4 de março de 2017

"Sem Tony Martin e Kristoff tive mais liberdade. Tenho de aproveitar estas oportunidades"

(Fotografia: Facebook Katusha-Alpecin)
Numa corrida que normalmente é marcada por ataques e contra-ataques, parecia destinado que José Gonçalves fosse uma das suas figuras. O ciclista português da Katusha-Alpecin adora essa forma de competir: ao ataque. É um corredor determinado e muito forte em terrenos difíceis e no sterrato da Strade Bianche - em muitos sectores transformado em lama devido à chuva - José Gonçalves mostrou porque tem calibre World Tour. As oportunidades para se mostrar poderão não ser muitas dado o plantel de qualidade que a formação liderada por José Azevedo tem. Mas a primeira que lhe foi dada, o corredor de Barcelos agarrou como tão bem o sabe fazer. Andou 130 quilómetros no limite. Aguentou quando o grupo de perseguidores (que contava com os três ciclistas que acabaram no pódio, Kwiatkowski, Avermaet e Wellens) o apanhou e aos companheiros da fuga e até continuou a colaborar na frente. As forças terminaram a 20 quilómetros do fim. O top 10 ficou a 18 segundos, mas o 11º lugar é um excelente resultado no ano de estreia no principal escalão e é também a forma de mostrar aos responsáveis da Katusha-Alpecin que podem contar com ele não só para estar ao lado dos líderes, mas para lutar por vitórias.

No entanto, José Gonçalves não se deixa deslumbrar pela performance na clássica italiana e mantém-se focado em ser um ciclista importante para a equipa, mostrando-se paciente em esperar pela próxima oportunidade. "Não vou ter mais liberdade nas clássicas. Sem o Tony Martin e o Alexander Kristoff tive mais liberdade, mas quando eles estão é difícil", afirmou ao Volta ao Ciclismo. Muito satisfeito com o 11º lugar, José Gonçalves realçou que tem de aproveitar quando pode entrar nas fugas, mas o objectivo de 2017 é adaptar-se ao World Tour para começar a sonhar com outras corridas. "Gostaria de estar na Volta a Flandres ou Paris-Roubaix, mas este ano acho que não irá acontecer. Só em 2018. Tenho de ganhar um pouco mais de experiência", referiu o ciclista.

José Gonçalves contou que a Strade Bianche foi uma corrida complicada, ainda mais devido à chuva e às quedas que condicionaram alguns ciclistas. Lutou até as forças o deixarem. "[Nos últimos 20 quilómetros] já vinha no limite e não deu mais", desabafou sobre o momento em que não conseguiu manter-se no grupo da frente. A equipa deu-lhe os parabéns pelo resultado e nas redes sociais expressou o orgulho pela exibição do seu ciclista. Mas agora é tempo de recuperar e pensar nos próximos desafios. Viaja agora para a Holanda para duas corridas com pavé, antes de ir para Espanha e atacar o Grande Prémio Miguel Indurain e a Volta ao País Basco.

"Vou continuar a trabalhar para apresentar resultados e assim tentar renovar contrato", afirmou José Gonçalves, que assinou pela equipa suíça apenas por um ano. "Sinto-me bem na Katusha-Alpecin. É uma boa equipa e ajuda ter um director [José Azevedo] e um companheiro [Tiago Machado] portugueses. Isso é também importante", admitiu, rematando: "O 11º lugar da Strade Bianche é um bom início [de temporada]." José Gonçalves esteve no Tour Down Under, na Cadel Evans Great Ocean Road Race e na Volta ao Algarve, pautando as suas exibições pela regularidade no trabalho para os líderes, sendo que na última etapa da Algarvia também esteve envolvido na fuga. Quando tiver espaço para se mostrar, claramente o José Gonçalves de ataque - característica que tem marcado a sua carreira - vai aparecer.

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