3 de setembro de 2017

Ciclista acusou sete substâncias ilegais num só controlo de doping

(Fotografia: Frank Steele/Flickr)
É reincidente e não fez por menos. Primeiro foi a famosa EPO, agora resolveu aumentar a lista: foram detectadas sete substâncias ilegais de uma vez só. Kayle Leogrande deve estar a tentar estabelecer algum tipo de recorde... Para já, o que conseguiu foi ser suspenso por oito anos e estar a ser muito falado. Se queria notoriedade, conseguiu-a! Ainda mais, porque apenas uma das substâncias pode ser utilizada em seres humanos, nomeadamente no tratamento da osteoporose.

Leogrande tem 40 anos e neste momento era um ciclista amador. Mas há dez anos era profissional quando foi suspenso pelo uso de EPO. Foi um caso que então marcou a luta contra o doping por parte da USADA (agência americana de anti-doping). Perante a suspeita que o corredor estava a recorrer a substâncias ilegais, o organismo testou o ciclista após uma competição nos EUA. Deu negativo, mas a USADA quis recorrer à contra-análise para repetir o teste. Leogrande recorreu ao tribunal para evitar que tal acontecesse e conseguiu, alegando que ao dar negativo na primeira análise, não tinha de ser feita uma segunda. Porém, acabou "traído" por membros da sua equipa, a Rock Racing.

Estávamos em 2008 e Leogrande voltou a recorrer à justiça, agora para processar por difamação os elementos da formação que testemunharam que o ciclista tinha recorrido à EPO para melhorar as suas exibições. De salientar, que o corredor americano chegou a alcançar alguns pódios, ainda que em provas de menor importância. Desta feita, Leogrande perdeu na justiça e a USADA utilizou os testemunhos e as imagens fornecidas pelos membros da equipa, que mostrariam o ciclista com a referida substância, para assim condenar Leogrande a dois anos de suspensão.

As três pessoas que analisaram o caso chegaram mesmo a referir que Leogrande era um mentiroso, tendo por várias vezes caído em contradição no seu testemunho perante a USADA. O ciclista acabaria por admitir que tinha começado a dopar-se em 2006, mas foi quando chegou à Rock Racing, no ano seguinte, que o fez com maior regularidade. Este caso é ainda hoje reconhecido pela USADA como de extrema importância, pois influenciou a forma como depois realizou a investigação que acabaria por desmascarar o elaborado esquema de doping que tinha Lance Armstrong como figura central.

O que a USADA se calhar não esperaria era quase dez anos depois voltar a ter de lidar com Leogrande. Desta vez parece que tudo será mais pacífico. O ciclista foi suspenso provisoriamente a 25 de Maio e não contestou nem essa sanção e, para já, também não reagiu ao "castigo" de oito anos, agora revelado.

Quanto às sete substâncias, a única utilizada em humanos é o raloxifeno, que pode ser administrado no tratamento da osteoporose, como referido. A GW1516 já foi detectada em outros atletas e, explicando de forma simples, ajuda a queimar gordura, fornecendo mais energia. Não é utilizada em humanos, pois provocou casos de cancro em animais de laboratório, nos quais a substância foi testada. A RAD140 funciona como a testosterona, a LGD4033 ajuda no aumento de massa magra, a ibutamoren é uma hormona de crescimento, a ostarina contribui para aumento da massa muscular, tal como pode fazer a andarina. Estas últimas cinco substâncias estarão ainda em fase de testes.

Kayle Leogrande é mais famoso pelas suas tatuagens do que pela carreira de ciclista. Não foi irradiado, mas pode ser que pense na reforma depois desta sanção.


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