31 de março de 2017

O segredo do sucesso de Valverde aos 36 anos e o que seria se não fosse ciclista

(Fotografia: Facebook Movistar)
Os anos passam e as vitórias continuam a aparecer a bom ritmo para Alejandro Valverde. O ciclista espanhol é mesmo o caso que a idade é apenas um número porque no que diz respeito a rendimento, Valverde continua a estar ao melhor nível e em 2017 já conquistou a Volta a Múrcia, a Volta à Andaluzia (mais uma etapa) e a Volta à Catalunha (mais três etapas). E não se pense que está a pensar em abrandar. Já este sábado quer conquistar o Grande Prémio Miguel Indurain e a Volta ao País Basco é o objectivo seguinte, antes de partir para uma das suas semanas preferidas do ano: das Ardenas.

Com contrato até 2019, a confiança da Movistar em Valverde é exclusivamente para ser um líder. A manutenção do ciclista na equipa acontece porque dá garantias de triunfos e não já a pensar que o espanhol pode partilhar a sua experiência e ajudar os mais jovens, como por vezes acontece com corredores mais veteranos. Naturalmente que também o fará, mas Valverde ensina melhor ao mostrar como se conquistam vitórias e algumas em grande estilo. Perante tanto sucesso, apesar dos 36 anos (faz 37 a 25 de Abril), é normal que se coloque a pergunta de qual é o segredo do sucesso. Sim, parte da resposta acaba por ser o esperado: ter muito cuidado com a alimentação, treinos bem estruturados, saber quando descansar... "A diferença é que já fiz tudo no ciclismo e corro sem pressão. Tenho-a, mas compito com mais tranquilidade. Quero fazer as coisas bem e ganhar por mim, pela equipa e pelos adeptos, mas a pressão não é como antes. Corre-se melhor assim", explicou numa entrevista ao jornal espanhol Mundo Deportivo.

Valverde admitiu que ele próprio está surpreendido com a forma que apresenta actualmente: "As sensações são muito boas e estou muito bem. Não são piores do que noutros anos. Até me surpreende a mim mesmo." O espanhol alcançou este ano a fantástica marca de 100 primeiros lugares como profissional, aliás, já vai em 103. Referiu que agora dá muito importância aos pormenores, ao contrário do que acontecia na juventude e apesar de estar concentrado nas próximas corridas, é impossível não pensar na Volta a Espanha, onde deverá ser o líder da Movistar, com Nairo Quintana a estar no Giro e Tour. Porém, falta um triunfo no impressionante currículo de Valverde: um título mundial. "Sou quem tem mais medalhas, mas estou tranquilo. Há que estudar bem o percurso deste ano. Não vou ficar obcecado, mas oxalá consiga a medalha de ouro", afirmou.

Quanto a Quintana, Valverde garantiu estar motivado para voltar a trabalhar para o colombiano na Volta a França e realçou que o colega "tem um grande motor". "Ao Nairo não o assusta fazer o Giro e o Tour [no mesmo ano]", disse.

Para terminar, quando eventualmente decidir colocar um ponto final na carreira, Valverde assegurou que irá continuar a treinar e a desfrutar da bicicleta. Mas ainda surgiu a pergunta do que teria sido se não fosse ciclista: "Seria como o meu pai, camionista. Gosto muito de camiões, mas não tenho licença [para os conduzir]."



18 muros, o regresso do Kapelmuur e os suspeitos do costume a prometerem muito espectáculo

Sagan procura a segunda vitória e Boonen terá a última oportunidade
para tentar ser o ciclista com mais triunfos na Volta a Flandres
(Fotografia: © Bora-Hansgrohe/Stiehl Photography)
Peter Sagan, Greg van Avermaet, uma super Quick-Step Floors, Alexander Kristoff... os actores principais não vão faltar à chamada de um dos monumentos mais icónicos do ciclismo: a Volta a Flandres. Este ano regressa o Kapelmuur, cinco anos depois, mas um dos muros mais famosos do ciclismo não terá a influência de outrora, pois aparece muito longe da fase decisiva da corrida. A organização optou por manter os últimos 75 quilómetros praticamente intactos, comparativamente com 2016, quando Peter Sagan venceu o seu primeiro monumento e único, até agora. Corridas aborrecidas não são hábito na Volta a Flandres e este domingo promete novamente muito espectáculo, tendo em conta a ambição dos candidatos.

Com Tom Boonen a uma semana de se retirar, o belga tem novamente o objectivo de se tornar o rei da Volta a Flandres. Em 2016, ele e Fabian Cancellara procuraram essa distinção, ou seja, queriam somar a quarta vitória no monumento, marca que nunca ninguém alcançou. O belga ficou a um minuto de Sagan, que ao arrancar deixou para trás o suíço, que viu depois Sep Vanmarcke ter um acto de enorme respeito, ao não disputar o sprint, oferecendo o segundo lugar ao Spartacus que estava no seu último ano como profissional.

Desta feita é Boonen que está a despedir-se e há muitas dúvidas como o ciclista de 36 anos irá apresentar-se. Até começou bem a temporada com uma vitória numa etapa na Volta a San Juan (tornou-se no primeiro ciclista a ganhar numa bicicleta com travões de disco). Porém, a temporada de clássicas não está a ser nem de perto nem de longe como o esperado, com Boonen a nem conseguir entrar na discussão pelas corridas. É uma ambição assumida acabar com um triunfo no Paris-Roubaix, que a concretizar-se será o quinto. Mas também a Volta a Flandres é um objectivo e Boonen já prometeu que irá dar tudo para se apresentar melhor do que nas clássicas até ao momento.

A Quick-Step Floors oferece ao belga uma equipa fortíssima para ajudar Tom Boonen. Julien Vermote, Iljo Keisse, Niki Terpstra, Zdenek Stybar, Yves Lampaert e Mateo Trentin estarão ao lado do belga, assim como Philippe Gilberto. No entanto, o campeão da Bélgica chega à Volta a Flandres numa forma que há muito que não se via. Venceu os Três Dias de Panne, depois de um segundo lugar na corrida Através da Flandres e na E3 Harelbeke. Sendo um homem que gosta mais da semana das Ardenas, o próprio já admitiu que redescobriu o gosto pelo pavé e se não terá problemas em trabalhar para Boonen, Gilbert será certamente uma segunda opção para a equipa, caso o líder não esteja à altura dos acontecimentos.

Sendo Tom Boonen um senhor nas clássicas, a verdade é que nesta altura as principais estrelas são Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) e Greg van Avermaet (BMC). Inevitavelmente as atenções vão estar centradas nos dois. Sagan venceu em 2016, mas este ano ainda só conquistou uma clássica enquanto o rival está imparável e conquistou a Omloop Het Nieuwsblad, a E3 Harelbeke e a Gent-Wevelgem. Mais do que nunca a confiança está em alta para Avermaet, que sente que chegou o momento de finalmente ter o seu monumento.

Sagan tem andado a tentar passar a mensagem aos adversários que não irá mais andar a "puxar" outros ciclistas, para depois ser batido ao sprint. Praticamente abdicou de lutar em duas clássicas, mas certamente que na Volta a Flandres dará o tudo por tudo para confirmar as expectativas criadas, nomeadamente de se vir a tornar num dos ciclistas com mais vitórias em monumentos. Escapou-lhe a Milano-Sanremo para um fenomenal Michal Kwiatkowski (Sky), mas o bicampeão do mundo quer demonstrar todo o seu poderio na Bélgica e, naturalmente, no Paris-Roubaix. a 9 de Abril.

Aos suspeitos do costume juntam-se... mais suspeitos do costume! Sep Vanmarcke (Cannondale-Drapac) está a viver a fase que Avermaet passou até há dois anos. O belga consegue estar na luta pelas vitórias, tem alguns pódios, mas só um triunfo: na Omloop Het Nieuwsblad em 2012. Já Alexander Kristoff (Katusha-Alpecin) sabe o que é ganhar a Volta a Flandres (2015), mas no ano passado e neste tem passado ao lado das principais corridas. A vitória numa etapa nos Três Dias de Panne foi como um murro na mesa para libertar alguma frustração que estava a acumular, mas não retira pressão ao norueguês que está a ver esta fase das clássicas do pavé acabar e não tem conseguido comprovar sequer o seu estatuto de candidato.

A par da Quick-Step Floors, a Trek-Segafredo leva também ela uma equipa muito forte e com mais do que uma opção para tentar ganhar. A desilusão perante os recentes resultados foi tornada pública pelo director desportivo Dirk Demol. É o tudo por tudo na Volta a Flandres e Paris-Roubaix. John Degenkolb é o líder indiscutível, mas tal como a equipa belga, a Trek-Segafredo tem um plano B, neste caso chamado Jasper Stuyven. Edward Theuns e Fabio Felline também podem fazer mais do que só trabalhar para Degenkolb se for necessário. Gregory Rast, Kiel Reijnen, Boy van Poppel e um dos principais homens de confiança de Degenkolb, Koen de Kort, completam os eleitos da formação americana.

Oliver Naesen (AG2R) é a mais recente estrela belga para as clássicas e há uma grande curiosidade para ver o que poderá fazer depois dos bons resultados nas corridas do pavé que se realizaram até agora.  A outra equipa francesa, a FDJ, aposta em Arnaud Démare, enquanto a Sky irá a jogo a pensar em Ian Stannard e Luke Rowe. A Dimension Data terá um Edvald Boasson Hagen em muito boa forma como principal referência. A Lotto Soudal repete a aposta em Tiesj Bennot e Jurgen Roelandts. Já a Lotto-Jumbo espera que Lars Boom reapareça, pois os anos estão a passar e começa a parecer que aos 31 anos o melhor do ciclista já foi visto.

Estarão dois portugueses em prova, ambos da Movistar. Nelson Oliveira está de regresso às clássicas para apostar nos dois monumentos do pavé, enquanto Nuno Bico continua a ser chamado pela formação espanhola, sendo cada vez mais claro que os responsáveis da Movistar acreditam no português e estão a preparar o ciclista para o futuro dando-lhe experiência em algumas das principais competições do calendário.


Serão 260 quilómetros (mais cinco que em 2016), com 18 muros, uma nova partida - em Antuérpia - e a meta em Oudenaarde. Além do Kapelmuur (chega a ter 20% de inclinação), esta ano teremos ainda o Ten Bosse e o Pottelberg, com Molenberg, Valkenberg e Kaperij a saírem do percurso.

Aviso: ciclista que evitar o pavé será desqualificado

Tem sido uma das questões das últimas semanas no pelotão internacional. Os ciclistas aproveitam qualquer oportunidade para não ter de passar pelo pavé. Bermas menos acidentadas, ciclovias e até passeios têm servido para evitar o empedrado. Mas quando se está a falar de clássicas do pavé, a ideia é que os corredores mostrem as suas qualidades num terreno tão complicado e não as qualidades em tentar evitá-lo. Nos Três Dias de Panne 15 ciclistas foram multados em 200 francos suíços (cerca de 187 euros), entre eles o eventual vencedor Philippe Gilbert.

Logo na primeira clássica, a Omloop Het Nieuwsblad, pediu-se a desqualificação dos três primeiros classificados, pois Greg van Avermaet, Peter Sagan e Sep Vanmarcke aproveitaram os passeios para evitar o pavé. A organização não cedeu ao pedido e manteve o resultado da corrida.

O regulamento da UCI prevê a multa e/ou a desqualificação e, por isso mesmo,  o comissário Didier Simon afirmou ao jornal belga Het Laatste Nieuws que se vir algum ciclista a evitar o pavé na Volta a Flandres, irá exclui-lo da corrida, independentemente da importância ou do currículo que tenha. Alguns directores desportivos estão a defender que sejam colocadas barreiras físicas para evitar que os ciclistas tentam "fugir" ao pavé, oferecendo também uma maior segurança a quem estiver a assistir à prova.

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30 de março de 2017

Resultados da Trek-Segafredo nas clássicas estão a desiludir e já se sente a falta de Cancellara

Fabian Cancellara deixou saudades na Trek-Segafredo
(Fotografia: Facebook de Fabian Cancellara)
Um ciclista como Fabian Cancellara estava destinado a deixar muitas saudades. Afinal foram 75 vitórias como profissional, com natural destaque para as clássicas, mas não só. Vencedor de sete monumentos, a decisão de terminar a carreira deu maior liberdade financeira à Trek-Segafredo para contratar - o suíço era dos ciclistas mais bem pagos do pelotão -, mas a principal aposta, John Degenkolb, não está a render o esperado e a prata da casa também não está comprovar as expectativas criadas "Os resultados nesta altura não são suficientemente bons. Para ser sincero, esperava mais." As palavras são do director desportivo Dirk Demol, que elogia os seus ciclistas, mas diz estar a faltar o "instinto de matador" que tinha Cancellara.

A equipa americana conta apenas com quatro vitórias em 2017 e nenhuma delas nesta época de clássicas. Como tem sido tradição, a Trek-Segafredo aposta sempre forte nesta fase e entre 2011 e 2016 contou com um dos melhores ciclistas deste estilo de corridas. "Era um dos pontos fortes do Fabian, ele conseguia antecipar qualquer situação. Ele era do género... vai. Sinto um pouco falta disso, daquela agressividade no momento certo. Não penses, vai!" Demol refere-se ao facto de Degenkolb ter trabalhado muito bem na Milano-Sanremo, E3 Harelbeke e na Gent-Wevelgem, contudo, ficou para trás quando se deram os ataques que acabaram por resultar nos grupos que lutaram pela vitória.

"Eles [ciclistas da equipa] às vezes hesitam um segundo e um segundo é demasiado. Se os homens principais vão, tu não podes pensar 'devo ir com ele ou não?'. [Nessa altura] já é tarde", referiu Dirk Demol em declarações ao Cycling News. "Vou apoiar os meus rapazes a 100%, mas não alcançámos os resultados que poderíamos ter feito", acrescentou. Demol realçou que não está a criticar Degenkolb e até elogia o ciclista alemão, dizendo que gosta de trabalhar com ele, visto ser um ciclista decidido e que sabe o que quer: "Claro que ele está desiludido. Ele quer ganhar e quando se tem essa desilusão é um bom sinal que se vai fazer melhor da próxima vez."

Para o director desportivo, o grupo que a Trek-Segafredo tem para as clássicas é forte, mas tem cometido alguns erros em momentos chaves. Com a fase das corridas do pavé a terminar, Dirk Demol deixou garantias que a equipa irá estar "a todo o gás" na Volta a Flandres, este domingo, e no Paris-Roubaix (9 de Abril).

John Degenkolb sabia que apesar de ser um ciclista já com vitórias importantes, iria para a equipa americana para ocupar o lugar de líder nas clássicas, deixado vago com a retirada de um dos mais carismáticos dos últimos anos: Fabian Cancellara, o Spartacus do ciclismo. O alemão procurava novos ares depois de um ano para esquecer na Giant-Alpecin, muito devido ao atropelamento de que foi vítima ainda na pré-época. Degenkolb tem dado demonstrações que está a regressar ao seu melhor. Venceu uma etapa na Volta a Abu Dhabi em Fevereiro, mas nas corridas que mais aposta, até tem demonstrado ter capacidade para seguir ao ritmo de Peter Sagan e Greg van Avermaet, as duas principais referências neste momento, mas falhou sempre quando precisou de reagir a ataques.

O alemão tem 28 anos, pelo que não entrará em desespero se este ano falhar os seus objectivos. No entanto, será difícil esconder alguma frustração. Ainda faltam dois monumentos que lhe agradam e recorde-se que já venceu o Paris-Roubaix em 2015. Degenkolb está com "fome" de grandes triunfos, depois daquele tremendo ano de 2015 e as palavras de Demol espera-se que tenham o condão de o motivar ainda mais. Não é e nunca será Cancellara, nem se pretende isso, mas Degenkolb quer e tem potencial para conquistar muito mais.

Outro dos ciclistas visado nas palavras de Demol acaba por ser também Jasper Stuyven. O belga de 24 anos venceu em 2016 a Kuurne-Bruxelles-Kuurne, mas este ano esperava-se um pouco mais. É certo que nessa corrida voltou a estar bem, terminando em segundo, foi oitavo na Omloop Het Nieuwsblad, mas os resultados na Strade Bianche, E3 Harelbeke e Gent-Wevelgem ficaram muito aquém do desejado. É ainda um corredor jovem, mas a expectativa é enorme por tudo o que já demonstrou.

A pressão é naturalmente maior para Degenkolb, mas Stuyven sabe que terá de melhorar as suas exibições e principalmente os resultados. Para a Trek-Segafredo, terminar a época das clássicas sem uma grande vitórias será uma enorme desilusão, ainda mais tendo em conta que tem também Fabio Felline e Edward Theuns, este último com mais espaço de manobra, visto estar a recuperar sensações depois de no ano passado, na Volta a França, ter sofrido uma queda que poderia ter acabado com a sua carreira.

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Equipas portuguesas mostram-se este fim-de-semana em Espanha

Em Portugal, os mais jovens vão estar por Terras de Santa Maria, mas a elite, ou parte dela, vai até Espanha. Com duas semanas de pausa no calendário para as principais equipas nacionais, algumas optaram por fazer uma viagem até ao país vizinho e aproveitar o Grande Prémio Miguel Indurain e a Vuelta Ciclista a La Rioja, ambas as corridas no norte de Espanha. Mas os atletas de BTT também estarão em acção neste país, enquanto o de BMX vai até à Bélgica.

Começando pela estrada. A Rádio Popular-Boavista volta a apostar forte na participação no Grande Prémio Miguel Indurain. Em 2016, Frederico Oliveira - que este ano está no Sporting-Tavira - terminou na 10ª posição, mas a equipa de José Santos tem agora Egor Silin, que está muito motivado para esta competição, pois há um ano finalizou no sétimo lugar, então ao serviço da Katusha. Além do ciclista russo vão estar nas corridas Filipe Cardoso, Domingos Gonçalves, Luís Gomes, David Rodrigues, Victor Etxeberria, Pablo Guerrero e Daniel Sanchez.

Na prova de 186 quilómetros de homenagem ao cinco vezes vencedor da Volta a França, Miguel Indurain, estarão ainda a W52-FC Porto e o Sporting-Tavira. Gustavo Veloso lidera a equipa do Sobrado, que contará ainda com Raúl Alarcón, Daniel Freitas, António Carvalho, Samuel Caldeira, Joaquim Silva, Angel Rebollido e o vencedor da Volta a Portugal em 2016, Rui Vinhas.

A equipa algarvia de Vidal Fitas também vai apresentar uma equipa forte e a atenção irá centrar-se em Rinaldo Nocentini, que está a realizar um sensacional início de temporada. O italiano terá a seu lado Alejandro Marque e Frederico Oliveira (que estará motivado para repetir o brilharete de há um ano), Jesus Ezquerra, Valter Pereira, Fábio Silvestre, Mario González e Luís Fernandes.

O Grande Prémio Miguel Indurain deverá contar com grandes nomes, como Alejandro Valverde (Movistar), Sergio e Sebastián Henao, Michal Kwiatkowski (os três ciclistas da Sky), Jhonatan Restrepo (colombiano que está a começar a mostrar-se a grande nível na Katusha-Alpecin, que contará ainda com Tiago Machado) e Simon Yates (Orica-Scott). Destaque ainda para o veteraníssimo David Rebellin, que aos 45 anos continua a competir, agora na equipa Continental Kuwait-Cartucho.es.

No domingo, na Vuelta Ciclista a La Rioja, juntam-se ao trio de equipas portuguesas o Louletano-Hospital de Loulé e a LA Alumínios-Metalusa-BlackJack. Será mais uma oportunidade para Vicente Garcia de Mateos mostrar o seu bom momento na formação algarvia. David de la Fuente, Raúl Garcia, Hélder Ferreira, Oscar Hernandez, Rui Rodrigues, Nuno Almeida e Filipe Silva completam a equipa.

Já na LA, Edgar Pinto mantém-se como o líder, mas atenção a César Fonte. Luís Afonso, João Matias, Hugo Sancho, Zulmiro Magalhães, Samuel Blanco e Antonio Angulo fecham os eleitos para a corrida de 150,5 quilómetros entre Villamediana de Iregua e Logroño. Apenas estarão presentes duas equipas do World Tour: a Movistar e a Orica-Scott.

Por cá teremos então os sub-23 e os juniores na Volta às Terras de Santa Maria. No sábado, a corrida começa às 12:30 com 108,6 quilómetros, entre a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e a freguesia de Riomeão. Domingo haverá emoção a dobrar. Às 9:30 começa o contra-relógio individual de 7,5 quilómetros, em redor do Europarque e às 15:30 arrancam as 12 voltas ao circuito do Castelo da Feira, no total de 79,2 quilómetros, com a meta a ser antecedida pela rampa de empedrado que liga o centro da cidade ao castelo.

Selecções de BTT e BMX em acção

A 19 de Março a selecção de BTT passou por Espanha para conquistar cinco pódios e agora regressa para a corrida de cross country olímpico (XCO) Superprestígio MTB, em Arguedas, Navarra, no domingo. A representar as cores nacionais estarão: na elite, José Dias (Seissa/KTM Bikeseven/Matias & Araújo Frulac) Araújo/Frulact) e Roberto Ferreira (Quinta das Arcas/Jetclass/Xarão), pelos sub-23 Ana Tomás (BTT Seia), Bruno Nunes (Strix Bike Team) e João Rocha (Rodabike/ACRG/Gondomar), pelos juniores Carlos Salgueiro (Maiatos/Reabnorte), Guilherme Mota(Marrazes/Gui/Breijinho/Bike Zone Leiria), Jéssica Costa (ASC/Focus Team/Vila do Conde) e Marta Branco (Maiatos/Reabnorte), e ainda a cadete Daniela Campos (BTT Loulé/BPI/Elevis).

(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
No BMX, Bruno Cardoso (na fotografia em cima) fará a estreia na categoria de elite nas duas primeiras provas da Taça da Europa, em Zolder, na Bélgica. Em 2016 foi terceiro na categoria challenge. “O Bruno tem de passar por uma fase de adaptação a pistas e corridas de formato olímpico, até porque é muito jovem e é elite de primeiro ano. Gostava que conseguíssemos passar a qualificação para entrar nas eliminatórias”, afirmou o seleccionador Alexandre Almeida, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.



29 de março de 2017

"Gostaria de retirar-me como campeão nacional"

É desta. Não há volta a dar. Não haverá pedido nem da equipa, nem das pessoas que na berma da estrada no ano passado apelaram à continuidade do ciclista quando este passava numa corrida. Em 2016 acabou por não resistir e cedeu competir mais um ano, adiando uma anunciada retirada. Mas agora será mesmo de vez. Rui Sousa prepara-se para abandonar o pelotão nacional depois de 20 anos ao mais alto nível, depois de 20 anos a dar espectáculo e a entusiasmar todos os que gostam de ciclistas que lutam e lutam e lutam durante praticamente todas as corridas em que participam. "Há que dar lugar aos mais jovens. Claro que vai deixar saudades, afinal são muitos anos neste pelotão. Mas entendo que chegou a minha vez", salientou ao Volta ao Ciclismo.

Rui Sousa já vai preparando a próxima fase da sua vida. Não abre muito o livro sobre os seus planos, mas espera que uma parte deles possa passar pelo ciclismo: "Como é natural gostaria de permanecer ligado à modalidade porque isto é uma família, mas ainda não há nada definido." O ciclista de 40 anos diz estar a encarar este último ano da carreira mais tranquilo e tem os objectivos bem definidos. "Gostaria de estar bem no Campeonato Nacional. Gostaria de retirar-me como campeão nacional. Já venci em 2010... Sei que é difícil, mas tentarei estar o melhor possível. Depois é pensar na Volta a Portugal", explicou.

"Gostaria de dar alguma alegria à Volta, dar o meu contributo, estar ali nos ataque e contra-ataques... No fundo é isso que eu quero para a Volta a Portugal. Mas claro que lutarei por um lugar de destaque"

O ciclista confessa, mais uma vez, que é a Volta a Portugal que o motiva e se ganhar seria simplesmente perfeito, mas Rui Sousa considera que um "top dez será sempre bom". "Já tenho 13 e cinco foram pódio. Ficaria muito feliz se ganhasse a Volta, isso nem se discute, mas também ficarei muito feliz se ganhar uma etapa e, acima de tudo, se aos 41 anos - idade que terei na Volta a Portugal - conseguir dar espectáculo. Gostaria de dar alguma alegria à Volta, dar o meu contributo, estar ali nos ataque e contra-ataques... No fundo é isso que eu quero para a Volta a Portugal. Mas claro que lutarei por um lugar de destaque", garantiu.

É um dos ciclistas mais acarinhados pelo público e Rui Sousa admite que sente esse carinho. "Tenho 20 anos de carreira, alcancei alguns lugares de destaque na Volta, ganhei duas vezes na Torre, Senhora da Graça... São etapas míticas e isso marca um pouco as pessoas. E depois eu sou aquele velhote que anda aqui e que de vez em quando vai fazendo qualquer coisita!" Sempre bem disposto, Rui Sousa não tem problemas em referir que tem de "ir mais poupado que outros" ciclistas para as corridas que marcou como objectivos, explicando porque tem andado discreto neste início de temporada: "Não me encontro, nem pouco mais ou menos, nas melhores condições e nesta primeira fase e atendendo que este ano há bastante corridas, quero estar o melhor possível e apontar aos principais objectivos."

"Irei fazer alguns circuitos. Têm um ambiente diferente, mais festivo. Vou competir até ao final do ano"

Acrescentou que "os mais jovens é que têm de estar na ribalta", recordando que uma das razões que acabou por prolongar a carreira mais um ano, foi precisamente para ajudar na formação dos jovens que fazem parte da Rádio Popular-Boavista. Mas afinal, como é encarar as corridas sabendo que será a última vez que as faz? "Deixa sempre um sabor diferente. São 20 anos de profissionalismo, corro desde os 12... É uma parte da minha vida. No entanto, começa-se a sentir que é o último ano quando se percebe que, apesar de treinar diariamente, a motivação e a frescura [física] já não é como há 20 anos", frisou. Disse ainda que os projectos que vai tendo na sua vida não lhe permitem descansar como deveria, mas que tem de preparar o futuro.

Se a Volta a Portugal será o derradeiro grande momento da carreira de Rui Sousa, o ciclista afirmou que não irá retirar-se logo a seguir à competição. "Irei fazer alguns circuitos. Têm um ambiente diferente, mais festivo. Vou competir até ao final do ano." O que significa que a despedida poderá acontecer em Tavira a 5 de Outubro, se o corredor marcar presença na derradeira corrida da temporada.

Não há hesitações neste adeus. Não haverá apelos das pessoas que o façam adiar novamente a retirada, ainda que certamente que se farão ouvir: "Agradeço estes anos todos em que as pessoas me apoiaram muito, mas terão de me ver pela última vez nesta Volta a Portugal, com 41 anos, a dar o meu melhor e a tentar dar um bom espectáculo à corrida. E pronto... Será assim..."



Bouhanni renova com a Cofidis. Confiança ou comodismo?

A época ainda vai nos primeiros meses, mas Nacer Bouhanni e a Cofidis quiseram desde já resolver o futuro. O ciclista francês renovou o contrato com a equipa francesa até 2019 e deverá continuar a receber cerca de 1,5 milhões de euros por ano. O sprinter voltou a trazer algum prestígio a uma formação que já contou com grandes nomes do ciclismo, mas que também viu alguns dos seus atletas serem envolvidos em casos de doping. Bouhanni trouxe também as desejadas vitórias, contudo, a sua personalidade de bad boy tem valido ao ciclista alguns dissabores, como foi a exclusão em cima da hora da Volta a França, no ano passado, devido a um murro dado a um hóspede do hotel onde estava, que estaria a fazer barulho durante a noite. Teve mesmo de ser operado à mão.

"Era importante para mim finalizar este acordo cedo porque eu gosto de saber o que esperar do futuro", explicou Bouhanni num comunicado. Se era tranquilidade contratual que o francês queria, já a tem. Se queria um voto de confiança da equipa, recebeu-a não só em forma de contrato, mas também na garantia que continuará a ser o líder. O director da Cofidis, Yvon Sanquer, salientou a confiança que Bouhanni demonstrou na estrutura "nos melhores anos da sua carreira". "O Nacer está a atingir a maturidade e estou convencido que vai enriquecer [a carreira] com mais belas vitórias", destacou Sanquer.

Esta renovação de contrato coloca um ponto final nas dúvidas se a Cofidis estaria satisfeita com o rendimento do ciclista, contratado em 2015, depois de ter aparecido na FDJ. Não há dúvidas que Bouhanni colocou a equipa na rota das vitórias, no entanto, ainda não concretizou o grande objectivo: a etapa na Volta a França. Soma 24 vitórias pela Cofidis (tem 54 no total como profissional), sete ao nível do World Tour. Apesar do ciclista destacar este facto, a verdade é que tendo em conta a qualidade deste sprinter, sabe a pouco. 

Quando assinou pela Cofidis assumiu que queria uma mudança na carreira, não temendo descer ao escalão Profissional Continental, sabendo que a formação é presença habitual na Volta a França. Na FDJ tinha de partilhar a liderança nos sprints com Arnaud Démare. Em 2014 venceu três etapas no Giro, mas ao ficar de fora do Tour, Bouhanni considerou que a equipa tinha feito uma escolha: preferia Démare. A resposta veio na Vuelta, depois do seu colega/rival ter ficado a zero na Volta a França: Bouhanni conquistou duas etapas em Espanha.

Sempre se pensou que a Cofidis seria uma forma do ciclista se afirmar como líder para depois regressar ao lugar que continua a parecer que deveria ser dele, ou seja, estar numa equipa do principal escalão. Porém, aos 26 anos (faz 27 a 25 de Julho) escolheu permanecer numa equipa Profissional Continental, ficando assim afastado da possibilidade de estar em mais corridas do World Tour. Será difícil imaginar que nenhuma equipa do principal escalão não tivesse Bouhanni na lista de potenciais reforços. Na decisão do ciclista terá pesado o facto de na Cofidis ter garantias que será o líder e que os colegas têm a missão de o ajudar sempre que se está em corridas que são para as suas características. O que viveu na FDJ não foi esquecido por Bouhanni, que apesar de na altura estar a ter mais sucesso que Démare, foi preterido quando chegou o momento de ir ao Tour, que como francês, +e a sua corrida de eleição.

É de lamentar não se ver Bouhanni regressar ao World Tour em 2018, existindo talvez algum comodismo por parte do ciclista que prefere ficar numa equipa que sabe que não colocará a sua condição de líder em risco. Resta agora à Cofidis garantir que este sprinter de grande qualidade tenha todas as condições para lutar por grandes vitórias. O grande objectivo é a Volta a França, mas Bouhanni tem também de apontar a um monumento, nomeadamente a Milano-Sanremo, corrida que em 2016 teve o azar de a corrente saltar quando ia começar o sprint. Para piorar viu o rival Démare ganhar.

A Cofidis tem um enorme valor do ciclismo e tem o dever de ter um conjunto de grande nível para ajudar Bouhanni. No entanto, este francês de feitio difícil também tem de demonstrar que está concentrado a 100% na estrada, mantendo a sua paixão pelo boxe em segundo lugar e tentando envolver-se menos em polémicas, inclusivamente nos sprints, pois já tem algumas desclassificações por irregularidades (algumas bem perigosas).

Este ano estava difícil começar a somar vitórias, mas numa semana venceu com uma autoridade impressionante a clássica belga Nokere Koerse e também uma etapa na Volta à Catalunha.

Não se pode dizer que Bouhanni arrisca passar ao lado de uma grande carreira, pois já tem vitórias importantes no seu currículo. Porém, depende de Bouhanni e da Cofidis assegurar que não se fique por uma boa carreira, pois será pouco tendo em conta o potencial de grande sprinter que Bouhanni tem.

»»O murro da catástrofe de Bouhanni e da Cofidis««

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28 de março de 2017

Mais dois casos de suspeita de doping na Funvic que arrisca nova suspensão

Funvic esteve na Volta à Catalunha, mas só um ciclista terminou
Em menos de um ano são já cinco os casos de doping de ciclistas com ligações à Funvic, equipa brasileira que este ano conta com o português Daniel Silva. Depois de ter cumprido 55 dias de suspensão, a Funvic arrisca agora um novo afastamento da competição, o que pode ir de 15 dias a 12 meses. A UCI já está a analisar estas novas situações, mas não adiantou quando irá anunciar a decisão.

Em causa estão irregularidades com o passaporte biológico de Alex Correia Diniz e com uma alegada manipulação após um teste anti-doping de Otavio Bulgarelli. Este último caso foi denunciado ao organismo internacional pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem. Nenhum dos ciclistas está actualmente com a Funvic. Bulgarelli, de 32 anos, (campeão brasileiro em 2012) competiu pela última vez na Volta a Portugal, tendo abandonado na terceira etapa. Diniz, 31, não está em acção desde a Volta ao Lago Taihu, na China, em Novembro. Este ciclista já cumpriu dois anos de suspensão depois de ter testado positivo pelo uso de EPO em 2009.

Em Dezembro a equipa foi suspensa por 55 dias, depois de se conhecer que Wilson Ramiro Diaz e João Gaspar deram positivo em testes realizados na Volta a Portugal. O colombiano foi o vencedor da classificação da montanha. Estes testes positivos juntaram-se ao de Kleber Ramos que realizou um antes dos Jogos Olímpicos, mas o resultado só foi conhecido depois. Perante os casos de doping, a Funvic viveu dias de incerteza quanto à atribuição da licença Profissional Continental. A confirmação só chegou depois de dois adiamentos para analisar a candidatura. Nessa altura, o director desportivo, Benedito Tadeu Azevedo, comprometeu-se a implementar mudanças para tentar garantir a credibilidade da equipa. "Haverá mudanças, como mais controlos internos e conversas com psicólogos desportivos sobre o tema do doping. Nunca mais se poderão repetir [os casos]", afirmou na altura.

Ao ser informado das duas novas suspeitas, a Funvic emitiu um comunicado, destacando que nenhum do ciclistas foi "flagrado com substâncias proibidas" e que os dois já não fazem parte da equipa. "Reiteramos que seguimos trabalhando com seriedade e desejamos êxito aos dois ex-ciclistas da equipa na busca pela verdade", lê-se na nota. A formação brasileira refere ainda que desde que recebeu uma licença Profissional Continental em 2016 que todos os seus ciclistas passaram a ter o passaporte biológico. Este ano a equipa juntou-se ao Movimento por um Ciclismo Credível, que tem regras mais rígidas do que a Agência Mundial de Antidoping.

A Funvic regressou à competição na Volta à Catalunha, beneficiando do facto de ter um catalão na equipa, Jordi Simón. Apesar de Murilo Affonso ter chegado a liderar a classificação da montanha numa fase inicial da corrida, a prestação da equipa foi fraca e só Simón terminou a prova, sendo 39º a 35:44 minutos do vencedor, Alejandro Valverde (Movistar).

O plantel da Funvic é constituído maioritariamente por brasileiros. Daniel Silva - terceiro na Volta a Portugal em 2016, ao serviço da Rádio Popular-Boavista -, Jordi Simón e o argentino Francisco Chamorro são os estrangeiros que completam a equipa.



Fã dos Simpsons e de ciclismo? Então estes equipamentos e bicicletas serão irresistíveis

Equipamentos há muitos, as equipas tentam de ano para ano ter os que mais atraiam os fãs, mas às vezes é fora do profissionalismo que se encontram algumas preciosidades. E chegou mais uma. Para os fãs dos Simpsons chegou um conjunto irresistível de equipamentos, com direito a chapéu, meias e até bicicletas, entre outros produtos. O projecto nasceu de uma colaboração entre a State Bicycle e a Fox, detentora dos direitos da mais popular família americana em desenhos animados e que há mais de 20 anos que está na televisão.

É uma edição limitada, com três modelos de bicicletas à escolha, mas com mais equipamentos, dos quais se destaca o amarelo, que tem os rostos das personagens desenhados. Também há t-shirts e uma é dedicada a uma das grandes paixões de Homer, os dónutes. Em breve estará também disponível uma camisola dedicada a Otto - o motorista do heavy metal que conduz o autocarro da escola de Bart e Lisa - e uma com Itchy e Scratchy, os desenhos animados de humor muito negro que as crianças do universo Simpson adoram.

Para já, só é possível comprar na versão americana do site da State Bicycle, mas basta esperar até meados de Abril para que os produtos fiquem disponíveis na versão britânica. As camisolas custam 69,99 dólares (cerca de 65 euros), já as bicicletas, se for completa tem o preço de 499 dólares (462 euros), mas também se pode comprar apenas o quadro por 199 dólares (184 euros).

Aqui fica esta curiosidade para os fãs dos Simpsons, com a State Bicycle a garantir que os equipamentos são de elevada qualidade, a pensar naqueles que levam o ciclismo mais a sério. Mas o melhor é mesmo ver os produtos que já estão à venda neste link.


27 de março de 2017

Greg van Avermaet: um monumento se faz favor

(Fotografia: Facebook Gent-Wevelgem)
Os anos passavam e Greg van Avermaet parecia destinado a ser um daqueles ciclistas que talento não lhe faltava, mas faltava aquela capacidade de finalizar com vitórias o excelente trabalho que fazia nas corridas. Os anos passavam e a Bélgica começava à procura de nomes que pudessem ser os próximos grandes homens para ganhar as suas clássicas. Porém, Avermaet é o exemplo de como olhar apenas para a idade é cada vez mais um erro no ciclismo. Custou, mas quando começou a ganhar, não mais parou. Em dois anos concretizou alguns dos seus grandes objectivos, mas falta um: o monumento. É um ciclista com capacidade para lutar por um Paris-Roubaix, mas sendo belga, é a Volta a Flandres o maior desejo de Avermaet. Naturalmente que há ainda um outro título que não se importa nada de juntar ao seu currículo: um Mundial. Ainda assim, a Volta a Flandres será aquela vitória que colocará o ciclista definitivamente na lista dos melhores desta nação do ciclismo. Mesmo que venha a conseguir uma camisola do arco-íris, Avermaet não quer terminar uma carreira sem um monumento, sem a Volta a Flandres.

Por esta altura em 2016, Greg van Avermaet era considerado um dos grandes favoritos à vitória no monumento belga. O ciclista da BMC tinha conquistado pela primeira vez uma clássica no seu país, a Omloop Net Nieuwsblad. Pouco depois surpreendeu (até a ele próprio) ao conquistar o Tirreno-Adriatico, beneficiando do cancelamento da etapa rainha devido ao mau tempo. No entanto, uma queda juntamente com colegas da equipa obrigou-o a abandonar a Volta a Flandres e falhou o Paris-Roubaix. Mais uma vez a desilusão batia à porta de Avermaet e mais uma vez o ciclista teve de demonstrar uma das características que marca a sua carreira: perseverança. Voltou para garantir uma brilhante exibição na Volta a França, que lhe valeu uma etapa e a camisola amarela, que defendeu até aos seus limites, talvez até mais além, nos dois dias seguintes.

No entanto, foi aquele 6 de Agosto que acabaria por ser o momento alto de um ano que estava a ser perto da perfeição. A medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro elevou de vez o ciclista à condição de um dos mais importantes do pelotão. Para trás ficou definitivamente o estigma do segundo classificado. Avermaet, o campeão olímpico. Avermaet, o belga vencedor. O ciclista trabalhou muito para conquistar o seu lugar entre os melhores e não para ser chamado apenas a besta negra de Peter Sagan. Naturalmente que não é uma forma que queira ser conhecido, ainda que, no fundo, seja até um elogio, tendo em conta a importância de Sagan. Porém, Avermaet é agora um corredor que agora ganha aos melhores e não apenas a um dos melhores. E é um dos melhores.

Aos 31 anos, o homem da BMC sabe que chegou o momento da machada final, ou seja, de dar o tudo por tudo pela Volta a Flandres. A porta das vitórias está aberta, mas Avermaet sabe que rapidamente se pode fechar, tendo em conta os novos valores para as clássicas que estão a aparecer. Se conquistar o monumento, será mais um ano memorável, pois o belga tornou-se apenas no segundo ciclista da história a fazer a tripla, ou seja, a ganhar a Omloop Het Nieuwsblad, E3 Harelbeke e Gent-Wevelgem. O holandês Jan Raas fê-lo em 1981. Rematar esta fase com a Volta a Flandres seria para Greg van Avermaet... perfeito!





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Manzana Postobón de Ricardo Vilela recebe convite para a Volta a Espanha

Era um objectivo, mas tendo em conta que a equipa só este ano foi para a estrada, conseguir um convite para a Volta a Espanha logo na estreia é algo fantástico para a Manzana Postobón e naturalmente que a equipa está a celebrar como uma grande vitória. O projecto colombiano nasceu com uma enorme ambição e nas corridas que tem participado, os seus ciclistas tudo têm feito para se mostrar. As vitórias chegaram em Portugal, com a conquista da classificação da montanha na Volta ao Algarve por parte de Juan Felipe Osorio e duas vitórias de etapas na Volta ao Alentejo, por intermédio de Juan Sebastian Molano. Ricardo Vilela é uma das principais figuras da formação, que apostou em três ciclistas europeus com experiência para ajudar na evolução dos jovens colombianos que são a principal aposta da Manzana Postobón.

Este projecto quer recuperar o que a Team Colombia fez durante uns anos, ou seja, dar uma oportunidade aos ciclistas daquele país sul-americano de competir ao mais alto nível e, por isso mesmo, quis uma licença Profissional Continental, para assim tentar ter acesso a grandes corridas. Neste arranque de temporada, a Manzana Postobón queria tentar entrar em algumas provas World Tour, principalmente em Espanha: conseguiu e esteve na Volta à Catalunha. Além de Ricardo Vilela, o holandês Jetse Bol e o espanhol Antonio Piedra são os restantes ciclistas europeus que fazem parte do plantel da equipa. Recentemente, o corredor português, de 29 anos, disse ao Volta ao Ciclismo que os responsáveis da Manzana Postobón são ambiciosos, mas que a equipa tem a estrutura para concretizar os objectivos, além de ter um patrocinador muito importante na Colômbia, que apoia também outros desportos.

O convite atribuído pela organização da Vuelta está a ter uma forte repercussão na Colômbia, com os meios de comunicação social a darem destaque ao facto de equipa ter conseguido entrar numa grande volta logo no primeiro ano de existência. Numa altura em que alguns dos melhores ciclistas da actualidade são colombianos, o projecto da Manzana Postobón era muito desejado, para que assim possa existir uma equipa que permita a evolução de possíveis sucessores de Nairo Quintana, Jarlinson Pantano, Fernando Gaviria...

Mas houve também festa na Irlanda. A primeira equipa Profissional Continental deste país recebeu igualmente um convite para competir na Vuelta (de 19 de Agosto a 10 de Setembro). A Aqua Blue Sport é um dos novos projectos de 2017 e apesar de ainda não contar com qualquer vitória, tem sido uma equipa muito interessante de seguir, animando as corridas e já esteve perto de vencer por intermédio da sua principal estrela, o campeão britânico, Adam Blythe.

A presença na Flèche Wallonne, Liège-Bastogne-Liège e Volta à Suíça já eram motivos de satisfação para os responsáveis da formação irlandesa, mas claro que a possibilidade de estar numa grande volta é uma excelente forma de credibilizar ainda mais o projecto. De salientar que a Aqua Blue Sport também conta com um português, o massagista Pedro Claudino.
Quanto aos dois outros convites, não houve grandes surpresas. A Caja Rural, a única equipa espanhola do segundo escalão, recebeu o habitual convite e Rafael Reis já admitiu que gostaria muito de fazer a Vuelta. A Cofidis completa o grupo de convidados, escolha que não surpreende, visto que a corrida começa este ano em França, mais concretamente em Nîmes. Nacer Bouhanni é a principal figura da formação gaulesa, contudo, a Volta a Espanha mantém-se fiel ao ideal dos últimos anos, sendo uma corrida com muitas montanhas, muitas rampas e muito pouco percurso que agrade aos sprinters.

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26 de março de 2017

Sagan atingiu a maturidade: "Não posso trabalhar para todos para depois me ganharem ao sprint"

(Fotografia: © BORA-hansgrohe/Stiehl Photography)
A evolução de Peter Sagan tem sido muito pública e acompanhada ao pormenor. O facto de ser um ciclista que aos 27 anos já soma 92 vitórias como profissional faz com que tudo o que faça seja analisado escrupulosamente, pelo que há muito se esperava por este momento, o momento em que o eslovaco, já bicampeão do mundo, atingiu a maturidade. Este domingo Sagan abdicou de vencer uma corrida, mas a decisão poderá valer-lhe muitos triunfos no futuro e confirmou a mensagem que já tinha deixado na sexta-feira na E3 Harelbeke: não contem mais com ele para trabalhar e depois ver os outros ganharem.

"Não sei o que queria fazer, porque atacou para ir na fuga e depois não quis trabalhar. Este é um exemplo de como podes perder a corrida contra mim. Que posso fazer? Não somos companheiros de equipa. Não posso trabalhar para todos para depois me ganharem ao sprint." As duras palavras de Sagan logo após a Gent-Wevelgem eram o sinal que o eslovaco fartou-se de ver os adversários colocarem-se na sua roda e não o ajudarem, seja numa fuga, seja numa perseguição. Depois de tantas vezes ter sido criticado por se expor em demasia, acabando por ser batido ao sprint, Sagan finalmente aprendeu que tem de começar a ser mais frio, mais calculista. Chegou o momento de fazer um jogo mental mais forte, mas descansem os fãs do ciclista e do ciclismo, atingir a maturidade não significa que se vá ver menos espectáculo de Sagan, apenas entraremos numa fase diferente da carreira de um corredor que agora sim tem tudo para se tornar num dos melhores ciclistas de clássicas da história.

Na frase citada, Sagan refere-se a Niki Terpstra. O homem da Quick-Step Floors entrou na fuga a cinco, mas começou a tentar resguardar-se, deixando o eslovaco a trabalhar, juntamente com Greg van Avermaet (BMC) - que acabaria por vencer - e Jens Keukeleire (Orica-Scott) e Søren Kragh Andersen (Sunweb). Este jovem dinamarquês também tentou jogar mais à defesa, mas o facto de ter 22 anos provavelmente fez com que fosse poupado nas críticas de Sagan. Já Terpstra tem 32, algumas vitórias importantes, incluindo um Paris-Roubaix, e naquela altura da corrida era a única esperança da Quick-Step Floors em vencer a clássica belga,

Em poucas palavras: ao aperceber-se da jogada de Terpstra, Sagan fez sinal para que o companheiro de ocasião trabalhasse e como isso não aconteceu, deixou praticamente de pedalar, abrandou muito para se colocar atrás do holandês e Andersen. Os dois preocuparam-se mais em não ajudar o ciclista da Bora-Hansgrohe e enquanto isso Avermaet e Keukeleire continuaram no seu ritmo e a pequena diferença que ganharam - chegou a rondar os 15 segundos - acabou por ser suficiente.

Sendo um ciclista que quer vencer, não lutar por uma vitória deve ser o mais difícil para Peter Sagan. Neste domingo, se alguém pensou que estava a fazer bluff na sexta-feira, percebeu que o eslovaco não mais será o ciclista que puxa para depois ver os outros ganharem. Era notório que não estava nada satisfeito com o resultado (foi terceiro), mas fez o que fez a pensar no futuro próximo. "Não estou decepcionado, estou mais motivado agora. Vamos ver o que acontece na Volta a Flandres e no Paris-Roubaix", salientou. E mesmo num dia menos feliz, lá deixou uma tirada à Sagan: "Se ganhar sempre perco a motivação!"

O que aconteceu na Gent-Wevelgem dificilmente se verá num dos monumentos, que mais do que nunca são a ambição de Peter Sagan. No entanto, fica agora a curiosidade para ver como esta maturidade de Sagan o poderá influenciar nas duas corridas. E como influenciará os seus rivais. Sendo a Volta a Flandres e o Paris-Roubaix, os pontos de interesse são sempre muitos. Mas acabaram de ganhar mais dois.




Saudosismo antecipado

Alberto Contador e Alejandro Valverde, dois corredores que marcam a história
do ciclismo espanhol e não só (Fotografia: Facebook Volta à Catalunha)

Como vai ser o ciclismo depois de Valverde e Contador abandonarem? A modalidade não será a mesma... Perguntas e afirmações sobre o futuro do ciclismo quando dois dos seus principais animadores da actualidade se retirarem vão sendo cada vez mais frequentes. Muitas vezes até em tom de preocupação. Valverde tem 36 anos, Contador 34. O primeiro continua numa senda fenomenal de vitórias, o segundo tem andado a exibir-se a bom nível, mas tem assistido a outros ganharem. No entanto, mantém-se como um dos melhores ciclistas de três semanas e 100% concentrado na Volta a França. São dois homens que além de garantirem bons resultados às respectivas equipas - Movistar e Trek-Segafredo - dão espectáculo. E é este último pormenor que já provoca um sentimento de saudosismo antecipado, sempre que se pensa que os dois espanhóis não ficarão por muito mais tempo em competição.

Alejandro Valverde ainda não falou em "reforma". Renovou contrato até 2019 e este ano já são nove vitórias conquistadas, contabilizando etapas e classificações gerais, montanha e pontos. Já Contador adiou a retirada anunciada para 2016, tem contrato até 2018, mas até pode abandonar caso conquiste a muito (mesmo muito) desejada terceira Volta a França. Quando nos deparamos com ciclistas do nível dos dois espanhóis é natural começar a sofrer por antecipação quando os anos vão passando e se aproxima um inevitável adeus. Ao saudosismo antecipado junta-se a discussão de quem poderá seguir o legado deixado por dois ciclistas tão especiais. Tão únicos. A resposta é nenhum. Tal como ninguém seguiu o legado de Miguel Indurain ou Oscar Freire, para nomear apenas dois. Simplesmente porque ciclistas como estes são mesmo únicos. Constroem o próprio legado, também ele único.

Mas descanse quem gosta do ciclismo espectáculo que Valverde e Contador oferecem. Ficando por Espanha, há sucessores com grande potencial. A Volta à Catalunha, ganha por Valverde, com Contador a somar mais um segundo lugar este ano, confirmou que Marc Soler (23 anos) não é apenas um ciclista com potencial, é mesmo um homem a ter em conta para num futuro próximo começar também ele a destacar-se nas corridas de três semanas (e não só). Rubén Fernández (26), também ele da Movistar, está apenas à espera de ter mais algum espaço que para já vai faltando com a presença de Valverde e de Quintana. David de la Cruz (27) afirmou-se na Volta a Espanha de 2016 e a Quick-Step Floors sabe que tem um homem para lutar por bons resultados nas grandes voltas e se lhe deram alguma liberdade, tem aquelas características que os fãs tanto gostam, mas que os directores desportivos às vezes desesperam: gosta de dar espectáculo, gosta de pedalar ao ataque, nem sempre com os resultados desejáveis.

Há ainda Carlos Verona. A Orica-Scott sabia muito bem que valia a pena o investimento em tirar o espanhol à Quick-Step Floors ainda durante 2016. É um ciclista com 24 anos e de enorme potencial, mas talvez ainda se tenha de esperar dois/três anos para começar a vê-lo a lutar constantemente por grandes vitórias. A sua qualidade era admirada por Patrick Lefevere, que ao saber que Verona ia assinar pela equipa australiana, disse-lhe que podia abandonar imediatamente a formação onde estava desde 2013. O director da Quick-Step Floors ficou irritado por ter ajudado a evoluir um ciclista que tanto promete para depois vê-lo optar por sair no final do contrato, em vez de renovar.

Espanha tem ainda mais nomes, não enfrentando uma suposta crise talentos, como às vezes fazem querer crer. A questão é que o ciclismo mudou desde que Contador e Valverde começaram a mostrar-se. Naquela altura era habitual considerar-se que os ciclistas atingiam o seu pico ainda antes dos 30 anos, pelo que os resultados apareciam muito mais cedo nas carreiras. Hoje em dia, Contador e Valverde são dois dos vários exemplos que os ciclistas conseguem perfeitamente manter-se a grande nível até cada vez mais tarde. Com os mais velhos a dar garantias às equipas, os mais novos acabam por demorar mais a afirmar-se, mas também têm mais tempo para evoluir e ganhar experiência, antes de sentirem toda a pressão do mais alto nível do ciclismo.

A retirada de Valverde e Contador é inevitável. Mas talvez antes de se sofrer de um saudosismo antecipado, o melhor é aproveitar todos os grandes momentos que os dois continuam e vão continuar a proporcionar. Quando abandonarem a competição é esperar pela nova geração e principalmente esperar que a tendência de um ciclismo mais calculista - tendência implementada definitivamente pela Sky - não se torne a regra, mas apenas uma excepção que não estrague o ciclismo praticado mais com o talento e qualidade individual e menos com as tecnologias e directores desportivos que se deixem influenciar por uma análise excessiva do que uma máquina diz, em vez do que um ciclista sente. A tecnologia é excelente, mas a imprevisibilidade do ciclismo é uma das suas essências. Portanto, deixem os jovens talentos levar-se um pouco pelo coração e, claro, com muita cabeça!

Aqui ficam as classificações da Volta à Catalunha, que foi vencida pela segunda vez por Alejandro Valverde, que ganhou ainda três etapas. Destaque para Nelson Oliveira que subiu ao pódio para celebrar a vitória na geral por equipas da Movistar. O português foi 84º, a mais de uma hora do vencedor. O melhor ciclista luso foi Ricardo Vilela (Manzana Postobón), tendo terminado na 26ª posição a 26:16 minutos de Valverde. Seguiu-se o campeão nacional José Mendes (Bora-Hansgrohe), 80º a uma hora. Já os homens da Katusha, Tiago Machado abandonou na terceira etapa e José Gonçalves chegou fora do tempo limite na quinta e foi excluído da corrida.