27 de agosto de 2017

Ciclistas da Cannondale-Drapac correm por um contrato

(Fotografia: Facebook Cannondale-Drapac)
Chris Froome ganhou, confirmou o seu poderio na Vuelta, contudo, um pouco mais atrás vinha um Michael Woods a lutar contra alguns dos melhores do mundo e contra o pensamento que não consegue afastar: a "sua" Cannondale-Dapac está a precisar de um salvador senão acaba. O canadiano admitiu que está a dormir mal, sendo difícil afastar a ansiedade que a notícia criou nos ciclistas. Agora estão todos a correr por um contrato. Ainda não é um caso fechado, mas os responsáveis da formação americana já terão informado os atletas que é altura de começarem a estudar alternativas para 2018. Woods foi terceiro na etapa, subiu a oitavo da geral, prosseguindo assim aquela que poderá ser a melhor temporada da carreira.

O canadiano de 30 anos pode bem ter escolhido a época certa para somar bons resultados. Está em final de contrato, mas esperava renovar. A incerteza da Cannondale-Drapac arrastou-se durante semanas, mas durante a Volta a França foi anunciada a chegada de um novo patrocinador, uma empresa de media, que iria não só ajudar a manter a estrutura, como contribuiria para um aumento do potencial financeiro. Porém, tudo mudou, numa altura em que até já estavam a ser anunciadas algumas renovações, como a de Rigoberto Uran, segundo classificado no Tour.

A Slipstream Sports, dona da equipa, colocou o futuro em espera, mas se a situação não for resolvida rapidamente, a Cannondale-Drapac, mesmo que consiga sobrevier, pode já não ir a tempo de segurar muitos ciclistas. Joe Dombrowski alertou que não é possível ficar a aguardar em demasia pela decisão dos responsáveis, pois com as equipas a estarem  já a contratar para fechar rapidamente os plantéis para 2018, esperar por Outubro ou Novembro poderá significar muitas portas fechadas. Uran terá mesmo dado duas semanas para que a situação seja resolvida. Astana e Trek-Segafredo já estarão a preparar-se para atacar de novo o colombiano, num interesse que existia ainda antes de este renovar com a Cannondale-Drapac. Renovação que agora poderá estar prestes a ficar sem efeito.

Para os ciclistas que estão na Vuelta, ter a necessidade de arranjar um novo contrato tanto funciona como maior motivação, como também aumenta a pressão e nervosismo. Woods não escondeu que está a afectar o seu rendimento, apesar do bom resultado deste domingo.

Esta equipa resultou da fusão entre a Garmin Sharp e a Cannondale (que antes era a Liquigas) em 2015. A marca de bicicletas acabaria por ficar sozinha, até à chegada da Drapac, o que prejudicou o orçamento da formação, que nunca foi dos mais altos. Também nunca foi uma equipa de muitas vitórias e esteve mesmo mais de dois anos sem ganhar em corridas do Wolrd Tour. O jejum terminou no Giro com Pierre Rolland. Rigoberto Uran ganhou também uma etapa na Volta a França e parecia que a actual Cannondale-Drapac estava a entrar numa fase positiva da vida.

No final de 2016, IAM e Tinkov terminaram. Porém, o receio que se viveu do World Tour perder equipas, foi substituído pelo alívio da chegada da Bahrain-Merida e da subida de escalão da Bora-Hansgrohe. A Lampre-Merida também tremeu, mas dos Emirados Árabes Unidos chegou a salvação para a equipa de Rui Costa, depois do investimento chinês não se ter confirmado. A estabilidade do ciclismo continua a ser uma ilusão. Até a toda poderosa Quick-Step Floors abanou e apesar de também já estar a renovar com alguns ciclistas, ainda não foi anunciado como será a equipa em 2018, se se mantém o patrocinador ou se entram novos.

Uran, Dombrowski, Sep Vanmarcke, Dylan van Baarle, Pierre Rolland ou Toms Skujins, para nomear alguns, serão ciclistas que poderão ter interessados, mas o final de uma equipa deixa sempre alguns corredores em dificuldades para encontrarem um lugar para se manterem ao mais alto nível, ainda mais com o anúncio a ser feito já numa fase avançada da época e, pior, ainda nem estar confirmado.

Dia de descanso para recuperar de semana emocionante

Para os ciclistas da Cannondale-Drapac, o dia de descanso na Vuelta poderá ser importante para recuperar psicologicamente, mais do que a nível físico. É preciso ganhar forças para enfrentar duas semanas infernais. Muita montanha, muitos testes que Chris Froome tem pela frente. Finalmente venceu uma etapa este ano e deixou os adversários rendidos à sua forma.

Ainda não conseguiu deixar a concorrência muito longe. Contudo, etapa a etapa, Froome vai ganhando segundos e, principalmente, deixa a mensagem que vão ter de trabalhar muito para lhe escaparem. O britânico da Sky vai para o dia de descanso com 36 segundos de vantagem sobre Johan Esteban Chaves. Todos os outros têm mais de um minuto para recuperar (veja aqui a classificação).

Estes primeiros nove dias de Vuelta ficam marcados pelo regresso daquele Froome dominador, demonstrando que as fraquezas do Tour serviram de lição para aprender mais sobre como o seu corpo reage. Está na posição que mais gosta e agora é altura dos adversários preparem a táctica para tentar bater um ciclista que não tem por hábito perder lideranças. Até agora, esta Volta a Espanha está a confirmar todas as expectativas. E eram grandes!


Summary - Stage 9 - La Vuelta 2017 por la_vuelta


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