31 de maio de 2017

GP Beiras e Serra da Estrela com duas equipas do Kuwait, uma da Malásia e com um dos ciclistas mais veteranos do pelotão

(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
Quando há um ano a corrida foi para a estrada pela primeira vez, rapidamente se percebeu que se estava perante mais uma competição de qualidade em Portugal. O Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela tem a categoria 2.1 da UCI, mas a sua colocação no calendário poderá não ser a melhor para chamar mais equipas do escalão Profissional Continental. Pelo menos para já. Ainda assim conta uma forte presença de formações estrangeiras, inclusivamente duas do Kuwait e uma da Malásia. De Espanha virá a Caja Rural, que pertence ao segundo escalão, uma presença habitual por cá e que trará Sergio Pardilla - segundo classificado em 2016 - e uma das estrelas em ascensão do ciclismo espanhol, Jaime Rosón. Inevitavelmente as atenções também se irão centrar na presença de um ciclistas já longe da sua melhor forma, mas quem ganha três Flèche Wallonne e uma Liège-Bastogne-Liège, mesmo aos 45 anos continua a ser uma estrela: Davide Rebellin.

As equipas portuguesas irão apostar forte nesta corrida, que inclui a subida à Torre, um dos locais mais emblemáticos da modalidade em Portugal. Há um ano o vencedor foi Joni Brandão, então ao serviço da Efapel. Agora no Sporting-Tavira, o ciclista continua à procura da sua melhor forma, mas com a Volta a Portugal a dois meses do arranque (de 4 a 15 de Agosto), as principais figuras do pelotão nacional - algumas têm estado algo discretas durante o ano - deverão começar a aparecer e provavelmente já no Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela.

A prova terá 554 quilómetros com dez contagens de montanha durante três dias, de sexta-feira a domingo. A primeira etapa ligará Penamacor a Celorico da Beira (199 quilómetros) e apesar das três subidas de terceira categoria, as previsões apontam para uma possível discussão ao sprint.

No sábado tudo começará em Fornos de Algodres, com a meta colocada em Trancoso. Os 192 quilómetros terão uma subida de terceira e outra de segunda categoria. O terceiro dia será o mais aguardado. 163 quilómetros entre Belmonte e Manteigas, com a subida ao alto da Torre, a partir de Seia. A passagem no ponto mais alto de Portugal Continental acontece a 25 quilómetros da chegada.

Quanto às equipas, as da elite portuguesa estarão todas presentes: W52-FC Porto, Efapel, Sporting-Tavira, Louletano-Hospital de Loulé, Rádio Popular-Boavista e LA Alumínios-Metalusa-BlackJack. De Espanha, além da Caja Rural, estarão ainda a Burgos BH e Euskadi Basque Country-Murias, equipa que no próximo ano pretende ascender ao escalão Profissional Continental. A Equipo Bolivia não podia falhar, sendo das formações estrangeiras que mais vezes tem competido por cá este ano. Da Grã-Bretanha vem a JLT Condor, da Alemanha estará a Bike Aid e da Rússia a Lokosphinx.

Do Kuwait virá então a Kuwait-Cartucho.es, equipa que tem no seu plantel o veteraníssimo Davide Rebellin. Além das vitórias já referidas, destacam-se ainda uma Amstel Gold Race e um Tirreno-Adriatico. Todas estas conquistas ocorrem na primeira década do milénio. No entanto, a carreira também fica marcada pelo caso de doping que lhe custou a medalha de prata conquistada nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. E acabou também por lhe custar bons contratos, pois nunca mais conseguiu um com uma equipa do World Tour. 

Daquela zona do Golfo Pérsico virá ainda a Massi-Kuwait Cycling Project e para fechar a lista, da Malásia está inscrita a Sapura Cycling.


José Mendes fora da lista da Bora-Hansgrohe para o Tour

(Fotografia: Stiehl Photography/Bora-Hansgrohe)
A Bora-Hansgrohe quer apostar muito forte na Volta a França. Os objectivos estão bem definidos: a luta será pela camisola verde dos pontos com Peter Sagan e um top cinco com Rafal Majka, além de vitórias em etapas. Para tal a equipa precisa de garantir um bom apoio aos dois ciclistas, ainda que Sagan esteja habituado a fazer boa parte do trabalho sozinho, pois já assim era quando esteva na Tinkoff. O director da equipa, Ralph Denk, divulgou hoje a lista de 14 ciclistas que estão a ser analisados para ir ao Tour. Com dois lugares garantidos, significa que 12 corredores vão lutar por sete lugares. Metade dos escolhidos são alemães, tal como a equipa e tal como a cidade onde irá arrancar o Tour: Dusseldorf. De fora ficou o campeão nacional português José Mendes, que recentemente terminou a Volta a Itália, pelo que não é surpresa que seja mais provável a sua integração na equipa para a Vuelta.

"É sempre uma decisão difícil. Todos querem estar na Volta a França. Especialmente este ano com a partida em Dusseldorf. Será algo memorável para todos os ciclistas alemães e um passo importante para o ciclismo germânico", salientou Ralph Denk, através de um comunicado. O director da Bora-Hansgrohe salientou que sete ciclistas alemães estão na lista. "Temos ambições com o Peter e com o Rafal, a camisola verde, um top cinco na classificação geral e a primeira vitória numa etapa na Volta a França para a nossa equipa. Acho que temos um plantel forte para alcançar esses objectivos", referiu Denk.

Não se pode dizer que a época da Bora-Hansgrohe esteja a ser má, mas está a ficar aquém das expectativas para quem conta com Peter Sagan. O eslovaco não teve a época de clássicas que ambicionava, somando quatro vitórias, mas apenas uma numa corrida de um dia (Kuurne-Bruxelles-Kuurne), as outras foram duas etapas no Tirreno-Adriatico e a restante na Volta à Califórnia. Rafal Majka também venceu na corrida americana, tendo perdido a geral no contra-relógio. Sam Bennett ganhou uma tirada no Paris-Nice, mas o grande momento acabou por chegar inesperadamente no primeiro dia do Giro100. Lukas Pöstelberger era suposto preparar o sprint para Bennett, mas acabou por afastar-se do pelotão, o suficiente para vencer a etapa, vestir a camisola rosa, branca e ciclamino, com Cesare Benedetti a ser líder da montanha nesse dia.

Depois de anos na sombra de Alberto Contador, Rafal Majka terá a oportunidade de ser o líder indiscutível para a geral, ainda que saberá que alguns companheiros estarão na ajuda a Peter Sagan. A pressão será maior sobre o bicampeão do mundo, pois era dele que se esperavam mais resultados. Sagan tem dominado a classificação por pontos no Tour nos últimos cinco anos e mesmo não estando a apresentar o currículo de vitórias de outras temporadas, é o claro favorito para garantir mais uma camisola verde.

Além de Sagan e Majka, há ciclistas que em condições normais serão escolhas quase certas, casos de Maciej Bodnar, Leopold König (que falhou o Giro, onde teria sido o líder, devido a lesão), Emanuel Buchmann e Juraj Sagan que se tornou num fiel homem de trabalho do seu irmão. Da lista de 14 ciclistas, só dois estiveram na Volta a Itália, demonstrando como Ralph Denk está a gerir a equipa de forma a evitar cansaço acumulado, assegurando que Sagan e Majka têm os seus companheiros a 100%. O austríaco Patrick Konrad e o alemão Rüdiger Selig poderão ser os únicos repetentes.

Aqui fica a lista dos pré-convocados da Bora-Hansgrohe para o Tour: Peter Sagan, Rafal Majka, Leopold König, Maciej Bodnar, Emanuel Buchmann, Marcus Burghardt, Patrick Konrad, Jay McCarthy, Christoph Pfingsten, Juraj Sagan, Pawel Poljanski, Andreas Schilinger, Michael Schwarzmann e Rüdiger Selig.

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30 de maio de 2017

Hammer Series: a receita perfeita para não se começar a falar já no Tour

(Fotografia: Facebook Hammer Series)
Começa a revolução no ciclismo. Ou pelo menos é isso que os organizadores pretendem fazer. A Hammer Series foi recebida com desconfiança, mas durou pouco, com os ciclistas e algumas das principais equipas a agendarem a sua presença numa competição que quebra com o habitual na modalidade. Aqui interessa unicamente a força do conjunto. O esforço individual de pouco serve se a equipa não funcionar. Portanto, é fácil perceber o objectivo da Hammer Series: descobrir a melhor equipa. A nível colectivo há actualmente o contra-relógio e as classificações próprias, claro, nas corridas por etapas. Mas agora tudo vai mudar. A partir de agora haverá um confronto directo.

A primeira Hammer Series será em Limburg, na Holanda. De sexta-feira a domingo haverá espectáculo para ver. A organização pretende que a experiência seja diferente para os ciclistas e para quem assiste, pelo que as três provas que se realizam nestes dias serão disputadas num circuito. As regras determinam que devem ter entre sete e dez quilómetros para que se possa ver os corredores passarem várias vezes.

No primeiro dia será o Hammer Sprint. O nome não engana, serão 10 voltas, com pontos a serem atribuídos no final de cada uma e a dobrar na terceira, sétima e na meta. O Hammer Climb, no sábado, segue a mesma lógica, mas o circuito a terminar numa subida. Nestes dois dias serão também atribuídos bónus de tempo. Os pontos servirão para determinar a classificação para o terceiro dia, o Hammer Chase. É um contra-relógio colectivo de 50 quilómetros, mas com umas diferenças do habitual. As equipas partem segundo a classificação real, ou seja, a primeira classificada será a primeira a arrancar e assim sucessivamente. A segunda partirá 30 segundos depois, a terceira 20 e as restantes de 15 em 15. Serão ainda acrescentados nestas diferenças os segundos ganhos nos dois dias anteriores. Ganha a primeira equipa a cortar a meta. Sim, é uma prova de perseguição, não importa fazer o melhor tempo, é necessário chegar primeiro.

As equipas podem inscrever sete ciclistas, sendo que apenas cinco serão utilizados em cada dia, com as classificações a fecharem quando o quarto elemento corta a meta. Quando a competição foi apresentada no final de Fevereiro, foi anunciado que cada corrida contaria com 18 equipas, 12 do World Tour. Na competição de Limburg estão, para já, 16 inscritas. E elas são: a Quick-Step Floors, Lotto Soudal, Sky, Movistar, BMC, Cannondale-Drapac, Bahrain-Merida, Lotto-Jumbo, Orica-Scott, Sunweb, Trek-Segafredo e UAE Team Emirates (do World Tour), Nippo-Vini Fantini, Caja Rural, Roompot e Israel Cycling Academy (do escalão Profissional Continental).

E desengane-se quem pensou que as equipas iriam aproveitar para dar experiência a ciclistas menos utilizados, mais jovens... Não. Logo à cabeça está Tom Dumoulin, o vencedor da Volta a Itália. Mas na lista aparece ainda André Greipel, Fernando Gaviria, Dylan Groenewegen, Philippe Gilbert, Sep Vanmarcke, Ian Boswell, Elia Viviani, Alex Dowsett e Jasper Stuyven, por exemplo. Também teremos portugueses: Nuno Bico (Movistar) e Ruben Guerreiro (Trek-Segafredo). Pode ver aqui a lista de inscritos.

A Hammer Series também quer se destacar pela tecnologia. Através do site da Velon ou das aplicações para Android e IOS será possível seguir os ciclistas, assim como os seus dados, como potência e cadência. Também haverão câmaras instaladas nas bicicletas para que se tenha acesso a perspectivas de como é estar dentro da corrida.

No local, a Hammer Series quer ser uma experiência diferente também para o público, sendo que um autêntico festival de ciclismo irá rodear o evento.

A Hammer Series quer crescer e já tem um local para 2018. A Noruega - Stavanger, mais precisamente - garantiu a organização para o próximo ano. A ideia é juntar a Volta aos Fiordes à Hammer Series. Até vão cortar um dos cinco dias à corrida que tem chamado algumas equipas do World Tour - três este ano -, mas assim os organizadores esperam conseguir melhorar substancialmente o elenco. Ou seja, as equipas que forem à Hammer Series, pode ser que também aproveitem para estar na Volta aos Fiordes.

Não há transmissão televisiva prevista, neste momento, para Portugal. No entanto, no Facebook da competição está colocado um vídeo com a mensagem que haverá uma transmissão através daquela página. Esta corrida na Holanda terá o nome oficial de Hammer Sportzone Limburg e tem a receita perfeita para não se falar já na Volta a França. Pelo menos até domingo, quando começar o Critérium du Dauphiné. Entretanto, veja o que alguns ciclistas, como Dumoulin e Dowsett, entre outros, pensam da Hammer Series.



Quanto ganhou Dumoulin na Volta a Itália?

Não é o prémio monetário que faz um vencedor do Giro sorrir
(Fotografia: Giro d'Italia)
Não foi nenhuma fortuna e tendo em conta os gastos que uma equipa World Tour tem, não são certamente valores que desequilibrem a balança (de uma forma positiva). Porém, o dinheiro que a vitória e os resultados que Tom Dumoulin foi alcançando ao longo de três semanas no Giro100 são simpáticos, principalmente para os seus companheiros. Sim, porque no ciclismo, o valor que o vencedor ganha é normalmente distribuído por todos. Ou seja, Dumoulin ganhou, mas financeiramente as vantagens  pessoais virão de outros lados.

Vamos então às contas. Ganhar o Giro rendeu cerca de 205 mil euros ao holandês, sendo que 115 é precisamente por ter sido primeiro e 90 mil como "prémio especial" por ter ganho. Basicamente é a mesma coisa, mas dividido por dois valores... Dumoulin vestiu a maglia rosa durante nove dias (além de no pódio final) e só isso rendeu mais nove mil euros. Tendo em conta que o Dumoulin foi um ciclista em destaque também pelas duas etapas ganhas e ainda somou pontos principalmente na classificação da montanha, significa que haverá mais um cheque de quase 34 mil euros, segundo o site Cycling Weekly.

Arredondando um pouco os valores, vencer uma Volta a Itália e ter alguns resultados relevantes durante as três semanas rendeu a Dumoulin cerca de 250 mil euros. Este valor será dividido pelos companheiros que estiveram ao seu lado no Giro, mas financeiramente, vencer uma grande volta significa que os melhores valores monetários vêm de outros lados. Para começar, Dumoulin deverá renovar contrato com a equipa, o que irá significar uma melhoria salarial, depois os patrocinadores estarão todos ansiosos por explorar a imagem do ciclista, o que irá resultar num ganho bem superior em contratos deste género.

Ganhar uma grande volta não fez de Dumoulin um homem imediatamente milionário, ainda mais se comparámos com outras modalidades. Porém, abrem-se outras portas, financeiramente e, claro, desportivamente. Agora o holandês tornou-se num dos homens mais importantes do pelotão. Se cimentar essa posição, o dinheiro vai começar a entrar na conta com mais ritmo e quantidade, mas precisa de manter este crédito que ganhou. E o holandês sabe disse, estando já a preparar o seu futuro.

Tom Dumoulin não optou por um bom descanso após o Giro. Na próxima sexta-feira regressa já à competição na nova Hammer Series, competição que premeia a melhor equipa, não havendo prémios individuais. Mas mais importante, o que se quer saber é qual é a próxima grande volta do holandês. O Tour parece estar fora de questão. E bem. Para quê estar já a tentar medir forças com Chris Froome e a Sky quando sabe que será ainda cedo para o fazer se realmente quer ser um forte adversário? Ainda mais quando está bastante desgastado do Giro. O foco poderá mesmo ser a Volta a Espanha. Ainda não decidiu, mas Dumoulin estará a ficar tentado em lutar por uma corrida que lhe escapou em 2015 quando claudicou na última etapa de montanha. Porém, é um ciclista diferente dessa Vuelta. Evoluiu como trepador e será certamente interessante ter a possibilidade de ver o líder da Sunweb novamente em acção numa grande volta novamente este ano.

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29 de maio de 2017

Quintana: a época de sonho pode transformar-se num enorme pesadelo

Quintana e a Movistar cometeram erros no Giro (Fotografia: Giro d'Italia)
Com a participação na Volta a Itália a resultar "apenas" num segundo lugar, Nairo Quintana conseguiu o que parece ser difícil: aumentar substancialmente a pressão sobre ele para o Tour. Por mais que o colombiano diga que o pódio foi um bom resultado, por mais que Eusebio Unzué diga que ficou satisfeito com o segundo posto [A sério? Ninguém acredita!], a verdade é que Quintana falhou desde já dois dos três objectivos da temporada: não ganhou o Giro100, o que significa que também não fará a famosa dobradinha que está prestes a cumprir 20 anos desde que alguém a fez, ou seja Marco Pantani em 1998. Ganhar o Tour sempre foi a principal ambição, ambos realçaram isso desde o momento em que foi confirmada a presença do colombiano no Giro. Mas haverá uma grande diferença entre ter um Quintana vencedor da Volta a Itália no Tour e um Quintana que saiu derrotado (e de que maneira) por um surpreendente Tom Dumoulin.

Se até o próprio ciclista da Sunweb admitiu que ficou admirado por ter vencido este ano a corrida italiana, então não talvez não se possa acusar Quintana e a Movistar de se terem deixado surpreender pelo holandês. Porém, pode-se apontar falhas que não deveriam ter acontecido tanto por parte do colombiano, como da equipa, a começar pela atitude que parecia que o Giro poderia ser ganho sem que fosse preciso estar a 100%. Apesar de ter feito boas corridas de preparação - com vitórias na Volta à Comunidade Valenciana e no Tirreno-Adriatico, esta última vista como a principal prova de preparação para o Giro -, rapidamente ficou claro que Quintana não estava tão forte como inicialmente se pensava. O próprio realçou esse facto após as primeiras etapas mais complicadas da Volta a Itália. Porém, não estamos a só a falar de não estar a 100%, Quintana estava longe do seu melhor e com as suas debilidades no contra-relógio (que não parece estar interessado em melhorar muito mais), de repente, um Giro que parecia quase impossível não ser dele, escapou para um Dumoulin que não se compara como trepador ao colombiano, mas que foi mais do que suficiente para aguentar Quintana. Isto, claro, além de ser um dos melhores contra-relogistas da actualidade.

A expressão de Quintana das poucas vezes que conseguiu atacar e depois via Dumoulin ali atrás, inclusivamente chegou a apanhá-lo e até ultrapassá-lo, como na subida a Oropa, essa expressão dizia tudo. O ciclista da Movistar tinha dificuldades em responder ao que estava a acontecer. Fisicamente não estava bem, mentalmente voltou a ser aquele ciclista receoso que tanto tem marcado as suas passagens pelo Tour, sempre que tem de enfrentar Chris Froome.

Na Volta a Espanha, Quintana parecia que tinha aprendido a lição, ou seja, que não pode estar somente à espera dos que os rivais vão fazer e então responder, eventualmente contra-atacar. Quintana tomou a iniciativa, mostrou-se mais agressivo e isso deu resultado. A decisão acabou por estar na etapa que Alberto Contador atacou muito cedo e levou com ele Quintana, com a Sky a ser apanhada desprevenida. Ainda assim, a atitude diferente do colombiano fez a diferença. Menos de oito meses depois e o "velho" Quintana voltou, agora sem garra para atacar mais um Dumoulin que o colombiano sabia que tinha de ganhar vantagem por causa dos dois contra-relógios. Os ataques que fez até foram meio tristes, tal a falta de força. Duravam uns curtos instantes, nada que fizesse grandes diferenças.

Quintana pensou que podia ganhar o Giro sem desgastar-se em demasia. Acabou o Giro muito desgastado e sem a vitória. Agora é o Tour ou nada. Se tivesse ganho em Itália e perdesse em França, poderia sempre dizer justificar com a escolha de fazer estas duas grandes voltas, mas tinha uma para salvar a temporada. Tem 27 anos, tem tempo para lutar pelo Tour. Porém, sem o triunfo no Giro, se não ganhar em França poderá dar a mesma justificação, mas terá também de encarar as críticas por ter optado por este calendário, além de arriscar desta forma desperdiçar uma temporada.

A Vuelta, que venceu no ano passado, será para Alejandro Valverde. Por mais que Nairo Quintana se tenha tornado na escolha principal da Movistar para as grandes voltas, a importância de Valverde continua a ser enorme, ainda mais quando não pára de ganhar. Valverde merece a Vuelta. Valverde terá a Vuelta para si na Movistar. Quanto a Quintana, 2017 ameaça tornar-se num verdadeiro pesadelo.

A responsabilidade do que aconteceu no Giro não pode ser apenas atribuída ao ciclista. A Movistar era a melhor equipa presente, a nível global é a segunda mais forte, atrás da Sky, mas tacticamente foi previsível e claramente ineficaz. Colocar ciclistas na frente para depois, mais tarde, serem uma ajuda quando o líder lá chegar é provavelmente uma das formas de correr mais conhecidas. E sim, teve e continua a ter os seus resultados. Mas como a Sky demonstra, quando o bloco é muito forte, o melhor é correr com todos os juntos, desgastar as outras equipas, isolando os líderes, preparar terreno para que o chefe de fila ataque quando achar apropriado, ou então defender a sua posição, caso não seja etapa para grandes riscos. A Movistar dividiu-se, mas o desgaste das fugas acabava por retirar força de trabalho aos companheiros de Quintana quando chegava o momento de o ajudar.

Winner Anacona foi quem esteve melhor, mesmo lesionado. Andrey Amador foi uma desilusão, tendo sido pouco consistente. Começou tão bem e acabou por desaparecer. Os restantes colegas fizeram o que lhes era pedido: isolavam Dumoulin, mas não como o poderia fazer se trabalhassem em bloco. Não eliminaram Dumoulin nas subidas mais cedo, como era necessário. A Movistar ganhou por equipas, mas isso apenas quer dizer que fechava cedo essa classificação nas etapas. No essencial, errou.

Dizer que tudo falhou quando um ciclista fica em segundo numa grande volta até pode parecer estranho (há que não esquecer que Quintana ganhou uma etapa e que Gorka Izagirre venceu outra). Contudo, dado o potencial de Quintana - sem dúvida um dos melhores voltistas da actualidade - e da Movistar, exigia-se mais. Agora será uma pressão enorme a suportar durante o Tour.

Sem razões para festejar, Nairo Quintana viajou para o Mónaco, onde tem casa, para descansar um pouco e concentrar-se na Volta a França. O colombiano só voltará a competir quando o Tour começar a 1 de Julho, em Dusseldorf, na Alemanha. Até lá, alguns treinos passarão pelos Alpes, onde fará o reconhecimento de algumas etapas. Os seus rivais, que assistiram pela televisão ao Giro, vão a partir de domingo estar no Critérium du Dauphiné. Chris Froome, Alberto Contador, Richie Porte e Romain Bardet vão medir forças, enquanto Quintana irá tentar recuperar as muitas que perdeu (mais do que esperava e desejava) .

Se há ciclista que tem capacidade para realmente fazer a dobradinha - que vai parecendo cada vez mais inalcançável -, é Quintana. Porém, o colombiano terá de mudar principalmente a sua atitude. Não é imbatível, só porque Froome não está presente. Dumoulin será uma lição difícil de assimilar, mas é bom que o faça. Porém, o mais provável é que Quintana não volte a cometer "loucuras". Se perder o Tour, é certo que em 2018, o ano voltará a ser vivido sobre o lema tudo pela Volta a França, ou seja, o que apelida de sueño amarillo.

Amaro Antunes tira Nocentini da liderança do ranking nacional

Rinaldo Nocentini foi destronado por Amaro Antunes da liderança do ranking nacional. O ciclista italiano controlava esta classificação desde o início da época, mas uma das figuras de 2017, da W52-FC Porto, estava apenas a 16 pontos. Com o quinto lugar no Grande Prémio Jornal de Notícias e com Nocentini (Sporting-Tavira) a não competir durante o mês de Maio, o algarvio assumiu agora o primeiro lugar com 40 pontos de vantagem.

Destaque também para Daniel Mestre. O ciclista da Efapel venceu duas etapas no Grande Prémio Jornal de Notícias, as primeiras da equipa em 2017. É agora terceiro no ranking, mas a 220 pontos de Amaro Antunes.

Rui Vinhas, vencedor da Volta a Portugal de 2016, fecha o top 10 e com Raúl Alarcón - vencedor do Grande Prémio Jornal de Notícias -, essas posições contribuem para que a W52-FC Porto seja também líder por equipas, com 976 pontos. Segue-se o Sporting-Tavira com 718 e a Efapel com 489.

Nos sub-23, Xuban Errazquin (Rádio Popular-Boavista) desceu para 13º no ranking geral, mas mantém a liderança no seu escalão, contudo, são apenas sete os pontos que o separam de Francisco Campos (Miranda-Mortágua), vencedor da prova inaugural Região de Aveiro.

28 de maio de 2017

O Giro100 é dele e merecidamente. E agora Dumoulin?

(Fotografia: Giro d'Italia)

Quando na 20ª etapa da Volta a Espanha de 2015, num dia 12 de Setembro que agora parece tão longínquo, Tom Dumoulin entrou num tremendo sofrimento ao perceber que as últimas montanhas lhe iam tirar uma vitória que seria a todos os níveis surpreendentes na Vuelta, questionou-se se o ciclista alguma vez viria a ter capacidade para defrontar os melhores trepadores. Eram apenas seis segundos os que o separavam de Fabio Aru. Aquelas imagens de um ciclista de pedalada pesada, desesperado por salvar algo de uma corrida que até então estava a ser a todos os níveis brilhante, ficaram na memória. Nesse dia Dumoulin perdeu 3:52 para Aru, a Vuelta e até o pódio. O sexto lugar seria sempre um bom resultado para o então jovem de 24 anos, não fosse ter sentido que estava perto de uma grande conquista. Na altura perguntou-se: e agora Dumoulin? Já se sabia que era bom contra-relogista, mas era óbvio que tinha de evoluir muito na montanha. Em 2016 não comprovou as expectativas e nem esteve na discussão no Giro e no Tour. Venceu etapas, inclusivamente na montanha - uma à custa de Rui Costa no Tour -, mas não terminou as corridas. Hoje pode dizer-se que 2016 foi o ano de evolução de Dumoulin. Longe da pressão mediática, este holandês fez-se num ciclista completo e aos 26 anos conquista a sua primeira grande volta, inscrevendo o seu nome numa edição sempre histórica, a 100ª. O Giro é dele e merecidamente. Porém... E agora Dumoulin?

O holandês confirmou o favoritismo que tinha no esforço individual e nem um Nairo Quintana a fazer provavelmente dos melhores contra-relógios da carreira conseguiu garantir o triunfo. Era o dia de Dumoulin. É o Giro de Dumoulin! O único momento que pareceu que o líder da Sunweb podia perder a corrida foi quando o relógio deu três segundos de diferença, mas foi mais um dos vários erros de cronometragem deste final de Volta a Itália. Depois do susto, a correcção e no fim 1:24 minutos separaram os ciclistas. Estavam recuperados os 53 com que tinha começado a última etapa. Faltaram-lhe as palavras na hora de festejar. Mas palavras para quê? Foi o mais forte, o mais consistente e a vitória assenta-lhe bem.

Dumoulin passou o Giro a responder a questões. Se estava a subir melhor, se tinha perdido alguma força no contra-relógio ao perder peso, se era capaz de aguentar dias consecutivos de várias montanhas das mais difíceis, se era capaz de ganhar sem o apoio de uma equipa forte... As respostas foram claras: sobe muito melhor, continua um contra-relogista fortíssimo, aguenta mas ainda há algum trabalho a fazer e consegue ganhar sem grande ajuda dos companheiros. Contudo, este último ponto é uma situação a repensar pela Sunweb se quer fazer frente a Chris Froome e à super Sky da Volta a França. Não há dúvidas que Dumoulin irá ter num futuro próximo o objectivo de atacar o Tour. Uma das questões que agora se coloca é se este Dumoulin é mesmo mais um ciclista para lutar pelas grandes voltas, ou foi isto um daqueles momentos que alguns vivem uma vez na vida?

Pela forma como o holandês evoluiu no último ano e tendo em conta que aos 26 anos há ainda margem de progressão, será difícil de imaginar não ver Dumoulin juntar mais alguma grande volta ao Giro100. Está feito num ciclista completo, um pouco à imagem de Froome, mas ainda longe da categoria e supremacia do britânico, mais forte no contra-relógio, mais fraco na montanha (falta-lhe explosão, sendo um daqueles ciclistas que sobe a ritmo, enquanto Froome sabe bem atacar). Os próximos passos na carreira de Dumoulin têm de ser dados com calma e muito bem pensados. A pressão vai aumentar substancialmente sobre o holandês. Não se sabe se vai à Vuelta, corrida que faria mais sentido participar e tentar lutar pela vitória, deixando o Tour para o próximo o ano. 

Dumoulin estará a partir de agora numa primeira linha de candidatos, sofrerá outra atenção. Mais do que saber ganhar, terá também de saber lidar com as dificuldades que lhe vão surgir. Dizem que é o novo Miguel Indurain, mas até o espanhol teve de sofrer muito antes de se tornar uma lenda do ciclismo. Dumoulin pode estar no início de ele próprio se transformar numa referência, mas agora terá de saber gerir esta nova fase da carreira. A primeira grande volta já tem, chegou o momento de confirmar que não foi uma vitória única e de saber lidar com desilusões sem desbaratar nas palavras no final das etapas.

A Sunweb já deu o primeiro passo para ajudar Dumoulin a tornar-se no voltista de luxo que pode muito bem ser. Ofereceu-lhe contrato até 2021 (tinha até 2018) e estará disposta a ceder aos pedidos do seu campeão. O holandês quer Wilco Kelderman e Laurens ten Dam ao seu lado. Não deverá ser problema e Ten Dam nem se importa de adiar a anunciada reforma. Com a vitória no Giro, não deveria ser problema para Dumoulin conseguir dar o salto para uma equipa com uma estrutura já mais forte. No entanto, a confirmar-se que o ciclista aceitou a proposta da Sunweb, tal é também um voto de confiança do holandês, que deverá sentir-se muito bem na equipa que sempre que lhe prometeu algo, cumpriu. Prometeram-lhe ser líder numa grande volta numa fase em que muito se falava e apostava em Warren Barguil e cumpriram. Prometeram-lhe contratar ciclistas a pensar nele e nas grandes voltas e cumpriram, como ficou provado não terem procurado um homem para substituir John Degenkolb nas clássicas e nos sprints. Agora comprometem-se a dar-lhe estabilidade e em ceder aos seus pedidos. E são necessários gregários de luxo, urgentemente. É absolutamente normal que Dumoulin acredite que este virão, ainda mais porque a sua vitória poderá ajudar a convencer outros ciclistas e também será importante para a chegada ou reforço dos patrocinadores.

E agora Dumoulin? Agora é tempo de celebrar uma vitória que quando começou o Giro100 era vista como improvável - um pódio talvez -, mas depois daquele contra-relógio na 10ª etapa começou a ser vista como muito provável. Nem aquela paragem para satisfazer as necessidades fisiológicas lhe estragou a corrida (mas lá que assustou, assustou). Esta será uma daquelas vitórias 100% lembrada pelo mérito do vencedor. Não haverá "ah, mas aquele caiu, furou, ou seja lá o que for". Mesmo com a Sky fora da luta por um acidente com uma moto da polícia, que também tirou a Dumoulin o seu braço direito, Kelderman, mesmo com um Quintana a dizer que estava com febre na última etapa de montanha do Giro, este foi um triunfo construído de luta, de sofrimento e a prova que o trabalho intenso de meses e meses pode acabar com a maior das recompensas.

E agora Dumoulin? É continuar a trabalhar, pois o que mais se deseja nesta altura é ver um confronto Dumoulin/Froome. São seis anos os que os separam, mas haverá tempo para termos um Dumoulin no seu melhor contra aquele Froome que tem feito do Tour a sua casa.

O último dia


Quick-Step Floors venceu cinco etapas e duas classificações
(Fotografia: Giro d'Italia)
Jos van Emden (Lotto-Jumbo) foi mais um holandês a subir ao pódio, mas como vencedor do contra-relógio. Até ficou mais emocionado que Dumoulin que tinha acabado de ganhar o Giro! Mikel Landa (Sky) ficou com a camisola da montanha, Fernando Gaviria (Quick-Step Floors) com a dos pontos, levando para a casa a famosa maglia ciclamino que regressou à Volta a Itália este ano e o colombiano é também o ciclista com mais vitórias: quatro. Bob Jungels (Quick-Step Floors) tirou a camisola branca da juventude a Adam Yates (Orica-Scott). O britânico foi mais um dos ciclistas prejudicado pelo incidente com a moto da polícia e nem esta classificação conseguiu segurar para salvar a sua corrida. A Movistar "limpou" a classificação por equipas, com quase uma hora de vantagem sobre a AG2R.

Ficam ainda aqui uns dados históricos sobre Dumoulin: foi o primeiro holandês a ganhar a Volta a Itália. A última vez que um ciclista venceu uma grande volta foi Joop Zoetemelk, no Tour de 1980, sendo também dele o derradeiro triunfo na Vuelta de um corredor da Holanda, em 1979.

Os portugueses

Os três representantes lusos terminaram a Volta a Itália. O destaque vai, naturalmente, para Rui Costa. O ciclista da UAE Team Emirates bem tentou a desejada etapa. Foi segundo em três etapas, com a maior frustração a ser a que perdeu ao sprint para Omar Fraile (Dimension Data). Ainda assim é uma corrida positiva para o poveiro, que pela primeira vez na carreira, aos 30 anos, competiu no Giro. Rui Costa terminou na 27ª posição, a 1:33:17 horas de Dumoulin.

José Mendes teve a oportunidade de se destacar na Bora-Hansgrohe dada a ausência de Leopold König por lesão. Porém, a equipa basicamente cumpriu todos os objectivos (e mais alguns) logo na primeira etapa, quando venceu a tirada e ficou com as camisolas todas. Depois a aposta foi na capacidade de sprint de Sam Bennett. Até Jan Bárta, outro possível líder, acabou a trabalhar para Bennett. José Mendes ainda apareceu bem em algumas etapas de montanha, mas faltou-lhe a consistência que certamente desejaria para alcançar uma classificação bem melhor que o 48º lugar, a mais de duas horas de Dumoulin. Porém, fez o que pôde numa equipa que sem König deixou de ter pretensões à geral. E, claro, sonho cumprido para o campeão nacional: participou nas três grandes voltas na carreira.

Também José Gonçalves se estreou no Giro. Foi uma pena que não tenha tido mais liberdade para entrar numa fuga e discutir uma etapa. O ciclista da Katusha-Alpecin teve o papel de acompanhar o líder Ilnur Zakarin e que bem o cumpriu. Foram várias as vezes que se o viu a trabalhar na frente da corrida, fosse para posicionar melhor o russo, fosse para perseguir, fosse para abrir caminho a algum ataque. Foi 60º, com mais de duas horas de atraso, mas certamente que a equipa estará muito satisfeita com o português. É o seu primeiro ano no World Tour, tem apenas contrato para 2017, mas vai dando demonstrações que está onde merece estar e que merece continuar por lá.

Veja aqui o resultado do contra-relógio final e as classificações finais do Giro100.


Giro d'Italia - Stage 21 - Highlights por giroditalia


»»53 segundos para resolver um Giro virado ao contrário««

»»Batalha na estrada, rumor que lançou a confusão, pazes feitas, vitória de Landa, Quintana de rosa. Que grande dia no Giro!««

Efapel acaba com jejum e W52-FC Porto continua a vencer

(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
Não ganha com um, ganha com outro. A W52-FC Porto continuou a sua senda de vitórias no Grande Prémio Jornal de Notícias, com Raúl Alarcón a ser o homem do momento da equipa. O espanhol vem de uma vitória na geral da Volta às Astúrias e de um segundo lugar em Madrid e agora juntou mais duas etapas e também a geral de uma das corridas mais importantes do calendário nacional. Há um ano tinha sido Rafael Reis a triunfar, tendo a camisola amarela continuado assim na equipa, desde o primeiro dia. Porém, destaque também para a Efapel. A equipa de Américo Silva ainda estava em branco em 2017, mas parece ter reencontrado o caminho das vitórias, com Daniel Mestre a vencer duas etapas, a primeira sempre com um sentimento especial, já que foi em Ovar, terra natal da equipa.

A W52-FC Porto tomou a liderança logo no primeiro dia ao ser a mais forte por apenas um segundo no contra-relógio por equipas. Então foi Amaro Antunes quem vestiu a amarela. Raúl Alarcón herdou-a no dia seguinte e na sexta-feira, com direito a jornada dupla, o espanhol venceu as duas etapas e consolidou a liderança que não mais perderia. João Benta (Rádio Popular-Boavista) terminou a 20 segundos, com Rui Vinhas, colega de Alarcón, a fechar o pódio a 23 segundos. Foi mais um bom resultado para o vencedor da Volta a Portugal de 2016.

“Foi uma corrida fantástica. A chave do triunfo foi a jornada dupla, aquela quem que marquei a diferença para os rivais. Mas sem equipa não teria vencido porque foram os meus companheiros que seguraram a vantagem nas duas etapas seguintes”, explicou Alarcón, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo. O espanhol conquistou ainda a classificação por pontos, enquanto César Fonte (LA Alumínios-Metalusa-BlackJack) venceu a da montanha. Por equipas, a W52-FC Porto deixou a Rádio Popular-Boavista e a Efapel a mais de dois minutos. Pode ver aqui as classificações completas.

(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
A Efapel acabou por estar também em destaque. A equipa de Ovar tem sido das mais ganhadores nos últimos anos, mas 2017 não estava a ser fácil. Parece que ganhou impulso com os bons resultados no fim-de-semana passado em Espanha e agora conseguiu não uma, mas duas vitórias, ambas por intermédio de Daniel Mestre, que terminou em quarto na geral. “Faço um balanço positivo da minha participação e da participação da equipa nesta corrida. O nosso principal objectivo era ganhar etapas e vencemos duas", salientou Mestre.

Américo Silva não escondeu a felicidade por estar finalmente a ver os seus ciclistas a somarem triunfos. "É a prova que este conjunto fantástico de corredores tem um valor tremendo e que seria apenas uma questão de tempo para que os triunfos aparecessem", afirmou o director desportivo, no comunicado da equipa.

No próximo fim-de-semana há mais ciclismo, com o o Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela.

Maaris Meier conquista Taça de Portugal

(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
A estoniana da (Maiatos/Reabnorte) venceu a quinta e última etapa da competição, assegurando assim a conquista do troféu. Maaris Meier tinha uma curta vantagem, mas soube impor-se no exigente circuito em Gouveia (71,2 km). Na categoria de elite, Meier totalizou 165 pontos, contra os 112 de Fiona Hunter-Johnston (Fusion Fierlan RT) e os 95 de Irina Coelho.

Em juniores o troféu ficou para Marta Branco (Maiatos/Reabnorte) e em cadetes foi Daniela Campos a vencedora. Já em masters, a mais forte foi Elisete Sousa (5 Quinas/Município de Albufeira).

»»Efapel com dois ciclistas no pódio na Volta a Castela e Leão««

»»Raúl Alarcón vence Volta às Astúrias e deixa Nairo Quintana no segundo lugar. W52-FC Porto foi a melhor equipa««

27 de maio de 2017

53 segundos para resolver um Giro virado ao contrário

(Fotografia: Giro d'Italia)
Estão todos de acordo que Tom Dumoulin é o favorito para o contra-relógio final da Volta a Itália. Nairo Quintana, Vincenzo Nibali e Thibaut Pinot assim o dizem, mas os três homens que agora estão nos lugares do pódio - ironicamente foi o holandês quem acabou por sair, depois de ter desejado que o colombiano e o italiano não terminassem nessas posições - também deixaram a ressalva que tudo por acontecer. São 53 segundos que o líder da Subweb tem de recuperar para agarrar um Giro que merece. Contudo, merecer não chega. Dumoulin precisa de mais uma grande exibição num Giro virado ao contrário.

Vejamos: Quintana (Movistar) é o líder com 39 segundos sobre Nibali, 43 sobre Pinot e os tais 53 sobre Dumoulin. Dos ciclistas presentes no Giro é aquele que é visto como o melhor voltista do momento - por lá faltam, claro, Chris Froome e Alberto Contador - e era o candidato dos candidatos quando a corrida começou. Porém, as suas exibições em Itália não convenceram e com apenas o contra-relógio para definir o vencedor, Quintana consegue agora ser o candidato mais forte a ficar fora do pódio. No primeiro esforço individual, na 10ª etapa, Quintana perdeu cerca de quatro segundos por quilómetro para Dumoulin. Foram 39,8. neste domingo serão 29,3. Além do factor óbvio da menor distância, coloca-se também a questão que entretanto os ciclistas passaram pelas principais montanhas da prova, o que faz que o desgaste seja muito maior e poderá provocar algumas dificuldades a Dumoulin para voltar a estar a tão bom nível. Sendo uma etapa mais curta, Quintana, mesmo cansado, terá uma melhor oportunidade para se tentar defender. No entanto, Dumoulin "só" tem de recuperar cerca de dois segundos por quilómetro ao colombiano.

Nibali (Bahrain-Merida) é segundo e até tem capacidade para ele próprio tirar Quintana da liderança, contudo, tem um problema chamado Thibaut Pinot. O francês da FDJ teve uma melhoria incrível nos últimos dois anos no contra-relógio, sendo inclusivamente o campeão nacional da especialidade. O primeiro não lhe correu nada bem. Foi com pretensões de até tentar vencer essa etapa, mas acabou a 2:42 de Dumoulin. Porém, há que ter em conta que Pinot foi provavelmente o ciclista mais forte nesta terceira semana, pelo que é também ele neste momento um candidato a vencer o Giro. No entanto, Pinot, Nibali e Quintana estarão sempre dependentes do que irá fazer Dumoulin.

Portanto, o quarto classificado é o favorito para ganhar o Giro, o terceiro também pode vencer, mas, quanto muito, tem tudo para ser segundo. O segundo pode descer a terceiro e o líder arrisca a nem ir ao pódio. Se alguém se lembrar de algo idêntico alguma vez ter acontecido numa grande volta, por favor partilhe!

Ilnur Zakarin (a 1:15) e Domenico Pozzovivo (1:30) não estão longe, é certo, mas o russo da Katusha-Alpecin sabe que tem muito a melhorar no contra-relógio comparativamente com os três ciclistas que estão à sua frente. Porém, Quintana é um alvo que Zakarin poderá ter na sua mira, ainda que a diferença deverá ser grande de mais, tendo em conta que Quintana não irá poupar qualquer energia. Quanto a Pozzovivo, o ciclista da AG2R esteve muito bem neste Giro, mas o contra-relógio não é para ele e a preocupação do italiano será defender a sua posição, tendo quase dois minutos para gerir para Bauke Mollema (Trek-Segafredo).

São 29,3 quilómetros para decidir um Giro que viveu de um super Dumoulin e das últimas duas etapas em que finalmente houve emoção, além, claro, da paragem muito pouco estratégica do holandês devido à... dor de barriga!

Última etapa de montanha com todos ao ataque e sem poupanças de esforços


Pinot venceu a 20ª etapa (Fotografia: Giro d'Italia)
Antes do contra-relógio foi o tudo por tudo para ganhar tempo a Dumoulin, enquanto o holandês deu tudo o que tinha e não tinha para não ceder muito mais. No final perdeu 15 segundos. Terá sido de mais? Quintana e Nibali deveriam ter conseguido uma vantagem maior? Não vale a pena especular. Este domingo já vamos conhecer a resposta.

A verdade é que foi uma etapa ao estilo do que se costuma ver no Giro. Todos ao ataque. Na frente juntaram-se Zakarin e Pozzovivo, depois apanhados por Nibali, Quintana e um Pinot que ao perceber que não ia conseguir ganhar muito tempo na estrada, lutou pela etapa e pelos dez segundos de bonificação. O francês confirmou o seu bom momento nesta terceira semana com a conquista da tirada.

Atrás deste grupo estava Dumoulin, Bob Jungels (Quick-Step Floors), Adam Yates (Orica-Scott) e Bauke Mollema (Trek-Segafredo). Que bem trabalharam todos, unidos quase em torno do holandês, já que para os restantes o objectivo não era mais do que não perder muito tempo, que ainda assim não faria grande diferença. A aliança com Jungels foi a mais visível, com o luxemburguês a passar muito tempo na frente. Não surpreendeu que no final Dumoulin tenha feito um agradecimento público aos três companheiros de ocasião, admitindo que sem eles teria perdido mais tempo.

Um bom espectáculo para preparar um último acto como se queria (da perspectiva de quem assiste ao Giro, claro): indefinição do vencedor até final. Da última vez que um contra-relógio fechou uma Volta a Itália, em 2012, Ryder Hesjedal tirou a tão desejada vitória numa grande volta a Joaquim Rodríguez, que perdeu a rosa e ficou em segundo. Hesjedal tornou-se no primeiro canadiano a vencer uma competição de três semanas. Irá a história repetir-se, mas com protagonistas diferentes? Ou irá Quintana fazer o que ninguém parece acreditar e ficar com a maglia rosa do Giro100?

Em discussão estará ainda a camisola branca da juventude com 28 segundos a separar Bob Jungels de Adam Yates, com o britânico a ter uma missão muito difícil pela frente para manter a liderança, tendo em conta a superioridade do luxemburguês no esforço individual. Já Fernando Gaviria (Quick-Step Floors) irá ficar com a maglia ciclamino, somando 325 pontos, contra os 192 de Jasper Stuyven (Trek-Segafredo), enquanto Mikel Landa é o rei da montanha, ficando com a camisola azul ao somar mais 106 pontos que Luis Leon Sánchez (Astana). Por equipas, a Movistar só não ganha se desistir em bloco, tendo em conta que tem 57:06 minutos sobre a AG2R.

Veja aqui o resultado da 20ª etapa e como estão as classificações antes do derradeiro dia do Giro100.


Giro d'Italia - Stage 20 - Highlight por giroditalia


»»Batalha na estrada, rumor que lançou a confusão, pazes feitas, vitória de Landa, Quintana de rosa. Que grande dia no Giro!««

»»Dumoulin e o desejo de ver Quintana e Nibali fora do pódio (agora é que o Giro anima de vez)««

26 de maio de 2017

Batalha na estrada, rumor que lançou a confusão, pazes feitas, vitória de Landa, Quintana de rosa. Que grande dia no Giro!

(Fotografia: Giro d'Italia)
Custou, mas a animação chegou em força ao Giro100 e agora será até final (esperemos bem que sim e que ninguém tenha mais dores de barriga...). Depois das palavras de Tom Dumoulin - desejou que Nairo Quintana e Vincenzo Nibali perdessem os lugares no pódio - era de esperar que a etapa desta sexta-feira fosse mais complicada para o holandês. E assim foi, ainda que tenha sido novamente o ciclista da Sunweb a ser o principal responsável por ter perdido tempo e desta vez não segurou a maglia rosa. Primeiro distraiu-se e deixou escapar os rivais na primeira descida do dia - não, a Movistar e a Bahrain-Merida não atacaram quando Dumoulin estava a urinar, seria demasiado mau perder o Giro pelas questões fisiológicas (!) -, depois de tanto sofrer, finalmente o holandês cedeu numa subida. De 31 segundos de vantagem, tem agora 38 para recuperar para Nairo Quintana. Preocupado? Não pareceu nem um bocadinho e admitiu que cedo sentiu que não tinha pernas para acompanhar os rivais. E sim, Dumoulin está mais calmo nas palavras. Até pediu desculpa a Nibali!

Foi um dia de emoções fortes, com Rui Costa a ser pela terceira vez segundo na etapa. Mas já voltaremos ao ciclista português. A duas etapas do fim do Giro, as atenções estão, inevitavelmente, centradas na luta pela geral, com 1:30 minutos a separar o primeiro do sexto, Domenico Pozzovivo. O dia ficou marcado pela notícia, que não se confirmou, que a Movistar e a Bahrain-Merida teriam atacado quando Dumoulin estava a urinar. Durante alguns minutos foi a confusão total, com um reboliço nas redes sociais que deve ter deixado os ciclistas das duas equipas com as orelhas bem quentes... Era verdade, não era verdade... No final Tom Dumoulin esclareceu que perdeu o contacto quando tomou a decisão táctica de se deixar ficar um pouco para trás na descida, acabando por não estar bem colocado quando os rivais atacaram. "A minha equipa salvou-me o cu", disse e sim, parece que percebeu que tem de ter tento nas palavras, mas ainda não aprendeu a escolher algumas expressões.

Dumoulin acabou por ter alguma sorte, pois para trás ficaram também Adam Yates (e muito trabalhou o britânico), Bauke Mollema e Steven Kruijswijk. Lá conseguiram apanhar Quintana, Nibali e companhia, mas muita energia foi desperdiçada por um erro táctico. Logo no início da derradeira subida, o holandês começou a fraquejar. Muito pode agradecer a Simon Geschke, que fez uma das melhores etapas de montanha da sua carreira. Certamente que a Sunweb nunca mais se vai esquecer dele no hotel, como aconteceu neste Giro. Piancavallo era uma subida muito dura, com a pendente máxima a chegar aos 14%. O melhor do top dez foi mesmo Thibaut Pinot (FDJ) que está claramente muito melhor nesta terceira semana e tem o pódio a dez segundos. Mas será que o francês não vai tentar ser mais ambicioso? Tem 53 segundos de desvantagem e é melhor contra-relogista que Nairo Quintana e pode muito bem bater Nibali. Claro que neste aspecto Dumoulin é melhor, mas ainda falta uma etapa de montanha para ganhar mais tempo.

Nairo Quintana assumiu novamente a liderança, que foi dele durante o dia do contra-relógio em que foi banalizado por um super Dumoulin. Porém, o colombiano continua a ser uma desilusão. Onde está aquele Quintana que ataca nas subidas deixando todos em dificuldades? Não está no Giro certamente. É um Quintana a gerir esforço, falta saber se é porque não está bem ou porque o Tour está mais no pensamento do ciclista do que o colombiano tem admitido. Ou então as duas razões. É líder, mas está longe de ter o Giro garantido. Tem um dia para tentar ganhar mais um minuto, pelo menos, pois ainda assim 1:38 poderá não chegar para defender a maglia rosa no contra-relógio.

Nibali convence ainda menos, ainda que tenha sido ele a acelerar e a levar com ele Quintana, que depois até o ultrapassou. São 43 segundos que o separam da liderança, mas ou está a guardar o melhor para o fim, ou é mais candidato a perder o pódio do que a ganhar o Giro.

Dizer que Ilnur Zakarin pode ganhar a Volta a Itália (1:21) é capaz de ser algo demasiado optimista, mas ainda não vimos aquele russo voador (se há uma camisola vermelha aberta, tipo capa, é muito provável que seja Zakarin), com capacidade para bater os melhores, mas atenção à última etapa de montanha este sábado. Já Domenico Pozzovivo (AG2R), provavelmente nunca pensou estar nesta posição a duas tiradas do fim. Mas tendo em conta que é um péssimo contra-relogista, até o pódio será difícil. Contudo, lutar pela etapa e ainda tentar melhorar a classificação poderão passar pela cabeça do pequeno italiano.

Se Dumoulin não tivesse tido aquela dor de barriga, a conversa agora seria diferente. Mesmo com as dificuldades demonstradas nesta 19ª etapa, o holandês ainda seria líder e com o contra-relógio final a beneficiá-lo, o discurso se calhar seria mais do género "é preciso uma catástrofe para perder o Giro". Quanto a isso basta falar com Steven Kruijswijk que sabe bem que os azares acontecem quando a glória parece estar tão perto.

Com o panorama actual e já que houve a tal dor de barriga para mexer com a classificação geral - um adepto ofereceu hoje papel higiénico a Dumoulin -, nesta altura o holandês continua a ser o favorito para ganhar o Giro. Mas a quebra de hoje levanta mais uma questão (bom, duas) a Dumoulin, que muito tem respondido a uma série de dúvidas sobre ele nesta corrida: "Como vão estar as pernas? Vai recuperar e pelo menos não perder muito mais tempo?

Faltam 190 quilómetros, entre Pordenone e Asiago, e duas subidas de primeira categoria para Dumoulin aguentar e Quintana, Nibali, Pinot e Zakarin atacarem. Depois, no domingo, será o dia de um contra-relógio que se fala há meses.


Antes de muita luta na estrada, pazes feitas na televisão

Ciclistas fizeram as pazes (Fotografia: Giro d'Italia)
Talvez seja dos 26 anos, talvez seja simplesmente a sua personalidade, mas Dumoulin por mais do que uma vez não se coibiu de dizer o que lhe ia na mente, tendo claramente ido longe de mais ao desejar que Quintana e Nibali ficassem fora do pódio. Nibali respondeu, dizendo que o holandês era "pretensioso" e Dumoulin mandou uma espécie de "olha quem fala". Rivalidade criada, não há dúvida, mas o ciclista da Sunweb mostrou-se hoje mais calmo e principalmente mais sensato.

"Precisamos de falar com as pernas e não com a boca. Eu disse algo tomado pelas emoções. Não foi correcto e peço desculpa por não ter tido mais respeito. Desculpa", disse Dumoulin a Nibali, quando o italiano estava a ser entrevistado para um canal de televisão antes do início da 19ª etapa. Nibali sorriu e respondeu com boa disposição: "Pelo menos houve algo para se falar e para os media escreverem!"

Gesto muito correcto de Dumoulin, mas não significa que o que disse seja esquecido. Porém, que a rivalidade seja apenas notória na estrada com ataques pela vitória e não ataques verbais.

Landa finalmente venceu, Rui Costa volta a ser segundo

(Fotografia: Giro d'Italia)
O ciclista português já tem o "prémio" do ciclista com mais segundos lugares no Giro (prémio Sagan?!) Desta vez não há nada a apontar. Mikel Landa foi simplesmente mais forte. Landa é simplesmente um dos melhores trepadores e veste com justiça a camisola da liderança da classificação da montanha. Rui Costa entrou na fuga inicial e foi ele quem lançou o ataque quando foi preciso voltar a fugir ao grupo dos candidatos. Foi ele quem foi buscar um Luis Leon Sanchez que tanto procura aquela vitória para dedicar a Michele Scarponi, mas que começa a parecer que não vai acontecer. Rui Costa bem tentou, mas quando Landa decidiu impor um ritmo elevado, o poveiro não conseguiu acompanhá-lo. Há que saber aceitar a derrota: o espanhol mereceu a vitória.

Rui Costa também já merece o seu grande momento na Volta a Itália. Tem mais uma oportunidade. É certo que o cansaço deve ser grande, mas agora já não há mesmo nada a perder. Este sábado é o tudo ou nada para o campeão do mundo de 2013 cumprir um dos seus principais objectivos do ano. "É claro que eu preferia ganhar, mas não sendo a vitória para mim, nem para a minha equipa, fico feliz por ele ter ganho. Landa foi dos corredores que mais lutou, neste Giro, por uma vitória de etapa", escreveu Rui Costa no seu blogue. Acrescentou que acredita que se Dumoulin não perder mais tempo que será o provável vencedor do Giro: "Desejo apenas que vença o mais forte e de forma honesta."

Quanto a Mikel Landa, o espanhol confessou que aprendeu uma importante lição neste Giro: "É preciso insistir." E realmente Landa insistiu, insistiu, recuperou da desilusão da queda que o retirou da luta pela vitória na Volta a Itália, recuperou de dois segundos lugares ao perder ao sprint... É uma pena que não se tenha tido a oportunidade de ver se o ciclista da Sky poderia mesmo ter condições para estar na discussão com Dumoulin, Quintana, Nibali, Pinot e Zakarin. E Landa está de novo na ribalta, numa altura em que Espanha surgiram notícias que já terá acordo para regressar à Astana em 2018, agora como um dos líderes da equipa cazaque.

Uma última nota. O ciclista da Trek-Segafredo, Eugenio Alafaci, atirou um bidão contra Rory Sutherland  (Movistar), depois deste se ter desviado repentinamente, tapando o caminho ao italiano. Um gesto que poderia ter resultado em consequências graves, já que o bidão caiu para o meio da estrada, com o pelotão a estar naquele momento bem composto e o incidente ocorreu na frente. Depois de Javier Moreno (Bahrain-Merida) ter sido expulso por ter empurrado Diego Rosa (Sky), esperava-se medida idêntica, mas Alafaci terá apenas de pagar 200 francos suíços de multa (cerca de 184 euros) e foi ainda sancionado com um minuto de penalização, algo que não é preocupante tendo em conta as mais de quatro horas de atraso que tem para o actual líder, Nairo Quintana.

Veja aqui as classificações do Giro100 quando faltam duas etapas para terminar.


Giro d'Italia 2017 - Stage 19 - Highlights por giroditalia


»»Dumoulin e o desejo de ver Quintana e Nibali fora do pódio (agora é que o Giro anima de vez)««

»»Rui Costa finalmente teve equipa, mas no momento decisivo falhou e a etapa escapou... Outra vez««