12 de outubro de 2017

Dumoulin cria suspense quanto ao Tour

(Fotografia: Giro d'Italia)
A época de 2017 aproxima-se do fim e para muitos ciclistas já terminou. Portanto, é 2018 que já vai estando no pensamento e para quem gosta de bom ciclismo, o embate entre Chris Froome e Tom Dumoulin na Volta a França é desde já um dos momentos mais aguardados. Mas e se Dumoulin não for ao Tour? O holandês comprovou este ano que tem tudo o que é preciso para se tornar num dos principais homens de três semanas, mas também está a demonstrar talento para criar suspense. Dumoulin não quer dar a certeza que vai estar em terras gaulesas.

Escusado será dizer que seria uma enorme decepção se Froome e Dumoulin não tivessem o seu frente-a-frente no próximo Tour. Quer-se acreditar que o holandês da Sunweb apenas quer originar alguma dúvida e gerar alguma conversa. Uma espécie de mind games, mas em versão mais suave. Contudo, a razão apontada para este suspense é absolutamente válida. "Se houver etapas que não me convêm, porque hei-de ir?", questionou Dumoulin, em declarações à Gazzetta dello Sport. Ou seja: "Para dizer a verdade, ainda não me decidi. Tudo dependerá do percurso."

Pode ser que não seja preciso esperar muito para saber qual a decisão de Dumoulin. A apresentação da Volta a França está agendada para terça-feira. Para já pouco se sabe, mas deverá haver uma etapa com pavé, ainda que pouco, o Alpe d'Huez deverá regressar e poderá haver um contra-relógio relativamente plano perto do final da corrida. Portanto, muito pouco para o holandês perceber se o percurso poderá ser o indicado para ele.

O que procura Dumoulin? O líder da Sunweb não se importará nada que o Tour siga o exemplo de anos recentes em que não haverá muita alta montanha. O holandês melhorou substancialmente as suas características como trepador, mas ainda assim já demonstrou que há trabalho a fazer quando a montanha se torna mais longa e difícil. Porém, perante a evolução que se tem assistido, Dumoulin estará certamente concentrado em aprimorar este aspecto, até porque só assim poderá de facto fazer frente a Froome. E claro, quando se diz Froome, há que juntar Nairo Quintana, Romain Bardet e o renascido Rigoberto Uran, por exemplo. De recordar que Dumoulin venceu duas etapas no Tour em 2016, uma delas de alta montanha, mas a questão é que terá de aguentar o elevado ritmo dia após dia e não guardar-se para uma tirada específica.

No contra-relógio Tom Dumoulin poderá ter alguma vantagem, mas não a suficiente para jogar tudo neste aspecto frente a um Froome que também é um bom contra-relogista. Estamos a falar do campeão do mundo e do medalha de bronze. A nível de equipa, em situação normal a Sky apresentar-se-á sempre como a mais forte na teoria, mas na prática tem demonstrado algumas falhas que há dois/três anos seriam impensáveis. E há que ter em conta que a Sunweb é agora uma formação cada vez mais dedicada a corridas de três semanas.

Dumoulin - que faz 27 anos a 11 de Novembro - apresentou-se no Giro como um vencedor. Poderia até lá regressar e se calhar ganhar e depois talvez tentar a Vuelta, que este ano acabou por abdicar. No entanto, o holandês sabe que terá de dar o passo de enfrentar os melhores naquela que continua a ser vista como a mais importante das grandes voltas. O Tour é o palco que espera por este portentoso ciclista.


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