16 de outubro de 2017

A nova vida de um Cancellara universitário, triatleta e empresário

(Fotografia: Facebook Fabian Cancellara)
Terminou a carreira há um ano. Em 2018, aqui e ali, sentiu-se alguma falta deste grande ciclista de clássicas e não só. A Trek-Segafredo então, nem se fala! Fabian Cancellara não se arrependeu da decisão de retirar-se e salienta como nem sequer pensou em prolongar a carreira mais um ano, ou pelo menos até à fase das clássicas, apesar da época de despedida não ter sido como desejava. Foi para a universidade, está a tornar-se num triatleta (ainda não queira ser profissional), abraçou ainda o desafio empresarial com duas entidades dedicadas à organização de eventos, uma delas a Chasing Cancellara, na qual é possível competir ao lado do suíço.

É uma vida nova aos 36 anos, que está a entusiasmar e muito Fabian Cancellara. "Não sinto nada a falta de competir. Nem quero ganhar as provas amadoras em que participo. Isso acabou. Muitas vezes podes estar contente com menos. Essa pode ser a diferença para se ser feliz. Além disso, falta-me tempo para praticar desporto", salientou o suíço numa entrevista ao El Mundo e ao Expansion. E tem sido um ano bem preenchido. Nas duas empresas em que está envolvido, Cancellara explicou que não se limita a dar a sua imagem. Além de ter entrado com capital, também participa activamente na organização dos eventos, mas claro que vai participando em alguns.

O ciclismo não deixa de ser uma paixão, contudo, não pensa regressar para dirigir uma equipa: "Não queria ser um director desportivo de uma formação, nem treinador de atletas. Esse não é o Fabian que gosto. Prefiro dedicar-me a gestão de eventos desportivos, passo a passo e começando do zero. Acabo de terminar os meus estudos e consegui a certificação como gestor desportivo na Universidade de St Gallen, na Suíça. Não foi fácil ir para a universidade, mas estou contente por o ter feito." Cancellara até teve como colegas universitários dois antigos jogadores de futebol, o suíço Mario Eggimann e o romeno Ciprian Marica. Quando anunciou que iria retirar-se, muito se falou de um possível cargo na Trek-Segafredo. A ligação acabou por se manter, principalmente à marca americana de bicicletas, mas muito longe de funções directivas.

Fabian Cancellara diz ser um "ultraperfeccionista", algo importante também durante a sua carreira. "Se assim não fosse, não poderia ter sido um bom contra-relogista. O detalhe é a diferença entre ganhar e não ganhar." Agora aplica uma parte da sua capacidade de atleta no triatlo. Nem quer pensar no profissionalismo, pois já chega de sacrifícios de um atleta de alta competição. "O triatlo é duro. Mas quando dás tudo, sentes-te mais forte, sobretudo mentalmente. O meu ponto mais fraco é a natação, mas na bicicleta é como um descanso antes de correr. Porém, já não compito como profissional, para ganhar provas", realçou.

Perguntaram-lhe o que era dinheiro para ele. Cancellara foi peremptório: "No final do dia, o dinheiro não te faz feliz. São outras coisas. Obviamente que precisas dele para chegar ao fim do mês. A vida não é só dinheiro. Também há que dar valor à saúde, amigos verdadeiros e, claro, à família." O suíço alertou aqueles que agora apostam numa carreira de atleta profissional: "Se competes por dinheiro, não obténs resultados. Na minha carreira, no momento de assinar por uma equipa, olhava sempre para os aspectos desportivos. Onde estava bem, onde podia ter uma boa equipa, o dinheiro nunca foi motivação, como no futebol. Não é possível no ciclismo. O dinheiro dá-te felicidade? Pode dar durante um ou dois meses. Mas depois, não."

Cancellara não conseguiu deixar o ciclismo com uma inédita quarta vitória na Volta a Flandres, não conseguiu juntar uma maglia rosa do Giro à sua colecção de camisolas da liderança nas grandes voltas, mas saiu como campeão olímpico de contra-relógio, título que já havia conquistado em 2008. 75 vitórias como profissional, entre elas quatro títulos mundiais no esforço individual. Não há volta a dar, Cancellara há-de deixar saudades por muito tempo. Ele e Tom Boonen, que também já está numa vida pós-ciclismo. Que grandes duelos proporcionaram!


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