31 de julho de 2017

Viviani afinal está bem na Sky. Mercado de transferências abre esta terça-feira

(Fotografia: Facebook Elia Viviani)
Está quase! A especulação está perto de terminar para dar lugar às confirmações oficiais. Quem vai para onde? O mercado de transferências abre esta terça-feira e há muitas indefinições para resolver. Certo é que Elia Viviani não vai sair da Sky como chegou a ser avançado por um jornal italiano. Apesar de ter ficado desiludido por não ter ido nem ao Giro, nem ao Tour e a presença na Vuelta também está longe de ser uma certeza, Viviani confirmou que não vai para a UAE Abu Dhabi e quer cumprir até final o contrato com a Sky, ou seja, até 2018. No entanto, a equipa britânica irá perder um ciclista que importante no apoio a Chris Froome, enquanto a Quick-Step Floors renovou com uma das suas jovens estrelas.

Começando por Viviani. O descontentamento do ciclista por ter sido excluído do Giro100 era conhecida. Era uma edição especial e o sprinter italiano queria deixar uma marca na corrida. Porém a equipa apostou em Geraint Thomas e Mikel Landa para a geral e os restantes ciclistas foram escolhidos para ajudá-los. Com Chris Froome na luta por mais um Tour era mais do que certo que não haveria espaço para Viviani. O ano não tem sido muito produtivo e a Gazzetta dello Sport dava conta que o sprinter queria sair já em Agosto para a UAE Abu Dhabi e assim garantir a presença na Vuelta. A formação de Rui Costa está apostada em reforçar-se bem para 2018, mas afinal não contará com Viviani. Não para já, pelo menos.

"Estou feliz na Sky. Fiquei desiludido por ter perdido as grandes voltas, todos sabemos disso, mas espero estar nessas corridas na próxima época", garantiu Viviani ao Cycling News. Com esta decisão, o italiano não se irá tornar num dos poucos casos no ciclismo de alguém que quebrou contrato com uma equipa. Viviani salientou ainda que não só está satisfeito na Sky, como tem o objectivo bem definido em conquistar dez vitórias esta temporada. Faltam seis e quer que uma delas seja nos Europeus da próxima semana.

De saída está mesmo Mikel Nieve. Oficialmente a confirmação só será feita a partir de amanhã, mas foi Chris Froome quem assumiu que o espanhol vai para a Orica-Scott em 2018. "Não queríamos perder o Mikel Nieve, mas a Orica fez uma oferta fabulosa e irá dar-lhe um papel de mentor de jovens, algo que é muito adequado para ele", disse o britânico, numa entrevista ao The Sunday TimesNieve está há quatro anos na Sky, depois de ter construído a sua carreira na Euskaltel-Euskadi.

Quick-Step Floors anuncia primeira renovação

Perante tanta incerteza quanto ao futuro da equipa e que faz com que os ciclistas estivessem todos em final de contrato, Patrick Lefevere ou assegurou o patrocinador que tanto queria para se juntar à Quick-Step, ou vai mesmo continuar com os actuais, ainda que isso signifique que não tenha o reforço financeiro desejado. Bob Jungels é o primeiro a renovar contrato e logo por três anos. O luxemburguês é um dos jovens talentos da equipa e Lefevere tem esperança estar perante o ciclista que irá definitivamente colocar a equipa a lutar por algo mais que o top dez numa grande volta.

Jungels tem 24 anos (faz 25 em Setembro) e foi no Giro que se destacou. Venceu duas vezes a classificação da juventude e na última edição junto uma vitória de etapa. A juntar-se a Jungels na renovação estará quase certo Fernando Gaviria (22). O sprinter colombiano é uma autêntica pérola e as quatro vitórias de etapa no Giro são vistas como apenas o início de uma carreira fantástica como sprinter nas principais corridas.

Julian Alaphilippe (25) também é um dos ciclistas com um futuro promissor e Philippe Gilbert será a voz da experiência. Aos 35 anos reencontrou-se com as vitórias e com as grandes exibições. Patrick Lefevere quer continuar a contar com o belga, tendo em vista a fase das clássicas. Já Marcel Kittel e Daniel Martin estarão a estudar propostas. O alemão estará a ser tentado pela Katusha-Alpecin e o irlandês pela UAE Team Emirates.

A partir desta terça-feira vamos começar a saber o que decidiram. Aqui fica a lista com alguns dos principais ciclistas que estão em final de contrato. De recordar que dos portugueses no World Tour só falta definir o futuro de José Mendes (Bora-Hansgrohe) e de André Cardoso (Trek-Segafredo). Este último ainda espera pelo resultado da contra-análise do caso de suspeita de doping, encontrando-se suspenso provisoriamente.

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»»José Gonçalves renovou com a Katusha-Alpecin: "Fico mais tranquilo"««

»»UAE Team Emirates quer construir super equipa para 2018««

Amaro Antunes será o número um do ranking na Volta a Portugal

Rui Vinhas terá o dorsal número um como vencedor da Volta a Portugal em 2016, mas é na W52-FC Porto que continua a estar outro número um, mas do ranking nacional. Amaro Antunes está há três meses na liderança, tendo voltado a reforçar em Julho com a conquista do Grande Prémio Internacional de Torres Vedras-Troféu Joaquim Agostinho. O algarvio está a realizar um ano fantástico e tem quase 200 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, que agora é Rinaldo Nocentini. Por equipas, a formação do Sobrado continua a dominar.

Amaro Antunes vai entrar na Volta a Portugal com 773 pontos e é candidato a somar mais uns quantos. Nocentini trocou de posição com Vicente García de Mateos. O italiano do Sporting-Tavira começou o ano muito bem, liderou o ranking, mas esteve depois um tempo afastado da competição, a pensar em estar na melhor forma nesta fase importante da temporada. O espanhol do Louletanto-Hospital de Loulé também tem sido um dos destaques de 2017 e é outro ciclista a seguir com muita atenção na Volta a Portugal.

De recordar que em 2016 o vencedor deste ranking foi Rafael Reis, então ao serviço da W52-FC Porto e actualmente na Caja Rural.

Ranking individual:

1ºAmaro Antunes (W52-FC Porto) - 773 pontos 
2º Rinaldo Nocentini (Sporting-Tavira) - 588 
3º Vicente García de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé) - 532 
4º Daniel Mestre (Efapel) - 408 
5º Raúl Alarcón (W52-FC Porto) - 381 
6º João Benta (RP-Boavista) - 370 
7º Jesús del Pino (Efapel), 320 
8º Domingos Gonçalves (Rádio Popular-Boavista) - 312 
9º Sérgio Paulinho (Efapel) - 310 
10º Frederico Figueiredo (Sporting-Tavira) - 284 

Equipas:

1ª W52-FC Porto - 1813 pontos 
2ª Efapel - 1180 
3ª Sporting-Tavira - 1153 
4ª Rádio Popular-Boavista - 1031
5ª LA Alumínios-Metalusa-BlackJack - 711

»»Amaro Antunes cada vez com mais nível««

30 de julho de 2017

Porque devemos entrar em modo Volta a Portugal

Rui Vinhas, o vencedor surpresa de 2016, estará na Volta para tentar repetir
o feito. E porque não? Tomou-lhe o gosto e confiança agora não lhe falta
(Fotografia: Podium/Volta a Portugal)
Volta a Itália, Volta a França, antes passámos pela fase das clássicas. Com o passar dos meses vamos entrando em diferentes "modos" para ver e viver as emoções das grandes corridas de ciclismo. Sexta-feira arranca a Volta a Portugal e é certo que talvez não tenha o carisma de outrora, algumas tradições vão-se perdendo, falta alguma competitividade das equipas estrangeiras, mas não sejamos fatalistas. A nossa Volta não é assim tão fraca. Temos adaptar o tal "modo" à realidade nacional e se o fizermos vamos conseguir apreciar uma corrida que este ano augura alguma qualidade superior, comparativamente com edições anteriores.

Comecemos pelo pelotão nacional. O regresso de Sérgio Paulinho (Efapel), Edgar Pinto (LA Alumínios-Metalusa-BlackJack) e Domingos Gonçalves (Rádio Popular-Boavista) oferecem desde logo outro nível a um grupo que continuou - e ainda bem - a contar com Amaro Antunes e Gustavo Veloso (W52-FC Porto), Joni Brandão e Alejandro Marque (Sporting-Tavira), Vicente García de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé), Rui Sousa e João Benta (Rádio Popular-Boavistar) e César Fonte (LA Alumínios-Metalusa-BlackJack). E a lista até pode ser maior. Que não restem dúvidas que qualquer um destes ciclistas tem muita capacidade para tornar esta Volta a Portugal interessante e com indefinição até final, mesmo tendo em conta que a nível de equipa a W52-FC Porto continue a ser a mais homogénea.

Infelizmente Joni Brandão não estará presente devido a problemas físicos. É uma pena visto que seria um forte candidato a lutar pela vitória, ainda que 2017 tenha sido muito abaixo do que é normal a nível de rendimento.

Mesmo com uma expectável supremacia da W52-FC Porto, Veloso não terá vida fácil. Já não é aquele vencedor anunciado, que só não ganhou em 2016 porque foi um colega de equipa que surpreendeu tudo e todos. Com dois contra-relógios, o espanhol tem alguma vantagem, mas na montanha poderá ter uma séria concorrência a começar por outro companheiro. Amaro Antunes não poderá ser apenas um gregário de luxo. Este é um ciclista que tem tudo para estar bem e alcançar um bom resultado. O algarvio sabe o que é ser top dez. Certamente que quererá algo mais. Sérgio Paulinho é uma incógnita. Será que a passagem de gregário para líder foi bem conseguida? Só na Volta saberemos. Edgar Pinto é um excelente trepador e os homens da Rádio Popular-Boavista... cuidado com eles. Vão estar ao ataque! Mateos está feito num trepador de luxo. Atenção a este espanhol.

Para bater a W52-FC Porto será preciso arriscar. Dar o controlo da corrida à equipa do Sobrado é deixar o director desportivo, Nuno Ribeiro, escolher com quem quer mexer, pois além dos dois ciclistas já referidos, Raul Alarcón e Rui Vinhas são outros que podem lançar a confusão nos adversários. Sim, não vamos estar só a pensar quem irá suceder a Rui Vinhas. Seja dado o mérito merecido pela vitória que alcançou há um ano e o próprio sempre admitiu saber qual o seu lugar na estrutura. Porém, não o metam de lado. Uma fuga e ainda repete a graça... Agora acredita mais do que nunca no que poderá fazer. Difícil, mas já se viu coisas mais incríveis no ciclismo.

Vamos então ao percurso. Senhora da Graça a dia de semana é uma desilusão para quem tanto gosta da tradicional subida ser acompanhada por uma peregrinação de ciclistas a mostrarem que também são capazes de conquistar a difícil ascensão. E claro, as pessoas na berma, os comes e bebes... a festa do ciclismo no seu expoente máximo numa tradição que pode não ser bem a mesma, mas continua viva. Será talvez um pouco diferente diferente, pois nas redes sociais foi possível perceber como nem todos estão de férias de Agosto e este ano não vão estar na Senhora da Graça.

Parece estar um pouco na moda não haver muitas chegadas em alto, pelo que esta subida poderá ser ainda mais importante, apesar de estar logo na quarta etapa. E atenção à sétima. Tem tudo para ser muito interessante. Aquela rampa em Santo Tirso pode fazer estragos. Falta a Torre. Tal como no ano passado apenas se passará por lá e desta feita só uma vez. Sabe a pouco. Muito pouco. É certo que depois ainda haverá três terceiras categorias para ultrapassar para tentar aumentar a emoção. Mas mais uma vez fica a sensação que falta algo nesta Volta sem uma chegada à Torre.

Olhando para as características dos ciclista candidatos, o percurso tem tudo para proporcionar bons momentos de ciclismo. Esperemos que não se entre naquele estudo mútuo e só no fim alguém mexe. Há muito ciclista que tem capacidade para mexer cedo e bem na corrida. E claro, é bom ver que há portugueses com capacidade para ganhar Volta a Portugal. Gosta-se de ciclismo seja quem for que vença, mas dá sempre um gozo especial ver um homem "da casa" ganhar.

Dispensava-se dois contra-relógios. Com tão poucos dias de corrida é um pouco de mais. O do último dia sempre tem, de facto, o potencial para animar a Volta até final. Precisamos mesmo de um prólogo? São gostos, suponho...

Não temos o Chris Froome, o Tom Dumoulin ou o Alberto Contador, mas fiquemos orgulhosos de ter um pelotão como há muito não se via por cá. O ciclismo português dá mostras de estar novamente a regressar a uma boa fase. Veremos se o crescimento continua. Esperemos que sim. Para isso é também preciso que haja receptividade de quem vê. A RTP irá transmitir como sempre a Volta a Portugal, mas porque não ir para a estrada apoiar os ciclistas. Porque não levar os filhos, os netos, os amigos e viver uma experiência diferente que não se esquece. Na Volta ao Algarve temos as estrelas mundiais (e tão bom que é), mas na nossa Grandíssima temos as nossas estrelas. O espectáculo é diferente, mas é de acreditar que quando se festeja 90 anos de Volta, haverá muito para recordar. Vamos lá entrar em modo Volta a Portugal.

O último teste

O pelotão nacional esteve este domingo na estrada no último teste antes da Volta a Portugal. Em Albergaria assistiu-se a uma corrida muito atacada, com a Efapel a deixar a mensagem que a recente subida de forma era mesmo para garantir que chegasse ao ponto alto da época no seu melhor. Jesús del Pino venceu, seguido por César Fonte e Hugo Nunes, em mais um excelente resultado para o Miranda-Mortágua. Por equipas venceu a W52-FC Porto.

Aqueceram-se os motores, agora é ir até Lisboa. Que comece a Volta a Portugal!

Pode ver as lista de inscritos provisória e as etapas neste link.

»»Volta a Portugal tradicional... mas com algumas tradições alteradas««

29 de julho de 2017

As renovações mais do que merecidas

Ainda antes da abertura do mercado de transferências três dos ciclistas portugueses no World Tour viram a sua situação contratual resolvida, dando-lhes assim tranquilidade para o que resta da temporada. Foi precisamente essa a palavra utilizada por José Gonçalves quando chegou a acordo com a Katusha-Alpecin, sendo expectável que Tiago Machado e agora Nelson Oliveira sintam o mesmo. A Movistar anunciou esta sexta-feira a renovação de contrato, depois de um ano menos feliz para ciclista de Anadia. Tem apenas 28 anos, mas já está há sete no principal escalão e a equipa espanhola sabe que tem um excelente valor que ainda pode render muito, principalmente no contra-relógio e na ajuda preciosa aos líderes da equipa.

"Oliveira teve um rendimento notável, tanto na sua faceta de especialista de contra-relógio individual - campeão nacional, sétimo nos Jogos Olímpicos no Rio, quarto no último Europeu -, como no trabalho de equipa." As palavras escritas no site da Movistar não são apenas de circunstância. 2017 ficou marcado pela queda no Paris-Roubaix que o tirou da competição durante dois meses e muito provavelmente lhe custou a Volta a França. Porém, Nelson Oliveira tem demonstrado ao longo dos dois anos em que está na Movistar como é um homem importante na estrutura. No Tour do ano passado cumpriu os objectivos que lhe foram delineados, ainda que os resultados da equipa acabassem por não serem os desejados. Mas não foi por culpa de Nelson Oliveira. Este ano espera-se que esteja de regresso à Vuelta, está nos pré-convocados, e sem Quintana e Valverde, a ver vamos o que será pedido do ciclista português.

Em Junho teve um incidente nos Nacionais, quando não partiu para o contra-relógio por desconhecimento da mudança da hora de partida. Ou seja, Nelson Oliveira bem está a precisar de uma injecção de moral para a restante temporada e a renovação de contrato pode muito bem ser o impulso que o português precisava para aparecer mais motivado. A tranquilidade só joga a favor de quem sabe que irá continuar ao mais alto nível em 2018.

No próximo ano, Portugal terá também no World Tour Nuno Bico (Movistar), Ruben Guerreiro (Trek-Segafredo) e Rui Costa (UAE Team Emirates), todos com contrato até 2018. Já as grandes dúvidas chamam-se André Cardoso e José Mendes. No primeiro caso, ainda se espera por saber o resultado da contra-análise, depois de dias antes do Tour André Cardoso ter sido notificado que tinha acusado EPO. Já José Mendes alimenta o desejo de se manter na Bora-Hansgrohe, estrutura que tem sido a sua casa há cinco anos. Recentemente, o ciclista afirmou ao Volta ao Ciclismo que a renovação é um assunto que não consegue deixar de pensar.

Com a subida ao World Tour e com a expectativa de crescimento da equipa, para José Mendes seria excelente se continuasse a ter espaço na equipa alemã. Ninguém questiona a sua lealdade para com os líderes e como cumpre à risca o que lhe é pedido. Foi ao Giro e mantém-se a expectativa para ir à Vuelta. Se não houver novidades até lá, é muito possível que José Mendes jogue a sua permanência na equipa em Espanha, numa missão que não se adivinha nada fácil, mas o português nunca foi de virar a cara a um desafio.

Alguém se junta ao grupo português no World Tour?

O contingente luso no principal escalão do ciclismo tem vindo a crescer nos últimos anos. Em 2017 perdeu-se Sérgio Paulinho (regressou a Portugal para a Efapel), mas entraram José Gonçalves, José Mendes e os jovens Nuno Bico e Ruben Guerreiro. Quem se segue?

Potencial há, mas daí a conseguir um contrato com uma das equipas do World Tour vai uma grande distância. Nuno Bico, por exemplo, foi uma das surpresas de final do ano quando anunciou que iria para a Movistar, provando como há certas negociações que ficam em segredo e demoram a ser concluídas. Não é possível prever com exactidão, mas também não restam dúvidas que actualmente quatro nomes geram alguma curiosidade e interesse. Os gémeos Oliveira encabeçam esta curta lista. Com o talento que lhes é cada vez mais reconhecido e com a ajuda de Axel Merckx numa Axeon Hagens Berman que tantos jovens tem levado para o World Tour, tanto Rui como Ivo podem ter um futuro muito (mas mesmo muito) risonho. Porém, não deverá acontecer já em 2018. Estando na equipa que é considerada a melhor de formação, o mais provável é ficarem por lá pelo menos mais um ano, enquanto vão despertando ainda mais o interesse de grandes equipas. Assim também podem aprimorar a passagem que estão a fazer da pista para a estrada, ainda que sem esquecer a vertente que os levou à ribalta. Ruben Guerreiro fez esse percurso e agora está na Trek-Segafredo.

Em Portugal há um ciclista que entrou definitivamente na retina dos olheiros. Amaro Antunes teve um início de temporada fenomenal. Mostrou-se em Espanha e até frente a Nairo Quintana. Venceu no alto do Malhão, numa Volta ao Algarve que agora pertence à segunda categoria mundial. Na W52-FC Porto conseguiu projectar internacionalmente uma qualidade que há muito lhe era reconhecida em Portugal. Aos 26 anos parece estar no ponto para "dar o salto", sendo certo que ainda tem margem para progredir. Quem bem que o algarvio ficaria ao lado de qualquer grande líder do ciclismo mundial.

Em Espanha está Rafael Reis. Tem tido uma carreira marcada por altos e baixos e este ano começou bem, mas uma queda estragou-lhe algumas semanas na Caja Rural. Apareceu bem nos Nacionais, ainda que tenha perdido o contra-relógio para Domingos Gonçalves. Contudo, tem dado indicações que está novamente a subir de forma, provavelmente a pensar em cumprir um dos seus objectivos de temporada: ser chamado para a Vuelta. Se conseguir um lugar no nove da Caja Rural, será a montra perfeita para se mostrar. No entanto, não seria surpresa se fizesse mais um ano na formação espanhola (Profissional Continental), que serviu recentemente de rampa de lançamento para José Gonçalves e também para André Cardoso. A qualidade e o talento estão lá, mas falta um "clique" para que Rafael Reis demonstre como pode estar a um nível muito mais elevado. Lá está, pode ser que esse "clique" aconteça na Vuelta.



28 de julho de 2017

Luís Mendonça agredido durante um treino, tem a Volta a Portugal em risco: "Foram momentos de terror"

Porquê? É esta pergunta que não sai da cabeça de Luís Mendonça. Por que razão um homem, possivelmente com mais de 65 anos, tentou atirá-lo ao chão enquanto treinava e acabou por o agredir. Com o ciclista estavam mais três corredores e um outro também foi alvo desta violência que Luís Mendonça não consegue perceber. O resultado é dramático para os seus objectivos de 2017: tem o braço partido e a Volta a Portugal está em risco. Mas além das consequências físicas ficam ainda as psicológicas. Luís Mendonça ficou em choque e tenta agora reagir a uma situação que o deixou muito desanimado. Foi um ano dedicado a estar na Volta a Portugal em grande nível e agora tudo pode ter ido por água abaixo por uma atitude que Luís Mendonça continua a questionar: "Porquê?"

Tudo aconteceu na quarta-feira, mas só no dia seguinte o ciclista do Louletano-Hospital de Loulé conseguiu falar publicamente. "Ninguém imagina o que eu chorei. Pouco dormi desde o que aconteceu. Chorei muito", desabafou. Acabou por partilhar no Facebook o que lhe aconteceu e as reacções não se fizeram esperar. Não sendo por esta razão que queria ter atenção mediática, Luís Mendonça espera que ao contar o que viveu possa fazer alguma diferença na difícil relação que continua a existir entre condutores e ciclistas. "A ver se as pessoas ganham consciência. O que aconteceu foi uma coisa bárbara... de uma atrocidade incrível."

Luís Mendonça contou ao Volta ao Ciclismo os momentos que diz terem sido de terror. "Nós não fizemos absolutamente nada ao senhor. Íamos numa estrada sem trânsito, na nossa berma que era larga e as faixas estavam desimpedidas. Havia boa visibilidade e não havia ninguém. Uma pacatez absoluta às 15:15. Nem hora de ponta era... Vínhamos na berma, dois a dois, não estávamos sequer na estrada. Ele veio para cima de nós. Saiu da faixa de rodagem, veio para a berma, quase que virava o carro. Veio com tudo. Super agressivo. Não chegou a tocar-nos. Se calhar se fossem pessoas que andam uma ou duas vezes por semana teriam ido ao chão. Íamos rápido, 45/50 km/hora, pois era um pouco a descer. Escapámos por um triz", começou por descrever.

O ciclista de 31 anos referiu que por vezes há um "pré-aviso" para uma atitude mais agressiva, ou seja, uma buzinadela, uma troca de palavras, mas disse que não foi o caso: "Nós reclamámos [após ter tentado abalroar o grupo] e ele começou a fazer gestos obscenos, a travar e nós ficámos assustados." O condutor acabou por seguir caminho e Luís Mendonça lamentou então não ter tirado a matrícula para fazer uma queixa. "Nunca fiz nenhuma, mas daquela pessoa faria." Ao aperceber-se que o carro tinha virado numa estrada à direita, o grupo fez o mesmo e encontrou de novo o homem em causa. "Fui abordá-lo porque queria saber a razão de uma atitude tão louca. Queria saber o que tínhamos feito."

Naquele momento chegou a pensar se teriam dito algum palavrão ou feito algo entre o grupo que o homem pudesse ter pensado que era para ele. Ao falar com o autor da tentativa de atropelamento, Luís Mendonça não obteve respostas, apenas violência. "Começou a disparatar e nós vimos que era uma perda de tempo estar ali a discutir. Eu disse para sairmos dali. Ele estava perto de casa dele e saiu com uma espécie de barrote, nem sei bem o que era, e começou a agredir. Atingiu primeiro o Hugo Nunes, do Miranda-Mortágua, só que eu não reparei senão teria tido uma postura mais defensiva quando se virou para mim. Eu pensei que ia ameaçar-me, não agredir. Fingiu uma vez vez que ia dar e depois deu mesmo. Ao proteger-me com o braço esquerdo... ele partiu-me o braço", recordou.

Luís Mendonça destacou como o quarteto evitou sempre partir para a violência: "Só queríamos perceber de onde vinha toda aquela brutalidade." Hugo Nunes foi atingido na zona dorsal, mas depois de uma ida ao hospital soube que não tinha nada fracturado. Menos feliz foi Luís Mendonça. Perante as agressões, os ciclistas chamaram a GNR e o corredor do Louletano-Hospital de Loulé garantiu que vai para a frente com um processo contra o homem em causa.

A pequena esperança de estar na Volta a Portugal

Em 2016 Luís Mendonça teve uma oportunidade de ouro de se estrear na Volta a Portugal ao ser convidado pela equipa brasileira Funvic para competir na corrida portuguesa e noutras até ao final do ano. Foi um sonho. Apesar de ser um ritmo diferente ao que estava habituado, o ciclista chegou mesmo a conseguir acabar no top dez na luta ao sprint.

Apostou tarde no ciclismo, depois de uma passagem pelo mundo da moda, tendo também trabalhado num bar. Conseguiu um contrato com uma equipa de elite portuguesa em 2017 e Luís Mendonça estava determinado em agradecer a oportunidade com bons resultados, se possível uma vitória. Tem estado em claro crescendo de forma durante o ano e diz que estava a 200% para a Volta a Portugal. Agora poderá ficar de fora.

Fracturou o cúbito, mas não o rádio e o médico afirmou que ao partir apenas um dos ossos que a possibilidade de uma recuperação mais rápida é possível. "Em 100, eu diria que tenho 25% de estar na Volta a Portugal." Não tem o discurso mais animador, afirmando que tem de pensar na equipa e não quer ir à corrida para abandonar logo na primeira etapa por não se sentir em condições.

A sua lesão foi comparada ao do futebolista do Benfica, Salvio. Porém, como ciclista, Luís Mendonça depende muito mais do seu braço, para se apoiar no guiador, do que um jogador de futebol. "A minha condição física é do melhor. Estava tão confiante... Ia ter as minhas oportunidades e depois ajudar o Vicente [García de Mateos]. Quando avisei o director desportivo [Jorge Piedade] ele ficou muito desanimado. Ficámos os dois. Nunca na minha vida passei por momentos assim... Foram momentos de terror", salientou.

Se sentir que tem condições mínimas para pelo menos ajudar o seu líder na luta pela geral, Luís Mendonça pensa em apresentar-se no dia 4 em Lisboa. A esperança existe, mas é pequena. Ele que é autor de uma das histórias de conquista do ciclismo pela forma como chegou à elite nacional, espera acrescentar mais um episódio de superação. Agora é esperar para ver como o braço recupera.

Falta de civismo

São muitos anos a pedalar na estrada, mesmo que nem sempre como profissional. Luís Mendonça diz que a falta de civismo mantém-se, apesar do número crescente de pessoas a andar de bicicleta. "Há muita falta de paciência. Aos domingos é um 'caos' na estrada [com tantos ciclistas] e há quem não tenha civismo", realçou. No entanto, frisou também como os casos acontecem dos dois lados. "Por vezes, se fosse de carro, também pensaria em chamar a atenção ao que alguns ciclistas fazem."

Luís Mendonça lamenta a desinformação. Contou como são inúmeras as vezes que é abordado por condutores a mandar o grupo seguir em fila e não dois a dois. Considera que seria importante serem feitas campanhas de sensibilização, mas ainda mais que houvesse um aumento de policiamento na estrada. Dá o exemplo de como em Espanha polícias de bicicletas detectam quem não respeita a distância de segurança de ultrapassagem de 1,5 metros.

"Psicologicamente pode ser desgastante. Nós somos o elo mais fraco. E estamos a falar de pessoas que se for preciso excedem os limites de velocidade ou fazem coisas que não devem na estrada. Não têm moral para nos acusar assim", afirmou.

O ciclista pede respeito, por parte de todos, condutores e ciclistas, recordando como ainda há pouco tempo um jovem corredor morreu num acidente de viação enquanto treinava. Tiago Alves tinha 18 anos. "Respeitem-nos", apela, não escondendo que na sua mente há uma dúvida que o assombra: "Porquê que foi alvo de tanta violência?"

Neste link pode ver as alterações feitas ao Código da Estrada relativas à utilização de velocípedes na estrada. O documento é da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária. Uma das destacadas por Luís Mendonça é a regra de se andar dois a dois. É legal, excepto se estiver trânsito intenso. Ciclista, condutor, peão consulte em caso de dúvida.

27 de julho de 2017

Landa ainda não fecha a porta à Sky, mas pisca o olho à Movistar

(Fotografia: Twitter Mikel Landa)
Mikel Landa tem sido o ciclista mais falado desde que a Volta a França terminou. Chris Froome ganhou, mas aquele segundo que separou o espanhol do pódio e o contrato que está a terminar estão a colocar Landa como o destaque desta fase da temporada, com a abertura do mercado a aproximar-se. O ciclista tem dado algumas entrevistas e não esconde a tristeza por não ter sido possível lutar por uma melhor classificação no Tour, admitindo que quer ser sempre um líder numa equipa. Sendo colega de Froome será praticamente impossível, ainda mais no Tour. Porém, parece que a porta da Sky não está completamente fechada, pelo menos durante mais dois dias. A Movistar é uma possibilidade que lhe agrada, ainda que por lá esteja outro dos líderes do momento: Nairo Quintana.

O futuro de Mikel Landa começou a ser discutido ainda antes da Volta a França. Para Eusebio Unzué é um amor antigo. Já por duas vezes que o director da Movistar tentou levar Landa para a equipa, mas da primeira vez acabou na Astana e depois foi para a Sky. Ainda antes de ser conhecido o interesse da equipa espanhola, foi a Bahrain-Merida que surgiu como possível destino. A equipa quer investir em mais um líder além de Vincenzo Nibali, mas o projecto, mesmo sendo milionário, não parece interessar muito a Landa. Ainda menos estará no seu horizonte regressar à Astana, que se arrisca a perder Fabio Aru.

Na mais recente entrevista, Mikel Landa falou apenas de duas equipas: "A Movistar é uma possibilidade. É uma equipa séria e eu gosto como trabalha. E se não for a Sky é possível que seja a Movistar." À Cadena SER o ciclista admitiu que está consciente da dificuldade em encontrar um lugar numa equipa que o leve como líder ao Tour, ainda que esse seja agora o seu desejo. Até recentemente, o espanhol sempre realçou a sua preferência em apostar no Giro. Porém, depois de ter percebido nesta Volta a França que está mais do que preparado para lutar pela Grande Boucle, claramente as preferências mudaram.

"Estamos a conversar com a Sky e demos dois dias de margem para regressar à normalidade. Também falei com o Froome, que agora está concentrado na Vuelta. Disse-me que ficaria feliz se eu continuasse na equipa e agradeceu-me pelo trabalho que fiz. Não sei se para o ano o meu objectivo será o Tour ou o Giro, mas é difícil encontrar um lugar numa equipa para a Volta a França", salientou Landa.

A experiência na Sky tem sido marcada por frustrações. Quando chegou em 2016 seria o líder para o Giro, mas acabou por abandonar devido a uma gastroenterite. Foi perdendo algum crédito, enquanto Geraint Thomas aparecia cada vez com pretensões legítimas a uma liderança. Em 2017 partilharam-na no Giro, mas ambos foram ao chão no incidente com uma moto da polícia. Thomas acabaria por ir para casa mais cedo, Landa lutou e conseguiu ganhar uma etapa e a classificação da montanha. No Tour estava claramente numa excelente forma. Fez frente a Froome, mas ao deixar o líder sozinho no final de uma etapa, que acabou por resultar na perda da camisola amarela, essa atitude provocou algum mal-estar.

A estabilidade na Sky nunca foi total, mas Landa foi colocado no seu lugar. Foi ajudando Chris Froome, contudo, era claro que não abandonava por completo a ideia de alcançar um bom resultado pessoal. Falhar o pódio por um segundo custou-lhe e muito a digerir.

Ficar na equipa britânica será pouco credível, até porque Geraint Thomas está em condições de ameaçar uma liderança no Giro e no Tour, Froome ainda vai manter-se como o indiscutível número um da Sky. O problema é que na Movistar é mais do que provável que Landa tenha de esperar mais um ano, pelo menos, antes de ir ao Tour como líder. Nairo Quintana teve um ano para esquecer, mas em 2018 será o regresso ao sueño amarillo.

Enquanto que com Chris Froome terá de esperar que o britânico ou abdique do Tour ou se retire, já com Nairo Quintana, Landa poderá tentar ameaçar o lugar do colombiano. Quintana não poderá falhar mais correndo o risco de ser ultrapassado na hierarquia. A relação com Eusebio Unzué já viveu melhores dias e a pressão para 2018 será maior do que nunca. Até já se falou que o ciclista poderia estar de saída da equipa, quebrando contrato, mas o próprio já desmentiu esse cenário.

Aos 27 anos Mikel Landa quer dar o passo decisivo para finalmente ganhar uma grande volta. Talvez tenha mesmo de regressar ao objectivo inicial do Giro, mas já se quer ver o espanhol a lutar também por uma Volta a França. A decisão não é fácil, ainda mais se realmente as suas opções estiverem reduzidas à Sky e Movistar.

Teremos de esperar por 1 de Agosto para que a resolução do futuro de Landa seja oficialmente anunciada. Para já, confirmado está a presença de Landa na Clássica de San Sebastián e na Volta a Burgos, seguindo-se uma fase de descanso, talvez a pensar nos Mundiais. O ciclista afirmou que ainda não falou com o seleccionador espanhol, Javier Mínguez, sobre a possibilidade de ir a Bergen, mas não afasta essa hipótese.

Veja aqui quais são os outros grandes ciclistas que estão também em final de contrato e poderão mexer e bem com o mercado de transferências.

»»Alberto Contador assume uma possível despedida««

»»Zubeldia com bicicleta especial e dorsal número 1 na corrida de despedida««

Zubeldia com bicicleta especial e dorsal número 1 na corrida de despedida

(Fotografia: Kristof Ramon/Trek-Segafredo)
Se é para "pendurar a bicicleta" então que seja uma tão especial como o momento que o ciclista vai viver. Haimar Zubeldia fará os últimos quilómetros de uma longa carreira no sábado. A Clássica de San Sebastián marcará o ponto final em 20 anos de profissionalismo e a Trek-Segafredo escolheu duas formas de dizer obrigado por tudo o que o espanhol deu à equipa e ao ciclismo. Zubeldia terá uma bicicleta personalizada para a ocasião e envergará ainda o dorsal número um, que deveria pertencer ao colega Bauke Mollema, o vencedor em 2016.

O anúncio do adeus foi feito durante a Volta a França. Zubeldia tem 40 anos e passou grande parte da sua carreira na Euskatel-Euskadi. Depois de um ano na Astana, assinou em 2010 pela então RadioShack, que viria a resultar na actual estrutura da Trek-Segafredo. Nunca foi um homem de vitórias, mas sempre foi visto como um gregário importante, conseguindo ainda assim alguns resultados pessoais muito bons. "Entrei no ciclismo profissional num pelotão com Pantani, Zülle, Olano e Jalabert. Foram 20 anos de momentos mágicos com Ullrich, Basso, Armstrong e Beloki. Agora, 20 anos depois, vou colocar o meu último dorsal num pelotão com Froome e Contador. Foi um privilégio partilhar a minha paixão ao lado de todos aqueles grandes ciclistas", afirmou Zubeldia no dia em que tornou pública a sua decisão de terminar a carreira.

(Fotografia: Kristof Ramon/TrekSegafredo)
Quanto à bicicleta, esta HZ Madone é um modelo único, no qual estão destacadas as grandes voltas em que participou: 16 Voltas a França, 12 Vueltas e um Giro. Só em três ocasiões não chegou ao fim. No Tour foi top dez em cinco edições, a última das quais em 2014. Na Vuelta o melhor resultado foi um 10º lugar em 2000. Nunca ganhou uma etapa.

Inesperadamente Zubeldia participou no Tour deste ano, tendo sido chamado à última hora após ser conhecido o controlo positivo de André Cardoso, que foi suspenso provisoriamente poucos dias antes de começar a corrida.

Sérgio Paulinho foi colega de equipa de Zubeldia durante três anos (na Astana e na RadioShack) e no Twitter escreveu que o espanhol foi uma das melhores pessoas com quem trabalhou.

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26 de julho de 2017

"É um sonho de criança que estou a cumprir"

Há anos que marcam uma carreira e 2017 certamente que será um que João Matias não irá esquecer. O ciclista soube dar um passo atrás na carreira para conseguir dar dois à frente. Primeiro apareceu em grande na pista, com uma exibição fenomenal nos Mundiais, agora vai estrear-se na Volta a Portugal aos 26 anos. Entusiasmado, motivado e muito feliz. João Matias vive um bom momento na carreira e só pensa em desfrutar de todos os momentos que irá viver na Volta. Se houver uma oportunidade para se mostrar, ainda melhor, se não for possível, quer ser a melhor ajuda para concretizar os objectivos da LA Alumínios-Metalusa-BlackJack e que se centram bastante em ter Edgar Pinto a lutar pela geral.

"É um sonho de criança que estou a cumprir. Para já tem sido fácil [gerir as emoções] e tenho treinado e dormido bem. Não é algo que me tire o sono. Mas se calhar, quando chegar o dia antes [da Volta a Portugal começar]... Mas também não é algo que me assuste muito", salientou João Matias ao Volta ao Ciclismo. Admitiu que é natural que surja alguma ansiedade, mas que não será algo que o irá influenciar negativamente: "O importante é desfrutar da Volta." A família e amigos vão apoiá-lo nesta sua primeira presença na principal competição de ciclismo para o pelotão português, algo que o deixa ainda mais feliz.

Sem que exista já uma táctica delineada, João Matias falou como a LA Alumínios-Metalusa-BlackJack tem "um líder sólido", Edgar Pinto, que este ano regressou a Portugal depois de dois anos na Skydive Dubai. Em primeiro lugar estará sempre o apoio ao líder. "Depois não sei. Gostava de tentar estar na disputa de uma ou outra etapa ao sprint e de tentar estar em alguma fuga", afirmou. Por enquanto ainda espera por saber as suas funções para a Volta a Portugal (de 4 a 15 de Agosto), esperando então ter alguma liberdade, se for possível, em alguma etapa.


"Dei um passo atrás e fui para a Froiz. Acabou por ser um ano positivo e felizmente passei novamente a profissional com a LA Alumínios-Metalusa-BlackJack. Estou muito grato pela oportunidade"

Certo é que quando partir em Lisboa, João Matias será um ciclista muito motivado. Recentemente esteve no contra-relógio nos Nacionais e a melhoria foi notória comparativamente com o ano passado. Ainda assim, o prólogo da Volta não é algo que aponte a uma vitória, mas quer começar bem a corrida. "Não levo grande ambição para o prólogo, mas gostava de fazer um bom tempo e tentar estar entre os 15/20 primeiros. Seria um excelente resultado", referiu.

Recuando a esse contra-relógio nos Nacionais, João Matias demonstrou como tem trabalhado intensamente nessa vertente, confessando que cada vez gosta mais dela. "Em 2016 perdi 5:23 para o Nelson Oliveira e este ano fiquei a 1:55 de Domingos Gonçalves [o campeão nacional] e isso dá-me alento para o futuro. Tenho feito contra-relógios desde a Volta ao Algarve e tenho estado a evoluir", contou. A pista tem tido o seu papel nesta evolução. Aliás, uma das razões que levou João Matias a começar o ano muito forte, foi o facto de logo em Dezembro ter-se aplicado no treino de pista.

Este trabalho levou Gabriel Mendes a seleccioná-lo para os Mundiais em Abril. Com os Jogos Olímpicos em mente, um dos objectivos era somar pontos para tentar começar a garantir a presença portuguesa em Tóquio2020, com o top dez nas provas a ser um desejo. Porém, João Matias quase provocou uma explosão de alegria inesperada. Esteve a volta e meia de algo inédito na prova de scratch. Durante algumas voltas esteve isolado na frente e por minutos sonhou-se com a medalha. O "quase" não traz glória, mas aquela exibição do ciclista foi brilhante. Não deu medalhas, mas deu uma certeza que Matias é mais um atleta para se contar para as grandes provas de pista.

"Estamos aqui a falar e fico com pele de galinha só de pensar nisso. São momentos que me deixam muito feliz e é uma modalidade que tenho trabalhado. A LA Alumínios-Metalusa-BlackJack dá-me liberdade para fazer esse trabalho", explicou. E confiança não lhe falta: "Sinceramente, é uma especialidade que acho que com um pouco de treino consigo estar a bater-me com os melhores do mundo." E de facto esteve mesmo!

João Matias recordou o discurso de Gabriel Mendes antes da corrida.  "Ele disse-me: 'Tu estás aqui, estás a representar Portugal, tens a tua oportunidade, tens de fazer o teu melhor. Mas não te esqueças que podes ganhar como os outros.' Disse-me ainda que tinha de estar bem colocado nas últimas voltas e se a corrida parasse, para arrancar, para arriscar. Foi o que fiz." Palavras que não esquece e que considera terem sido as que precisava mesmo de ouvir.

Estar presente nos Jogos Olímpicos seria mais um grande momento para João Matias, mas o ciclista assegurou que está concentrado em tentar ajudar à qualificação de ciclistas portugueses para Tóquio2020. Frisou que ficará feliz se for um dos escolhidos para lá estar, contudo, se não estiver, também não será algo que o irá abater.

João Matias começou a sua carreira profissional na estrutura da OFM-Quinta da Lixa, actual W52-FC Porto, antes de ir até Espanha: "Depois de três anos como profissional e de muitos altos e baixos, dei um passo atrás e fui para a Froiz. Mais vale dar um passo atrás e depois tentar dar dois à frente. Acabou por ser um ano positivo e felizmente passei novamente a profissional com a LA Alumínios-Metalusa-BlackJack. Estou muito grato com a oportunidade que me estão a dar."

Agora é o momento de se concentrar na Volta a Portugal, na qual a exposição mediática será muito diferente ao que tem experimentado. No entanto, está preparado para se mostrar ao melhor nível.



Nelson Oliveira nos pré-convocados para a Vuelta

Nelson Oliveira já esteve nesta posição para a Volta a França, mas o próprio estava consciente que os dois meses em que esteve afastado da competição, após uma queda no Paris-Roubaix, iriam custar-lhe um lugar no Tour. Por isso é que em Junho já olhava mais para a Vuelta. Sem surpresa está na lista de pré-convocados da Movistar para a Volta a Espanha (de 19 de Agosto a 10 de Setembro) e depois da ausência no Tour é expectável ver Nelson Oliveira regressar a uma corrida na qual conquistou uma etapa em 2015, então ao serviço da Lampre-Merida.

Depois de ter sido forçado a parar devido à queda no monumento francês, Nelson Oliveira não tem competido muito. Regressou em Junho para a estreia da Hammer Series, seguindo depois para a Volta a Suíça. A passagem pelos Nacionais ficou marcada pela mudança de horário de partida no contra-relógio, que o ciclista não sabia. Ou seja, nem sequer arrancou para tentar conquistar o quinto título nacional de contra-relógio e optou por não participar na prova de fundo. Vai agora para a Volta à Polónia, naquele que será um teste muito importante para se perceber a sua forma. Se estiver bem fisicamente será difícil ficar de fora da Vuelta.

Esta será uma selecção diferente para a Movistar. Com Nairo Quintana já com duas grandes voltas feitas, seria a vez de Alejandro Valverde liderar. Porém, o espanhol caiu na primeira etapa do Tour e só deverá regressar para o ano, se a recuperação correr bem. A Movistar vê-se assim sem um líder definido pelo que será uma excelente oportunidade para ver Ruben Fernández (26 anos), que há um ano esteve em bom nível na Vuelta.

Porém, a grande curiosidade centra-se em Marc Soler. Aos 23 anos é um dos talentos emergentes espanhóis. Este ano esteve muito bem no Paris-Nice, ainda melhor na Volta à Catalunha (terminou no terceiro posto) e na Volta à Suíça (oitavo lugar na geral). Sem Valverde é o momento mais que perfeito para lançar este jovem numa grande volta. A pressão será a inerente à de estar numa equipa como a Movistar, mas tendo em conta a idade e tudo o que ainda poderá evoluir, Soler pode ver-se numa posição que raramente surge tão cedo numa carreira a este nível no ciclismo. O catalão poderá ter liberdade para procurar um bom resultado, sem que esteja obrigado a terminar numa posição de relevo. Ainda assim, uma vitória de etapa é algo que a Movistar irá certamente exigir aos nove ciclistas que eleger. Depois do flop que foi a Volta a França a praticamente todos os níveis, na Vuelta algo terá de ser alcançado.

O Tour só não foi uma perda total para a equipa de Eusebio Unzué porque Carlos Betancur demonstrou que ainda pode ter salvação. Na AG2R chegou até a desaparecer durante algum tempo (ninguém sabia por onde andava). Ainda assim a Movistar apostou no colombiano, mas em 2016 pouco se viu. Este ano apareceu com uma barriga preocupante no arranque de temporada, mas aos poucos Betancur foi melhorando. Pode não ter sido uma brilhante ajuda para Nairo Quintana, mas dada a forma do colombiano, também de pouco serviria. A verdade é que mesmo algo discreto, Betancur terminou na 18ª posição da Volta a França.

Está em final de contrato, pelo que é muito possível que Unzué queira fazer mais um teste para perceber se realmente não estará a perder tempo e dinheiro com um ciclista que tinha tudo para estar entre os melhores, mas que tem enormes dificuldades em encontrar a estabilidade mental.

Os 12 pré-convocados da Movistar são Nelson Oliveira, Rubén Fernández, Marc Soler, Jorge Arcas, Antonio Pedrero, Dayer Quintana, Winner Anacona, Carlos Betancur, Gorka Izagirre, Dani Moreno, Richard Carapaz e José Joaquín Rojas.

25 de julho de 2017

Misto de juventude e experiência para atacar os Europeus

Rafael Reis e Ruben Guerreiro, amigos que vão lutar pelo título europeu
Será o segundo ano em que os profissionais poderão competir nos Europeus, com Herning, na Dinamarca, a ser o palco da corridas entre 2 e 6 de Agosto. Há um ano Peter Sagan coleccionou mais uma camisola, que acabou por nunca ser vista na estrada, pois era campeão do mundo quando ganhou e renovou o título em Outubro. Jonathan Castroviejo venceu no contra-relógio e essa camisola até a vimos na Volta ao Algarve. Quem serão os próximos campeões europeus? Portugal aposta num misto de juventude e experiência para enfrentar as habituais potências do ciclismo: Ruben Guerreiro, Rafael Reis, José Mendes e Tiago Machado.

Este ano serão apenas quatro os que formarão a equipa na competição de elite, como José Mendes (Bora-Hansgrohe) e Tiago Machado (Katusha-Alpecin) a repetirem a chamada, ainda que o primeiro tenha acabo por não competir devido a problemas físicos. Em 2016, a táctica assumida foi de apoio a Rui Costa, que terminou na sexta posição. Este ano e dado ser uma equipa mais curta, as características dos ciclistas beneficiam a procura de uma fuga ou de ataques nos quilómetros finais, por exemplo. Ruben Guerreiro (Trek-Segafredo) sagrou-se recentemente campeão nacional de fundo, enquanto Rafael Reis (Caja Rural) foi vice-campeão de contra-relógio, perdendo para Domingos Gonçalves, que no dia 4 começa a Volta a Portugal com a Rádio Popular-Boavista.

Sem surpresa, Rafael Reis irá estar tanto no esforço individual como na prova de fundo, tal como Tiago Machado. Rafael Reis é um especialista nesta vertente e na Volta a Portugal de 2016 venceu o prólogo e vestiu a camisola amarela. O percurso do contra-relógio é essencialmente plano (46 quilómetros), tal como o escolhido para a prova de fundo (241,2). Será percorrido em circuito para assim potenciar a visibilidade de quem quiser assistir in loco à corrida.

Bikey, a mascote dos Europeus
Perante estas características e o número reduzido de ciclistas da equipa portuguesa, percebe-se ainda melhor a escolha de José Poeira. Tiago Machado (31 anos) é exímio neste tipo de ataques. Na Katusha-Alpecin as suas funções mudaram, sendo agora um excelente gregário, mas as qualidades do homem de ataque que é não se perderam. Certamente que o ciclista estará desejoso de as mostrar, depois de um Tour muito positivo, ainda que no trabalho para Alexander Kristoff. José Mendes (32) gosta mais de percursos com algumas inclinações, ainda assim a sua experiência poderá ser importante, pois também sabe integrar bem potenciais fugas.

Rafael Reis (25) e Ruben Guerreiro (23) são ciclistas que se adaptam facilmente a este tipo de corridas. Ambos começaram bem a temporada nas novas equipas, mas o primeiro fracturou o pulso e o segundo teve um problema dentário. As paragens forçadas quebraram a subida de forma dos dois, contudo, estão novamente a atingir bons picos de intensidade física.

O percurso dos Europeus não assentaria a Rui Costa, por exemplo, mas Nelson Oliveira falhará a presença no contra-relógio porque nesse dia (3) estará na Volta à Polónia com a Movistar, a preparar a Volta a Espanha, corrida para a qual espera ser convocado. Em 2016, Nelson Oliveira falhou o pódio por 17 segundos.

A comitiva portuguesa não se fica por estes quatro ciclistas. Serão 16 ao todo que irão competir também nos sub-23, juniores e no sector feminino.

Sub-23: André Carvalho (Cipollini Iseo Serrature Rime), César Martingil (Liberty Seguros/Carglass), Francisco Campos (Miranda/Mortágua), Gaspar Gonçalves (LIberty Seguros/Carglass) e João Almeida (Unieuro Trevigiani-Hemus 1896). Só Gaspar Gonçalves participará também no contra-relógio.

Juniores: João Dinis (RP-Boavista), Pedro Miguel Lopes (Seissa/KTM Bikeseven/Matias & Araújo/Frulact) Pedro José Lopes (Alcobaça CC/Crédito Agrícola) e Pedro Teixeira (Maia). Os últimos dois estão inscritos para a corrida de fundo e contra-relógio.

Gabriel Mendes é o responsável no sector feminino, que só irá competir nas provas de fundo. As eleitas são a elite Daniela Reis (Lares-Waowdeals), a sub-23 Soraia Silva (Bairrada) e a júnior Maria Martins (Bairrada),que na semana passada foi vice-campeã da Europa do seu escalão na prova de eliminação dos Europeus de pista que se realizariam em Anadia.

Em baixo fica o calendário das corridas em que irão participar os ciclistas portugueses (fuso horário de Portugal Continental):
  • 2 de Agosto, 11:45 Contra-relógio Juniores Masculinos, 31,5 km 
  • 3 de Agosto, 11:15 Contra-relógio Sub-23 Masculinos, 31,5 km 
  • 3 de Agosto, 14:00 Contra-relógio Elite Masculina, 46 km 
  • 4 de Agosto, 8:00 Prova de Fundo Juniores Femininas, 60,3 km 
  • 4 de Agosto, 11:00 Prova de Fundo Sub-23 Femininas, 100,5 km 
  • 4 de Agosto, 15:00 Prova de Fundo Juniores Masculinos, 120,6 km 
  • 5 de Agosto, 8:00 Prova de Fundo Sub-23 Masculinos, 160,8 km 
  • 5 de Agosto, 13:00 Prova de Fundo Elite Feminina, 120,6 km 
  • 6 de Agosto, 10:00 Prova de Fundo Elite Masculina, 241,2 km


Ferrari com novo parceiro para criar vários modelos de bicicletas

Brevemente será possível adquirir uma nova gama de bicicletas Ferrari. Não é novo marcas populares de automóveis de gama alta terem as suas máquinas de duas rodas (sem motores), mas a Ferrari assinou agora com um novo parceiro e o objectivo é que o logotipo do cavalinho rampante apareça em diversos modelos, desde a estrada ao BTT, passando pelas bicicletas eléctricas e citadinas, não esquecendo as crianças. Ainda se terá de esperar umas semanas para ver as primeiras bicicletas, mas a curiosidade já é grande.

A Bianchi irá a partir de agora ser a responsável pelo desenvolvimento, produção e distribuição da nova gama, depois de recentemente a Ferrari ter tido uma parceria com a Colnago. Fica tudo em casa, ou seja, em Itália. A marca automóvel irá ajudar na criação de modelos que tenham a "excelência técnica da equipa de Fórmula 1".

"Tecnologia, performance, leveza, pesquisa estética, material de excelência são as palavras chaves para um projecto que quer ser uma referência para os entusiastas de ciclismo e desportos motorizados", lê-se no comunicado da Bianchi, marca que fornece as bicicletas à equipa do World Tour, Lotto-Jumbo. A formação holandesa venceu duas etapas na Volta a França, a última nos Campos Elísios. Primoz Roglic também foi o vencedor da Volta ao Algarve.

"Nós desejávamos muito esta colaboração com a Ferrari. Com a combinação de esforços vamos desenvolver este projecto nos próximos anos. Trabalhar juntos vai permitir que se desenvolvam novos produtos com um misto de conhecimento de elevada classe e perícia das duas partes, criando modelos de sucesso e inovadores como a Bianchi e a Ferrari sempre fizeram", destacou o director da empresa de bicicletas, Salvatore Grimaldi.

Para já foi apenas anunciada a parceria, mas vamos ter de esperar ainda mais de dois meses para conhecer os primeiros modelos. Só a 30 de Setembro serão revelados no Eurobike Show, que se realiza em Friedrichshafen, na Alemanha.

Até lá, é melhor começar a poupar! É que as bicicletas associadas a marcas de automóveis não costumam ser para qualquer bolso. Quando a Colnago lançou as bicicletas Ferrari, estas custavam cerca de 15 mil euros. Na fotografia pode ver como ficou então o modelo de estrada.


24 de julho de 2017

Alberto Contador assume uma possível despedida

(Fotografia: Twitter Alberto Contador)
A fotografia é marcante: Alberto Contador a dizer adeus nos Campos Elísios. Tanto se fala que pode ter sido a última Volta a França do espanhol, pelo que a imagem ganhou um enorme significado. Na mensagem que a acompanha no Twitter, Contador fala que chegou o momento de se desconectar, de descansar. "Bye bye Paris", escreveu. Daqui retira-se que foi um ponto final neste Tour, mas em declarações aos jornalistas, El Pistolero deixou no ar a possibilidade que se tem comentado: "Pode ser que não volte ao Tour."

2017 foi todo dedicado a preparar a Volta a França. Alberto Contador queria aquela terceira vitória que desde que lhe foi retirada a conquista de 2010 teimou em escapar-lhe. A Trek-Segafredo contratou-o aceitando que o espanhol se concentrasse exclusivamente no Tour. Contador nunca convenceu e apesar de ter estado perto de vencer em algumas ocasiões durante o ano, chega ao final de Julho sem uma vitória na sua nova equipa. Em França rapidamente se percebeu que Contador já não é o que era e não o voltará a ser.

Aos 34 anos não está acabado, contudo, o Tour acabou muito provavelmente para ele. Já não tem capacidade para andar ao nível dos melhores e nem se pode responsabilizar apenas do facto da equipa não ter dado o apoio desejado, excepto Jarlinson Pantano. Mas não chegou. Nem de perto, nem de longe. Conseguiu terminar no top dez, mas o nono lugar foi a sua pior classificação no Tour - além dos dois abandonos e da desclassificação - desde que se tornou no super ciclista e que todos sabiam que tinham de estar no seu melhor para o enfrentar. Ou seja, desde que venceu em 2007. Na sua primeira participação, dois anos antes, foi 31º. Foram dez Voltas a França.

Ainda tentou ganhar uma etapa, mas a falta de chegadas em alto não o ajudou. Tem duas vitórias. Até parece estranho ter tão poucas no Tour, mas são de facto foram só duas, nos anos em que também venceu a corrida (2007 e 2009).

A Trek-Segafredo quer exercer a opção de mais um ano de contrato com Contador, como sempre se esperou que o fizesse, independentemente dos resultados do ciclista. Pode não vencer, mas continua a ser um dos corredores mais populares do pelotão internacional e uma enorme referência desportiva em Espanha. Porém, esta continuidade poderá acontecer com a condição que Contador fará o Giro e Vuelta. Isto é, a Volta a França deixa de estar no calendário do ciclista. Alberto Contador chegou a ponderar terminar a carreira caso ganhasse o Tour, depois de ter adiado a sua retirada que chegou a anunciar para o final de 2016.

"Se vou voltar ao Tour saberemos dentro de pouco tempo. Pode ser que sim, pode ser que não. Agora há que descansar, repensar as coisas e procurar objectivos", disse o ciclista. Na próxima semana Contador deverá falar sobre o seu futuro, inclusivamente sobre a sua participação na Vuelta. Confirmada pelo próprio está a ausência na Clássica de San Sebastian no domingo.

Vá ou não ao Tour em 2018, começa ser difícil afastar a sensação que já não veremos por muito mais tempo Contador na estrada, além de 2018.