23 de novembro de 2017

Aposta forte nos reforços mas a época soube a pouco

O arranque da parceria com o Sporting não foi o mais desejado por parte do Tavira, equipa de enorme tradição no ciclismo nacional. O acordo chegou tarde em 2015, o que significou que já não houve grande margem de manobra nas contratações para 2016. Porém, o panorama foi bem diferente no final do ano passado e Vidal Fitas pôde construir uma equipa bem mais forte. Manteve Rinaldo Nocentini e foi buscar Joni Brandão, um dos principais ciclistas portugueses, que com a Efapel lutou por uma Volta a Portugal. Reforçou ainda mais a equipa com Alejandro Marque, experiente espanhol que já conquistou a principal corrida e que assim regressou a uma casa que bem conhecia. Frederico Figueiredo disse sim ao projecto algarvio, deixando a Rádio Popular-Boavista e Fábio Silvestre aproveitou para competir de novo em Portugal, depois de cinco anos no estrangeiro, dois no World Tour.

Não havia dúvidas o Sporting-Tavira queria rivalizar com a W52-FC Porto e apostar muito forte na Volta a Portugal. O Tavira não a ganha desde 2011, então fê-lo com Ricardo Mestre, agora a representar os rivais. Já o Sporting é preciso recuar a 1985 e 86, quando Marco Chagas venceu as duas edições ao serviço dos leões.

Joni Brandão surgiu como a grande figura, com Alejandro Marque a espreitar a primeira oportunidade que tivesse para liderar. Rinaldo Nocentini até parecia que estaria num terceiro plano. Porém, o italiano teve um grande arranque de temporada. À beira dos 40 anos, entretanto já feitos, Nocentini fechou nono na Volta ao Algarve, venceu uma etapa e foi segundo na geral na Volta ao Alentejo e foi novamente segundo na Clássica da Arrábida. Velho? Nocentini demonstrou que depois de um ano de adaptação a uma nova realidade depois de tanto tempo ao mais alto nível, estava preparado para discutir corridas em Portugal.


Ranking nacional: 2º (2009 pontos)
Vitórias: 6 (incluindo uma etapa na Volta ao Alentejo)
Ciclista com mais triunfos: Vitórias alcançadas por seis corredores diferentes

Marque fez uma temporada mais discreta com o claro objectivo de aparecer bem na Volta a Portugal. Frederico Figueiredo é a consistência em pessoa. Terminar no top dez é algo natural, ficando-lhe a faltar uma vitória. Como homem de trabalho não há dúvidas que está entre os melhores. Já Fábio Silvestre teve um regresso menos feliz. Lutou nos sprints - na prova de Abertura perdeu para o sub-23 Francisco Campos (Miranda-Mortágua) -, ganhou uma etapa no Grande Prémio Abimota, mas soube a pouco para um ciclista com o seu passado e qualidade. Silvestre não se reencontrou com a melhor forma, apesar de não esconder de se sentir extremamente motivado depois de um ano difícil na Leopard.

O Sporting-Tavira parecia a caminho de uma boa temporada, mas acabou por ficar aquém do potencial que a equipa demonstrava. Uma das desilusões para Vidal Fitas foi ver a sua grande contratação ficar de fora da Volta a Portugal devido a um problema de saúde. Joni Brandão começou a sentir que algo estava mal semanas antes e a verdade é que os resultados não apareciam. Só em Fevereiro é que se voltará a ver o ciclista, num ano que acabou por ser perdido. Certamente que aparecerá com mais vontade do que nunca em 2018. Na Volta a Portugal Frederico Figueiredo foi perseguido pelas quedas e não houve outra solução se não abandonar. Marque quebrou a meio da corrida e foi Nocentini quem de facto teve uma exibição muito acima do esperado.

O italiano ambicionou chegar ao pódio (talvez até mais). Contudo, aquela etapa da Serra da Estrela contou uma história para quase todas as equipas nacionais. Para o Sporting-Tavira contou que o entendimento entre Nocentini e Marque esteve longe de ser o melhor. Quarto e quinto classificado no final em Viseu. Não foi mau, mas dificilmente servirá de consolação para quem tinha um conjunto com grande responsabilidade e qualidade e que acabou por sair sem pódio e sem uma vitória de etapa.

Além dos triunfos referidos, o Sporting-Tavira venceu uma etapa da Volta à Bairrada por Jesus Ezquerra, Marque ganhou o contra-relógio do Grande Prémio do Dão e Óscar González a etapa em linha. Mário González fechou a temporada com uma vitória no Memorial Bruno Neves.

Em 2018, Vidal Fitas irá manter o quarteto Brandão, Nocentini, Marque e Figueiredo e espera que os azares tenham acontecido todos este ano. Garantiu, para já, a contratação de Álvaro Trueba (Efapel), Alexander Grigoryev (Russian Helicopters), Nicola Toffali (0711|Cycling). Houve alguns azares, é certo, mas a equipa algarvia quererá (e terá) de alcançar mais e melhor, principalmente nas principais corridas nacionais, além, naturalmente, da Volta a Portugal.

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