28 de abril de 2017

Chris Froome mostra porque é um grande líder na vitória de Elia Viviani

Primeira vitória do ano para Elia Viviani (Fotografia: Facebook Volta à Romandia)
Como compensar um ciclista italiano com capacidade de lutar por vitórias, que está numa das principais equipas mundiais e que foi excluído no Giro100, a Volta a Itália onde todos os transalpinos querem estar? Chris Froome mostrou como se pode tentar compensar. É difícil ser uma compensação completa. Elia Viviani não esconde a tristeza por não ter sido chamado para a 100ª edição do Giro, mas Froome mostrou que um líder não é apenas aquele que tem uma equipa a trabalhar para ele, é um líder que sabe motivar os colegas, trabalhando ele também quando é preciso.

Foi uma atitude muito bonita. É certo que ir na frente de um sprint é algo normal para os homens da geral, que tentam assim evitar problemas que lhes possam custar segundos. Mas Froome não esteve na frente para se proteger. Trabalhou, pedalou que nem um gregário que prepara os sprints, dando grande velocidade ao pelotão, sempre a pensar que a terceira etapa da Volta à Romandia podia ir para Viviani. E se havia dia que Froome queria ver o colega ganhar e sabia que um triunfo poderia fazer a diferença era hoje, numa tentativa de garantir que o italiano não perca motivação perante a tristeza de ter de ver o Giro pela televisão.

Foi um exemplo de liderança. Um chefe-de-fila tem de respeitar para ser respeitado e o que fez Froome foi de um companheirismo exemplar. São atitudes destas que fazem com que bons ciclistas não se importem de sacrificar resultados próprios, para garantir que o britânico conquiste mais uma Volta a França.



A notícia surpresa do dia foi mesmo essa: Elia Viviani não vai ao Giro100. Já se sabia que a Sky ia apostar forte com a dupla Geraint Thomas e Mikel Landa, mas sempre se acreditou que Viviani teria o seu lugar, mesmo que não tivesse ajuda nas etapas ao sprint, situação a que até está habituado desde que foi para a formação britânica. No entanto, a equipa vai mesmo atacar com toda a força a geral e quer todos os ciclistas concentrados nesse objectivo, descartando aquele que seria para tentar etapas aos sprints e que não seria uma ajuda nas muitas etapas montanhosas da Volta a Itália.

"Claro que estou desiludido por falhar o Giro, mas a táctica da equipa é ir a 100% pela geral com o Thomas. Já se sabe como é com a Sky quando vai pela geral, como acontece no Tour. Eu compreendo. Eu queria lá estar, mas esta foi a decisão", afirmou um conformado Viviani ao Cycling News. O sprinter acabou também, sem querer, por desfazer qualquer dúvida que poderia haver: Thomas é mesmo o líder, Landa será um plano B. Viviani ainda referiu como é uma edição especial do Giro, ainda mais com o regresso da camisola ciclamino para o líder da classificação por pontos, que claramente tinha o objectivo de tentar ganhar. "Depois da Volta aos Alpes, ele [Thomas] mostrou estar muito confiante em ganhar ou estar no pódio [no Giro]. Espero vê-lo na frente da corrida", acrescentou.

Viviani terá de se contentar com a Volta à Califórnia, que este ano integra pela primeira vez o calendário World Tour. É uma competição que nos últimos anos tem atraído bons ciclistas, como Peter Sagan e Julian Alaphilippe. Porém, será um teste à capacidade mental de Viviani, que terá de reagir àquela que poderá ser a maior desilusão da sua carreira, pois não terá a possibilidade de sequer tentar escrever o seu nome no Giro100.

A ver vamos o que esta situação poderá resultar na relação futura entre Sky e Viviani. O italiano foi para a equipa britânica em 2015, mas não tem sido fácil ganhar corridas, pois está normalmente sozinho, ou apenas com um companheiro, quando vai para os sprints. Mark Cavendish rapidamente saiu da equipa quando percebeu que apesar do seu brilhante currículo, seria sempre preterido em prol da protecção do então líder Bradley Wiggins. Viviani não se importou de ter um papel mais solitário na procura de vitórias. 

Porém, elas têm sido poucas - esta foi a primeira em 2017 - e já se vai discutindo o futuro do ciclista na equipa. Tem contrato até 2018 e a decisão de o deixar de fora da especial Volta a Itália, que começa na próxima sexta-feira, poderá servir de "empurrão" para o transalpino começar a pensar numa mudança. Tem 28 anos (feitos em Fevereiro) e não seria de admirar se tentasse procurar uma equipa que o pudesse ajudar a somar mais vitórias. Pode parecer que não ganha muito, mas a verdade é que tem 41 triunfos como profissional, muitas delas ao serviço da Liquigas, que depois se uniu à Cannondale.

O que Froome fez é de líder e certamente que Viviani apreciou o gesto, mas a desilusão e a frustração dificilmente irão desaparecer, principalmente quando o Giro começar e o italiano não estiver lá.

A Sky vai ter na Volta a Itália Geraint Thomas, Mikel Landa, Kenny Elissonde, Philip Deignan, Michal Golas, Vasil Kiryienka, Sebastián Henao, Diego Rosa e Salvatore Puccio.




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