2 de outubro de 2017

Lombardia: a última hipótese de Quintana salvar a época

(Fotografia: Facebook Movistar Team)
Talvez seja algo injusto reduzir a importância de ganhar a Lombardia a Nairo Quintana. Não foi o único ciclista a ter uma temporada abaixo do esperado. Porém, perante o seu estatuto e a ambição que apresentou este ano, os resultados aquém do esperado fragilizaram a sua posição, mesmo dentro da equipa. O pequeno colombiano foi batido no Giro por Dumoulin e foi batidos por praticamente todos no Tour. Em 2018 arrisca-se a ser batido por Mikel Landa na Movistar quando chegar a altura de decidir quem lidera a equipa na Volta a França. Ganhar um monumento poderá ser o melhor que poderá acontecer a Quintana, que precisa desesperadamente de uma grande vitória.

Il Lombardia, como é agora chamado, é o último monumento do ano. Chega longe da tradicional época de clássicas em Abril e é aquela corrida do género que atrai os trepadores. É o monumento de eleição para este tipo de ciclista. Nos últimos anos os vencedores foram Johan Esteban Chaves, Vincenzo Nibali, Daniel Martin e Joaquim Rodríguez, por exemplo, Mas também temos um Philippe Gilbert com dois triunfos (2009 e 2010), pelo que é uma boa clássica para trepadores, mas não só. Porém, recentemente têm sido os especialistas em corridas de três semanas que se têm destacado. Nairo Quintana prefere as provas por etapas, mas chegou o momento de dar tudo numa corrida de um dia.

O colombiano ganhou a Volta à Comunidade Valenciana e o Tirreno-Adriatico. Conquistou uma etapa no Giro, mas foi segundo na geral e ficou fora do top dez no Tour (12º). Sabe a pouco para quem se propôs ganhar o Giro e o Tour... A relação com Eusebio Unzué já terá vivido melhores dias. Muito se falou que Quintana até poderia estar a ponderar quebrar contrato com a Movistar e assinar por outra equipa, ainda mais quando o director da formação espanhola confirmou que Mikel Landa era reforço para 2018. Landa avisou que não quer mais ser gregário e quer lutar pelo Tour. Neste último caso, o mesmo que Quintana, portanto.

Landa é uma paixão antiga de Unzué, que por duas vezes já o tinha tentado contratar. Da primeira vez perdeu-o para a Astana, depois para a Sky, mas à terceira não o deixou escapar, pelo que certamente não vai remetê-lo a um papel secundário. É desde já uma das grandes curiosidades para o próximo ano: como irá a Movistar gerir Quintana e Landa, com Valverde ainda ali pronto para continuar a somar vitórias, agora que regressou aos treinos depois da aparatosa queda no contra-relógio inicial do Tour.

Falta acabar esta temporada e a Lombardia tem uma importância extra no futuro de Quintana: Landa também irá lá estar. Ganhar, seria uma forma de se tentar impor ao espanhol, ainda antes de ambos vestirem as mesmas cores. Como estará Nairo Quintana é a grande questão.

O colombiano só apareceu nos Mundiais depois da desilusão do Tour e mal se o viu. Nem acabou a corrida. Na Volta a França foi um ciclista triste, sem chama, longe da sua melhor versão que este ano pouco se viu. Mesmo no Giro não foi o Quintana que já tinha conquistado aquela prova. Pensou em demasia em poupar-se para lutar pelo Tour e a querer ganhar em Itália sem dar tudo por tudo... A gestão não foi de facto a melhor. Nem da sua parte, nem da equipa. Muito se aprendeu, certamente, numa temporada aziaga. Ganhar a Lombardia seria também uma espécie de alívio para o ciclista, pois certamente lhe daria a motivação que lhe vai faltando com tantas críticas de que foi alvo e tanto sururu em redor do seu futuro. Ganhar não lhe retira a enorme pressão que irá continuar a sofrer, mas Quintana precisa de todos os argumentos para quando Mikel Landa chegar.

Tantos candidatos...

Quintana irá enfrentar vários problemas. Landa à cabeça, é certo, mas o que não falta é concorrência de luxo e todos querem fechar a temporada com chave de ouro. Isto mais parece uma lista de uma grande volta: Fabio Aru (Astana), Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin), Julian Alaphilippe e Daniel Martin (Quick-Step Floors), Tom Dumoulin (Sunweb), Thibaut Pinot (FDJ), Rigoberto Uran (Cannodale-Drapac), Bauke Mollema (Trek-Segafredo), Tony Gallopin e Thomas de Gendt (Lotto Soudal), Louis Meintjes e Rui Costa (UAE Team Emirates). A Sky terá além de Landa, Michal Kwiatkowski, que este ano já ganhou um monumento, a Milano-Sanremo.

A este resumo da lista há que juntar Damiano Cunego (Nippo-Vini Fantini), italiano de 36 anos que venceu esta corrida três vezes: 2004, 2007 e 2008. E também Warren Barguil. A ver vamos como estará o francês depois de ter sido mandado para casa pela equipa durante a Volta a Espanha, por não ter respeitado ordens. Está de saída para a Fortuneo-Oscaro, do escalão Profissional Continental. Johan Estaban Chaves, vencedor em 2016, é baixa confirmada na Orica-Scott depois da queda no Giro dell'Emilia que terminou com a temporada do colombiano, outro ciclista que bem precisava de uma grande vitória, ainda que por razões diferentes de Quintana.

Dos portugueses, além de Rui Costa - que surge como um dos fortes candidatos à vitória - também deverá estar José Gonçalves, da Katusha-Alpecin. No momento em que este texto é publicado a lista de inscritos ainda não é final, pelo que poderá verificar-se alterações até sábado, dia 7, quando a 111ª edição for para a estrada (247 quilómetros entre Bergamo e Como).

Alguns destes ciclistas vão estar já esta terça-feira na Tre Valli Varesine - inclusivamente Rui Costa - e na quinta-feira haverá ainda a Milano-Torino.

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