3 de outubro de 2017

A versão vampira de Chris Froome num ganho marginal que não resultou

(Fotografia: ASO/Alex Broadway)
Ainda antes de tanto se falar em ganhos marginais, termo que acabou por ficar em voga no ciclismo devido à Sky, os ciclistas que ambicionam chegar ao mais alto nível sempre procuraram os seus. O então jovem desconhecido Chris Froome não foi excepção. Algumas experiências correm melhores do que outras. Hoje em dia o britânico até alerta para a facilidade com que se ultrapassam limites, que podem custar caro, mas quando era jovem também fez coisas que, não se orgulhando, afirma que o ajudaram a crescer como ciclista.

Uma dessas experiências foi uma espécie de versão vampira dos treinos. "Todos os erros que cometi fizeram parte do processo que tive de atravessar para chegar a este ponto. Tive de fazer algumas coisas estúpidas e experimentar algumas ridículas no meu treino e no meu estilo de vida para chegar onde cheguei. Mas todos os erros são uma aprendizagem", escreveu o ciclista num artigo publicado no site da revista ShortList. O texto marca os dez anos que passaram desde que um jovem Froome decidiu abandonar a universidade para perseguir o seu sonho no ciclismo. E contou uma das tais "coisas estúpidas" que experimentou.

"Uma vez convenci-me que treinar apenas uma vez por dia era estúpido, por isso, durante uma semana, tudo o que fiz foi treinar, comer, dormir, treinar, comer, dormir e ignorei coisas como a mudança de dia, tempo de descanso e coisas assim. Regressava às duas da tarde, comia, dormia, acordava às oito da noite e ia pedalar durante seis horas e depois repetia o ciclo. Estava a pedalar durante a noite e a dormir durante o dia, como um vampiro que ignora o mundo à sua volta. Só durou quatro ou cinco dias, depois 'queimei-me'. Não era saudável", explicou o quatro vezes vencedor da Volta a França e que recentemente juntou a Vuelta ao seu currículo.

Agora as experiências são bem diferentes e claramente dão resultado. Froome contou que é uma pessoa que não olha muito para o passado, estando sempre focado no que pode alcançar no futuro. Essa é também a forma de se motivar. Por mais que conquiste, quer mais. "Em 2013 era tudo novo. Tinha concretizado o sonho de criança ao estar no pódio nos Campos Elísios. Este ano, ao estar ali pela quarta vez, foi um sentimento diferente de concretização", disse. Agora pedala para fazer história, querendo pertencer à elite dos que venceram cinco vezes o Tour.

Porém, é preciso sacrificar alguns aspectos da vida para se ser um ciclista do nível a que pertence. O britânico considera que o maior sacrifício é a vida social. "Mesmo quando estás em casa, é tão difícil sair para jantar porque tenho de ter cuidado com o que como, preciso de me deitar cedo para treinar no dia seguinte. É óptimo quando tenho um mês de folga e posso sair com os meus amigos."

Passaram dez anos desde que foi confrontado com a possibilidade de ser um ciclista profissional. Froome (32 anos) escreveu que ficou dividido entre essa hipótese e terminar a licenciatura em Economia, que estava a tirar na África do Sul. A mãe sempre lhe disse para fazer o que gostasse. E assim foi: "Poderia sempre voltar e terminar o curso. Suponho que ainda posso."


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