20 de outubro de 2017

Martingil previu e Rui Oliveira cumpriu

(Fotografia: Roberto Bettini/Federação Portuguesa de Ciclismo)
Aí está ela. A primeira medalha de Portugal em pista a nível de elite. Sem surpresa veio de um dos ciclistas que também já as havia conquistado como júnior e sub-23. Os gémeos Oliveira são desde já a referência e o grande exemplo de sucesso do trabalho feito nesta vertente de ciclismo no país e Rui entra para a história como o primeiro a conquistar uma medalha ao mais alto nível. Um bronze que sabe a ouro. Há que dizer directamente: parabéns Rui! E que seja apenas a primeira para o ciclista e para a selecção portuguesa, tanto nestes campeonatos, como para as próximas competições, com os Jogos Olímpicos no pensamento, inevitavelmente.

Este é mais um passo numa vertente tão esquecida em Portugal e que cada vez mais se torna numa modalidade de destaque. Rui Oliveira chegou a Berlim como campeão europeu de eliminação na categoria de sub-23, título conquistado em Anadia. Agora junta o bronze em elite. “Esta medalha tem um sabor igual ou ainda melhor do que a de ouro, em Julho. Passei um mau período, física e psicologicamente, mas as palavras de ânimo dos meus pais, familiares e amigos permitiram-me ir ganhando confiança e vontade de trabalhar. O resultado foi esta medalha de bronze. Isto é incrível", disse o ciclista de 21 anos, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

Rui Oliveira refere-se a mais uma recuperação que teve de fazer, depois de uma queda na Volta a França do Futuro, corrida na qual estava a mostrar-se. Desta feita foi o braço, em 2016 tinha sido a perna... Rui tem sido acompanhado por algum azar, mas tende a reaparecer sempre forte, como quem retira sempre uma motivação extra dos percalços para evoluir mentalmente. Já é claramente uma característica sua: a capacidade de superação. Mesmo não estando no seu melhor, fez uma excelente exibição em Berlim. Sendo ainda tão jovem, esta força mental pode revelar-se determinante no futuro próximo.

Axel Merckx deverá estar bem contente com o seu ciclista, que levou este ano para a Axeon Hagens Berman com o objectivo de conseguir com que Rui - e o irmão Ivo - passe todo o seu talento da pista para a estrada. O ciclista já foi demonstrando que aos poucos vai começando a afirmar igualmente o seu ciclismo na estrada, mas claramente a pista é, para já, onde se vai destacando. Merckx bem disse que iria gerir a temporada com os gémeos de forma a que os dois continuassem na pista. O responsável sabe bem o partido a tirar destas qualidades e destes resultados dos dois portugueses.

Até onde podem Rui e Ivo chegar e uma das questões que muito se coloca. São muito jovens, têm muito a evoluir, mas é difícil não pensar que se está perante dois enormes talentos. Porém, há que deixá-los seguir o seu caminho e que bem estão entregues a Merckx para rumarem na direcção certa.

Ivo entra em acção este sábado. Vai tentar uma inédita final na prova de perseguição. A expectativa é grande e certamente que o resultado de Rui entusiasmou, e de que maneira, a selecção nacional. O apuramento começa às 14:00 e os quatro corredores mais rápidos passam para a fase seguinte, que começará pouco depois das 19:00. 

Também iremos ver César Martingil, que estará na corrida por pontos (17:00). O ciclista da LIberty Seguros-Carglass e que se prepara para assinar o seu primeiro contrato profissional, bem tinha avisado que haveria uma medalha nos Europeus. E porque não duas, ou mesmo três?! Vamos lá sonhar um pouco, mas principalmente lutar muito!

João Matias competiu esta sexta-feira no omnium. E muito lutou. Conseguiu ficar entre os 20 finalistas, mas na última prova das quatro, a corrida por pontos, o corredor da LA Alumínios-Metalusa-BlackJack não conseguiu segurar o nono lugar, caindo para 13º. Ainda assim ficaram indicações positivas, tal como tinha acontecido nos Mundiais de Hong Kong, em Abril. A experiência que está a ganhar, tanto na pista como na estrada, está a levá-lo a tornar-se cada vez mais inteligente tacticamente. Ao tornar-se numa aposta mais regular do seleccionador Gabriel Mendes, João Matias também já é garantia de alguém com capacidade para disputar bons resultados, ficando a sensação que não tardarão a aparecer.

Perante o resultado de Rui Oliveira até se deixa para segundo plano o campeão europeu! O belga Gerben Thijssen bateu o russo Maksim Piskunov, que ficou com a medalha de prata. Já no omnium, o espanhol Albert Torres esteve brilhante na última corrida, revalidando o título por apenas dois pontos. A prata foi para o surpreendente júnior dinamarquês Julius Johansen e o bronze para o francês Benjamin Thomas.

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