Os jovens ciclistas estão a tornar-se corredores maduros e de qualidade comprovada. A época não foi explosiva, mas foram dados passos importantes para 2018. Mas novamente: é necessário ganhar consistência colectiva.

Primoz Roglic foi dos mais ganhadores. Venceu na Volta a França, em Serre-Chevalier, juntando assim mais uma etapa numa grande volta, depois do contra-relógio no Giro de 2016. Foram seis vitórias esta temporada e claro que se tem de destacar a conquista da Volta ao Algarve. Foi ainda medalha de prata no contra-relógio dos Mundiais de Bergen. Está feito um especialista em corridas de uma semana. Aos 28 anos quer mostrar-se também nas de três. George Bennett tem 27. Uma dupla que pode ser de sucesso.

Para 2018 a Lotto-Jumbo mantém a maior parte dos ciclistas, apostando em reforçar-se com três jovens. Danny van Poppel (24 anos) deixa a Sky para procurar outro protagonismo numa equipa que aposta mais em ciclistas com as suas características. Os americanos Neilson Powless (21, Axeon Hagens Berman) e Sepp Kuss (23, Rally Cycling) são mais duas apostas para o futuro, mas não próximo.

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