30 de março de 2017

Resultados da Trek-Segafredo nas clássicas estão a desiludir e já se sente a falta de Cancellara

Fabian Cancellara deixou saudades na Trek-Segafredo
(Fotografia: Facebook de Fabian Cancellara)
Um ciclista como Fabian Cancellara estava destinado a deixar muitas saudades. Afinal foram 75 vitórias como profissional, com natural destaque para as clássicas, mas não só. Vencedor de sete monumentos, a decisão de terminar a carreira deu maior liberdade financeira à Trek-Segafredo para contratar - o suíço era dos ciclistas mais bem pagos do pelotão -, mas a principal aposta, John Degenkolb, não está a render o esperado e a prata da casa também não está comprovar as expectativas criadas "Os resultados nesta altura não são suficientemente bons. Para ser sincero, esperava mais." As palavras são do director desportivo Dirk Demol, que elogia os seus ciclistas, mas diz estar a faltar o "instinto de matador" que tinha Cancellara.

A equipa americana conta apenas com quatro vitórias em 2017 e nenhuma delas nesta época de clássicas. Como tem sido tradição, a Trek-Segafredo aposta sempre forte nesta fase e entre 2011 e 2016 contou com um dos melhores ciclistas deste estilo de corridas. "Era um dos pontos fortes do Fabian, ele conseguia antecipar qualquer situação. Ele era do género... vai. Sinto um pouco falta disso, daquela agressividade no momento certo. Não penses, vai!" Demol refere-se ao facto de Degenkolb ter trabalhado muito bem na Milano-Sanremo, E3 Harelbeke e na Gent-Wevelgem, contudo, ficou para trás quando se deram os ataques que acabaram por resultar nos grupos que lutaram pela vitória.

"Eles [ciclistas da equipa] às vezes hesitam um segundo e um segundo é demasiado. Se os homens principais vão, tu não podes pensar 'devo ir com ele ou não?'. [Nessa altura] já é tarde", referiu Dirk Demol em declarações ao Cycling News. "Vou apoiar os meus rapazes a 100%, mas não alcançámos os resultados que poderíamos ter feito", acrescentou. Demol realçou que não está a criticar Degenkolb e até elogia o ciclista alemão, dizendo que gosta de trabalhar com ele, visto ser um ciclista decidido e que sabe o que quer: "Claro que ele está desiludido. Ele quer ganhar e quando se tem essa desilusão é um bom sinal que se vai fazer melhor da próxima vez."

Para o director desportivo, o grupo que a Trek-Segafredo tem para as clássicas é forte, mas tem cometido alguns erros em momentos chaves. Com a fase das corridas do pavé a terminar, Dirk Demol deixou garantias que a equipa irá estar "a todo o gás" na Volta a Flandres, este domingo, e no Paris-Roubaix (9 de Abril).

John Degenkolb sabia que apesar de ser um ciclista já com vitórias importantes, iria para a equipa americana para ocupar o lugar de líder nas clássicas, deixado vago com a retirada de um dos mais carismáticos dos últimos anos: Fabian Cancellara, o Spartacus do ciclismo. O alemão procurava novos ares depois de um ano para esquecer na Giant-Alpecin, muito devido ao atropelamento de que foi vítima ainda na pré-época. Degenkolb tem dado demonstrações que está a regressar ao seu melhor. Venceu uma etapa na Volta a Abu Dhabi em Fevereiro, mas nas corridas que mais aposta, até tem demonstrado ter capacidade para seguir ao ritmo de Peter Sagan e Greg van Avermaet, as duas principais referências neste momento, mas falhou sempre quando precisou de reagir a ataques.

O alemão tem 28 anos, pelo que não entrará em desespero se este ano falhar os seus objectivos. No entanto, será difícil esconder alguma frustração. Ainda faltam dois monumentos que lhe agradam e recorde-se que já venceu o Paris-Roubaix em 2015. Degenkolb está com "fome" de grandes triunfos, depois daquele tremendo ano de 2015 e as palavras de Demol espera-se que tenham o condão de o motivar ainda mais. Não é e nunca será Cancellara, nem se pretende isso, mas Degenkolb quer e tem potencial para conquistar muito mais.

Outro dos ciclistas visado nas palavras de Demol acaba por ser também Jasper Stuyven. O belga de 24 anos venceu em 2016 a Kuurne-Bruxelles-Kuurne, mas este ano esperava-se um pouco mais. É certo que nessa corrida voltou a estar bem, terminando em segundo, foi oitavo na Omloop Het Nieuwsblad, mas os resultados na Strade Bianche, E3 Harelbeke e Gent-Wevelgem ficaram muito aquém do desejado. É ainda um corredor jovem, mas a expectativa é enorme por tudo o que já demonstrou.

A pressão é naturalmente maior para Degenkolb, mas Stuyven sabe que terá de melhorar as suas exibições e principalmente os resultados. Para a Trek-Segafredo, terminar a época das clássicas sem uma grande vitórias será uma enorme desilusão, ainda mais tendo em conta que tem também Fabio Felline e Edward Theuns, este último com mais espaço de manobra, visto estar a recuperar sensações depois de no ano passado, na Volta a França, ter sofrido uma queda que poderia ter acabado com a sua carreira.

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