31 de dezembro de 2016

Momentos do ano: do insólito ao dramático

A corrida de Froome no Mont Ventoux foi, inevitavelmente, o momento do ano
2016 foi um excelente ano de ciclismo. Para a história e estatísticas ficarão fantásticas vitórias como o primeiro monumento de Peter Sagan (Volta a Flandres), o seu título europeu e o segundo mundial, o terceiro Tour de Chris Froome, a recuperação incrível de Vincenzo Nibali para vencer o Giro e o inesquecível triunfo de Nairo Quintana numa Volta a Espanha do melhor que já se viu nos últimos anos em grandes voltas. Temos ainda o primeiro monumento da Sky (Wout Poels na Liège-Bastogne-Liège), de Johan Esteban Chaves (Il Lombardia) - depois do pódio no Giro e na Vuelta - e de Arnaud Démare (Milano-Sanremo). E, claro, a grande surpresa chamada Mathew Hayman no Paris-Roubaix. Tivemos o regresso de Marcel Kittel às vitórias e um Mark Cavendish ao seu melhor nível na Volta a França, onde conseguiu, finalmente, vestir a camisola amarela.

O ano ficará ainda marcado pelas despedidas de Fabian Cancellara, Joaquim Rodríguez, Bradley Wiggins, Frank Schleck, Ryder Hesjedal e Jean-Christophe Péraud. Em Portugal, Hêrnani Broco também terminou a carreira, tendo Hugo Sabido e Bruno Pires optado por fazer o mesmo depois de não encontrarem equipa para 2017.

Ainda por cá, a surpresa chamada Rui Vinhas marcou 2016. O gregário da W52-FC Porto beneficiou de uma fuga para vestir a amarela na Volta a Portugal e não mais a largou. Um regresso em grande dos dragões ao ciclismo, ao contrário do Sporting, que se juntou ao Tavira, mas teve um 2016 muito complicado e parco em vitórias.

Regressando ao World Tour, Oleg Tinkov fechou a equipa e a IAM também terminou, o que mexeu muito com o mercado de transferências. Peter Sagan assinou pela Bora-Hansgrohe - equipa que sobe do escalão Profissional Continental para o principal -, num contrato de seis milhões de euros anuais, enquanto Alberto Contador assinou pela Trek-Segafredo. Sérgio Paulinho regressa a Portugal, à Efapel, mas vão estar quatro novos portugueses ao World Tour: José Mendes, José Gonçalves e os jovens Ruben Guerreiro e Nuno Bico. De referir ainda que pela primeira vez haverá uma portuguesa ao mais alto nível no ciclismo feminino: Daniela Reis.

Tantos momentos que ficam por referir, mas aqui ficam alguns dos mais insólitos, marcantes e também dos mais tristes de 2016.

Quedas de Fabian Cancellara no Paris-Roubaix

Foi o ano de despedida do ciclista suíço. Cancellara apostou forte na Volta a Flandres e no Paris-Roubaix, as suas clássicas de eleição. A primeira ficou para Sagan, com o suíço a ficar em segundo, num momento de fair play quando Sep Vanmarcke não sprintou em sinal de respeito, ficando em terceiro. Já no Paris-Roubaix, Cancellara teve uma queda que o tirou da discussão. 



Se essa o desiludiu porque não o deixou lutar pela resultado mais desejado, Cancellara admitiu que foi a queda no velódromo que o mais envergonhou. Ao saudar o público, com a bandeira numa mão, o suíço perdeu o controlo da bicicleta e proporcionou um momento caricato.



A queda da desgraça de Steven Kruijswijk

Estava a ser um Giro fenomenal para o holandês da Lotto-Jumbo. Parecia que nada nem ninguém lhe poderia tirar uma vitória brilhante... Até que aquela descida, aquela curva no Colle dell'Agnello... O tombo na neve arruinou um sonho e tirou-lhe um triunfo que lhe era merecido.



Mais uma queda, mas desta vez do insuflável que assinala o último quilómetro

Preparavam-se os ciclistas para terminar mais uma etapa, a sétima, do Tour, alguns até queriam atacar, como foi o caso de Adam Yates, que acabou por levar com o insuflável que assinala o último quilómetro em cima. Foi uma queda insólita que lhe valeu uns pontos no queixo.



Festejos precipitados, terminar etapa a empurrar a bicicleta e o enganou que parou uma fuga. Tudo na Volta a Portugal

A Volta a Portugal também teve os seus momentos insólitos. Na primeira etapa foi Wilson Ramiro Diaz a festejar uma vitória quando ainda faltava mais uma volta ao circuito final em Braga. Houve um ciclista que acabou uma etapa a empurrar a bicicleta. Teve um problema, já faltava pouco, não valia a pena esperar por apoio. Mas o melhor foi mesmo o engano na oitava tirada. O pelotão foi pelo caminho errado e o comissário optou por parar a fuga, esperar que o pelotão chegasse, dar novamente ordem de partida aos ciclistas da frente e depois aos restantes, mantendo a diferença que estava antes do engano. Pelo meio a RTP1 fez algo que provavelmente foi inédito: entrevistar ciclistas durante a etapa!



O ataque de Contador e Quintana na Vuelta

A etapa 15ª da Volta a Espanha entrará para a história do ciclismo. Há muito que não se via um líder entrar numa fuga numa grande volta, mas Nairo Quintana aproveitou a boleia de Alberto Contador para fugir nos primeiros quilómetros de uma tirada curta. Apanhou uma Sky desprevenida e Chris Froome não só perdeu a Vuelta nesse dia, como só não perdeu a sua equipa, porque a organização fechou os olhos ao facto de grande parte do pelotão ter chegado fora do tempo limite. Que fantástico dia de ciclismo!



Os momentos tristes

Foram muitos os incidentes, alguns graves. 2016 ficará novamente marcado pela questão das motos nas corridas. Antoine Demoitié (Wanty-Groupe Goubert) morreu depois de ter sido atingido por uma moto na Gent-Wevelgem. O motard não conseguiu parar quando se deu uma queda no pelotão. Depois temos Stig Broeckx. O belga da Lotto-Soudal começou o ano a ser "empurrado" por uma moto (vídeo em baixo), recuperou das lesões apenas para voltar a ser atropelado na Volta à Bélgica. Esteve várias semanas em coma.




E o momento dos momentos...

Palavras para quê? Como não poderia deixar de ser, o momento do ano tem de ser a corrida de Chris Froome no Mont Ventoux. Com a bicicleta danificada após uma queda provocada quando uma moto não conseguiu "furar" pelo muito público, o britânico não se atrapalhou por ter uns sapatos nada práticos para correr e começou a subir o Mont Ventoux a pé. Memorável!




Que venha 2017! Bom ano!

José Gonçalves, o melhor ciclista português em 2016 para os leitores do Volta ao Ciclismo

José Gonçalves conquistou a Volta à Turquia (Fotografia: Twitter: @CajaRural_RGA)
Foi um ano positivo para vários ciclistas portugueses. Cinco destacaram-se e foram a votação no blog Volta ao Ciclismo. José Gonçalves (Caja Rural) foi o vencedor, recebendo 26% dos votos, seguindo-se por Rui Costa (Lampre-Merida), com 20%. O terceiro mais votado foi Nelson Oliveira (Movistar), com 18% da preferência dos leitores e o vencedor do ranking nacional, Rafael Reis (W52-FC Porto), e o colega de equipa que conquistou a Volta a Portugal, Rui Vinhas, ficaram empatados com 16% dos votos.

Até à Volta a Portugal, o ciclista de Barcelos estava a realizar mais uma excelente temporada. José Gonçalves (27 anos) conquistou a sua primeira grande vitória numa corrida por etapas, ao vencer a Volta à Turquia. Venceu também uma etapa na Volta a Portugal - terminou na 23ª posição - e outra no Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela. Foi ainda quarto nos Campeonatos Nacionais, somando várias boas exibições noutras competições pela equipa espanhola. Também ganhou o Campeonato Nacional de Rampa, em Palmela.

No entanto, o final de época é para esquecer: desistiu da Volta a Espanha devido a fadiga muscular, o mesmo problema afectou nos Europeus (foi 68º) e uma queda acabou com a sua participação nos Mundiais. Porém, a boa temporada e, claro, a qualidade já reconhecida há algum tempo, valeu-lhe um contrato com uma equipa World Tour. Irá representar a Katusha-Alpecin em 2017, na companhia de Tiago Machado e será orientado por José Azevedo.

»»A nova vida da Katusha««

30 de dezembro de 2016

Jens Voigt e o 'Everest Challenge': subir (e descer) em Berlim durante 24 horas

Retirou-se em 2014, mas Jens Voigt não pára. O alemão continua a ser seguido por uma fiel legião de fãs, sendo muito activo nas redes sociais. E Voigt sempre gostou de um bom desafio. O seu estilo combativo contribuiu (e muito) para a sua popularidade e aos 45 anos vai enfrentar mais uma grande aventura em prol da caridade. No dia 2 de Janeiro vai realizar-se o que foi apelidado de "Jensie’s Everest Challenge". Não, Jens Voigt não vai subir o Evereste, mas vai subir (e descer) o Teufelsberg, um dos pontos mais altos de Berlim (114,7 metros), até atingir os 8848 metros do Evereste. E irá fazê-lo em 24 horas consecutivas, quase sempre a pedalar.

Quase porque Voigt quer partilhar a experiência com os fãs, ou simplesmente com quem queira ver esta aventura bem ao estilo do alemão. Para isso, Voigt fará algumas paragens para partilhar mensagens e vídeos nas redes sociais. E claro para alimentar e hidratar-se. Mas se alguém quiser dar um apoio in loco não precisa de ficar na berma da estrada, pode mesmo levar a bicicleta e pedalar ao lado do alemão. O objectivo principal é angariar fundos para uma organização de luta contra o cancro, a Tour du Cure. Porém, admite: "Adoro desafiar os meus limites. Adoro ir mais longe e tentar ver o que o meu corpo e mente são capazes. E que melhor maneira do que andar de bicicleta durante 24 horas e subir o equivalente ao Evereste?"

Caso esteja a pensar que Voigt é maluco... "Claro que as pessoas podem pensar que eu sou doido por fazer algo como isto. Mas, eu nunca disse que não era doido, certo? Ha-ha." Palavra de Jens Voigt!

O desafio começará cerca do meio-dia do dia 2 de Janeiro e Voigt pretende terminá-lo 24 horas depois. O alemão popularizou a expressão "Shut up Legs", isto é, "calem-se pernas" e diz que muito provavelmente vai gritar e muito com elas nas segundas 12 horas da aventura.

Já é possível fazer doações para a organização que Voigt quer ajudar e a marca pretendida é angariar 10 mil euros: www.ammado.com/community/jensieeverestchallenge.

Morreu Ferdi Kübler, o primeiro suíço a ganhar a Volta a França

(Fotografia: Wikimedia Commons - Noske, J.D./Anefo)
"Se fui campeão, fui porque era pobre. Lutava para comer, por ter uma vida melhor. Ganhei a Volta a França porque sonhei, porque sabia que se conseguisse nunca mais seria pobre." A declaração foi feita na 100ª edição do Tour, em 2013, à L'Equipe Magazine. Ferdi Kübler recordava o triunfo histórico de 1950, quando se tornou no primeiro suíço a vencer a Volta a França. Só voltaria a haver mais um e foi o seu grande rival, Hugo Koblet, no ano seguinte. Kübler também seria durante décadas o suíço  que vestiu mais tempo a camisola amarela no Tour, até aparecer Fabian Cancellara.

A única coisa que Kübler lamentava era ter começado a carreira durante a Segunda Guerra Mundial  (nasceu a 24 de Julho de 1919), pois acabou por competir nos primeiros anos apenas pela Suíça, fazendo a sua estreia no Tour em 1947, quando a corrida foi retomada depois de sete anos de interrupção devido à guerra. O suíço venceu duas etapas (das cinco que alcançou na carreira) e vestiu a camisola amarela durante um dia. Voltou em 1949 para conquistar mais uma etapa, mas no ano seguinte venceu o Tour, superando o belga Stan Ockers e o gaulês Louison Bobet (que viria a conquistar mais tarde três edições da Volta a França).

Apesar de ser um dos ciclistas mais fortes de uma geração que contou com nomes como Gino Bartali e Fausto Coppi, Kübler não conseguiu vencer mais nenhuma grande volta, tendo sido segundo no Tour, em 1954, e terceiro por duas vezes no Giro, em 1951 e 1952. Mas teve uma carreira marcada por sucessos, como um título mundial em 1951, duas Liège-Bastogne-Liège, duas Flèche Wallonne, duas Voltas à Romandia e três Voltas à Suíça.

Em 1955 foram descobertas substâncias dopantes no quarto de Kübler, depois de ter levantado suspeitas durante a subida ao Mont Ventoux. O suíço pedalou de forma errática e os comissários desconfiaram que algo se passava. O ciclista sempre negou ter recorrido a substâncias proibidas. Em 1957 terminou a carreira, mas no seu país nunca deixou de ser um ídolo e em 1983 foi mesmo eleito o desportista helvético mais popular dos últimos 50 anos.

Ferdinand (Ferdi) Kübler tinha de problemas de saúde há alguns anos. Passou o Natal em casa, mas foi depois internado devido a uma constipação. "O Ferdi adormeceu pacificamente com um sorriso no rosto", afirmou a esposa Christina, à revista alemã Schweizer Illustrierte. Kübler tinha 97 anos.

29 de dezembro de 2016

Axel Merckx: "Os gémeos Oliveira são jovens muito talentosos. Só precisam de passar esse talento da pista para a estrada"

(Fotografia: Facebook Axel Merckx)
Pela equipa de Axel Merckx têm passado muitos jovens talentos do ciclismo, que encontram na Axeon Hagens Berman e na orientação do director desportivo um caminho para o World Tour. São vários aqueles que chegaram aos mais alto nível depois de passarem pela formação americana de Merckx, sendo o caso mais recente um português: Ruben Guerreiro. E em 2017 será a vez de duas das maiores promessas do ciclismo nacional terem a oportunidade que lhes poderá ajudar (e muito) na sua carreira. Os gémeos Oliveira já estavam a ser seguidos por Merckx há alguns anos e o belga tem esperança que possam mostrar na estrada, toda a qualidade que já demonstraram na pista.

"[Os gémeos Oliveira] são jovens muito talentosos. Só precisam de passar esse talento da pista para a estrada. É isso que esperamos", explicou Axel Merckx ao Volta ao Ciclismo. O director desportivo referiu que a evolução e Ivo e Rui Oliveira irá depender da "adaptação que tiveram na estrada e de como irão conseguir ser consistentes em algumas das grandes corridas". O primeiro grande teste irá acontecer no estágio da equipa, principalmente para Ivo Oliveira, já que o irmão ainda está em fase de recuperação de uma fractura na perna. "Vamos ver como está a resistência do Ivo. Sabemos que ele tem um grande motor e o talento para andar muito rápido. Agora vamos ver como ele reage a um estágio duro", salientou.

Os gémeos têm apenas 20 anos e Axel Merckx ainda considera ser uma incógnita em que tipo de ciclistas podem tornar-se: "Eles deverão ser bons contra-relogistas e têm e devem ter bons resultados nos contra-relógios. Mas não posso ter a certeza. Teremos de esperar para ver o que eles vão fazer esta época e nos próximos anos." Apesar de ter esperança que os gémeos transfiram todo o talento que têm para a estrada, Merckx deixa o aviso que "ter talento não chega". "Têm de ter o motor para terminar e ter sucesso na estrada. Tiveram alguns resultados na estrada em Portugal, mas agora vão para um nível completamente diferente. Vamos ver como eles dão esse salto. Vamos ter de os analisar nos treinos e veremos também como recuperam após cada grande corrida", realçou.

Merckx afirmou que já se sabe que os gémeos têm o talento para andar rápido "em eventos curtos de perseguição", referindo-se aos bons resultados que obtiveram em corridas de perseguição, scratch e omnium, na pista: "Agora é passar isso para a estrada com um pouco de resistência."


"Tiveram alguns resultados na estrada em Portugal, mas agora vão para um nível completamente diferente. Vamos ver como eles dão esse salto. Vamos ter de os analisar nos treinos e veremos também como recuperam após cada grande corrida"

Em 2013, Rui Oliveira conquistou a medalha de prata em scratch, nos Europeus de juniores e no ano seguinte ficou com medalha de bronze nos Mundiais, em scrach e madison. Também em 2014 o seu irmão, Ivo, comprovou que se estava perante gémeos de talento: tornou-se no primeiro português a conquistar uma medalha de ouro em pista, sagrando-se campeão europeu em perseguição individual e fez ainda melhor ao ser campeão do mundo nesse mesmo ano.

A Axeon Hagens Berman vai começar a temporada na Volta ao Alentejo. Merckx explicou que o início do ano dos gémeos também passará pela pista. "O Ivo vai fazer algumas corridas com a selecção nacional. O Rui também o poderá fazer, dependendo de como está a recuperar e de como reagir no estágio. A expectativa é que ele se mostre um pouco mais tarde na temporada nas grandes corridas europeias. Tudo dependerá de como responderem à carga de trabalho."

Elogios a Ruben Guerreiro

Axel Merckx trabalhou os últimos dois anos com Ruben Guerreiro. O português tornou-se num dos cerca de 30 ciclistas que saltaram da equipa de Merckx para o World Tour e o director desportivo não tem dúvidas: "Ele é um dos maiores talentos que está aí." O belga afirmou que será necessário continuar a trabalhar para o ciclista "manter a consistência durante toda a época". Porém, recordou que Guerreiro teve algumas lesões, sendo necessário garantir que o português recupera devidamente desses problemas para que não se repitam. "Ele deu sinais de ser um pouco frágil, mas isso não faz mal. Ele irá aprender a viver como um ciclista profissional e perceber que entrar no World Tour não é suficiente. Ele terá de evoluir e ficar mais forte. Mas ele consegue fazê-lo. Ele é muito talentoso", frisou.

Merckx atento ao ciclismo nacional

Filho daquele que é considerado um dos melhores ciclistas de sempre, Eddy Merckx, Axel (44 anos) tornou-se num dos melhores directores desportivos na formação de jovens, depois de uma carreira de 14 anos como ciclista. Joe Dombrowski e Alex Dowsett são dois nomes importantes no ciclismo actual que trabalharam com Merckx quando eram sub-23. O belga tem sido exímio na captação de jovens talentos e confirmou estar atento aos que vão surgindo em Portugal. "É um daqueles países onde há muito talento cru [por trabalhar]. É uma questão de os encontrar e dar-lhes a oportunidade para competir em corridas mais importantes. [Rui Costa e Nelson Oliveira] provaram que há talento [em Portugal]. Há apenas que lhes dar a oportunidade para se mostrarem."

Merckx disse ainda que não é um problema o ciclismo não ser o desporto mais importante em Portugal, pois considera que a federação está a trabalhar muito para o desenvolvimento dos jovens ciclistas: "Isso ajuda-nos a conseguir vê-los e contratá-los para lhes proporcionar um calendário melhor e um nível mais elevado."

»»Gémeos Oliveira assinam pela equipa de Axel Merckx««

Trek-Segafredo é surpresa de última hora na Volta ao Algarve

(Fotografia: Facebook Trek-Segafredo)
O pelotão estava fechado com 24 equipas, como a organização desejava. Porém, o cancelamento da Volta ao Qatar está a alterar os planos de algumas formações e a Trek-Segafredo enviou um pedido de inscrição para a prova algarvia. Havia espaço para mais uma e, por isso, a equipa americana vai voltar a participar na competição portuguesa. Com esta presença, serão 12 das 18 equipas do World Tour a marcar presença na 43ª edição da Volta ao Algarve: Astana, Bora-Hansgrohe, Cannondale-Drapac, Dimension Data, FDJ, Katusha-Alpecin, Lotto-Jumbo, Lotto Soudal, Movistar, Quick-Step Floors, Sky e Trek-Segafredo.

Uma marco numa corrida que tem vindo a crescer ano após ano, sendo que em 2017 pertencerá à categoria 2.HC (mais alto só se for do calendário World Tour). O pelotão terá assim 200 ciclistas e agora as inscrições estão mesmo encerradas, pois não é permitido mais do que a Volta ao Algarve já tem garantido.

"Será um desafio acrescido em termos de segurança, que a organização irá enfrentar com o máximo de rigor, de modo a que o espectáculo desportivo seja acompanhado pelas melhores condições oferecidas a toda a caravana", salientou a organização, no site oficial da corrida.

A confirmação de última hora da Trek-Segafredo não quererá dizer que Alberto Contador regresse à competição que venceu em 2009 e 2010. O calendário do espanhol ainda não foi oficialmente confirmado, mas Contador deverá optar pela Ruta del Sol, que também se realiza de 15 a 19 de Fevereiro. No entanto, a presença da Trek-Segafredo poderá ser a possibilidade de ver Ruben Guerreiro na estreia do jovem português no World Tour e talvez de André Cardoso, que trocou a Cannondale-Drapac pela Trek. E quem sabe, John Degenkolb - a outra grande contratação - possa estar nas estradas algarvias.

O cancelamento da Volta ao Qatar está a provocar uma reviravolta na definição do início de temporada de equipas e respectivos ciclistas. A Volta ao Algarve poderá beneficiar ainda mais, se alguns corredores que pretendiam ir à corrida do Médio Oriente, escolham, eventualmente, a "Algarvia".

Até ao momento, estão confirmados nomes como o campeão do mundo de contra-relógio Tony Martin - que estará acompanhado dos portugueses Tiago Machado e José Gonçalves, - e Thibaut Pinot, uma das referências do ciclismo francês, tal como o companheiro da FDJ, Arnaud Démare, vencedor da Milano-Sanremo deste ano.


28 de dezembro de 2016

Wiggins anuncia um adeus rodeado de suspeitas

'Wiggo' termina carreira aos 36 anos (Fotografia: Facebook Bradley Wiggins)
Quando no ano passado Bradley Wiggins decidiu colocar um ponto final na carreira em 2016, o objectivo era sair em grande, com uma medalha olímpica no seu regresso às origens, ou seja, à pista. Conseguiu o objectivo, ao mesmo tempo que foi tornando a sua equipa de estrada Team Wiggins, numa referência na formação de jovens ciclistas. Porém, as últimas semanas ficaram marcadas por suspeitas que o britânico recorreu à Autorização de Utilização Terapêutica - a muito falada TUE (na sigla em inglês) - para tomar substâncias que de outra forma seriam ilegais. E claro que há ainda o pacote mistério que tanta curiosidade gerou. No entanto, perante a carreira que teve, Wiggins será recordado como um dos melhores ciclistas britânicos, vencedor de uma Volta a França, campeão do mundo de contra-relógio, sendo um único ciclista a ter uma medalha de ouro olímpica na estrada (também em contra-relógio) e na pista.

Em Abril de 2015, Wiggins terminou uma ligação de quase seis anos com a Sky, equipa que ajudou a tornar numa das mais poderosas na história do ciclismo e que, por sua vez, o ajudou a vencer a tão desejada Volta a França. Na pista, Wiggins cedo conquistou o respeito, mas na estrada despontou já depois dos 30 anos. Parecia destinado a ser mais um dos muitos pretendentes a querer ganhar uma grande volta - o Tour, principalmente - e com qualidade para tal, mas que iria passar ao lado do sonho. Apesar de ser um bom trepador, Bradley Wiggins não era um trepador puro, o que o prejudicou em alguns momentos importantes. Uma queda tirou-lhe a hipótese de lutar pelo Tour em 2011 (abandonou), mas no ano seguinte, Wiggins alcançaria o seu objectivo, assim como o da Sky que quando foi formada, os responsáveis sempre apontaram a Volta a França como a principal ambição.

Porém, a vitória não lhe deu o estatuto esperado e normalmente alcançado por um vencedor do Tour. A seu lado esteve um Chris Froome a quem deve grande parte do seu triunfo e devido a quem percebeu que ou ganhava em 2012, ou não teria mais oportunidades. Wiggins saborou o momento e abriu a vaga de líder a Froome, apostando no ano seguinte no Giro. Será uma corrida que o britânico dificilmente esquecerá, pois foi das raras ocasiões que ter a super equipa da Sky não fez a diferença, pois foi impossível evitar o descalabro do seu líder, cujas limitações a descer numa corrida marcada pelo mau tempo fez com que caísse umas quantas vezes e para evitar cair umas mais, via os adversários afastarem-se. Quando do quarto lugar, passou para 12º, desistiu na 13ª etapa.

Bradley Wiggins soube analisar bem a sua carreira. Tomou as opções correctas para conseguir um triunfo que poucos achavam possível no Tour e tomou a decisão ainda mais correcta em sair da ribalta quando percebeu que estava em segundo plano na equipa. Criou a Team Wiggins com o objectivo de dar oportunidades a jovens, aproveitando para escolher as competições de estrada que lhe apetecesse fazer, enquanto regressava à pista.

Pelo meio foi nomeado Sir, numa cerimónia em Dezembro de 2013, e é também o detentor do recorde da hora com a distância de 54.526 quilómetros, marca alcançada a 7 de Junho de 2015.

A mudança de objectivos em 2015 foi como uma nova vida para Wiggins. Reencontrou-se com a melhor forma (na pista), de tal forma que há um ano dizia estar arrependido de ter anunciado o final da carreira para 2016. Durante este ano, Wiggins voltou a admitir que poderia continuar, ainda mais depois de todo o sucesso na pista, com um título mundial (ao lado de Mark Cavendish) e o ouro olímpico. Wiggins até foi incluindo no programa olímpico britânico.

Agora chegou a confirmação que perante a polémica das TUE tornou-se inevitável. Wiggins diz adeus aos 36 anos, depois de uma longa carreira. "Tive a sorte de viver um sonho e cumprir a aspiração que tinha desde criança de ter uma carreira na modalidade pela qual me apaixonei quando tinha 12 anos. Conheci os meus ídolos e corri com e ao lado dos melhores durante 20 anos", lê-se na mensagem publicada no Facebook.



A questão das substâncias que tomou recorrendo à Autorização de Utilização Terapêutica (o atleta pode tomar substâncias proibidas desde que sejam para efeito terapêutico, no caso de Wiggins as razões apontadas foram as alergias e asma) acaba por ensombrar a sua despedida. Não ajuda Wiggins pouco ou nada falar sobre o assunto e ter outros ciclistas a considerarem que houve uma conduta suspeita por parte do britânico e da Sky. O famoso pacote misterioso entregue na última etapa do Critérium du Dauphiné em 2011 (que Wiggins venceu) alimentou ainda mais as suspeitas e as declarações do director desportivo, Dave Brailsford, que disse que o pacote era Fluimucil, não foram convincentes, até porque, anteriormente Brailsford tinha afirmado que não tinha sido entregue qualquer pacote naquele dia. Fluimucil ajuda a eliminar as secreções produzidas nos pulmões, tornando-as mais líquidas, o que facilita a sua eliminação das vias respiratórias, melhorando a respiração. Não é uma substância ilegal.

31 vitórias como profissional, as mais importantes foram no fantástico 2012, ano durante o qual ganhou o Paris-Nice, Volta à Romandia, Critérium du Dauphiné, a Volta a França e o ouro olímpico no contra-relógio, nos Jogos de Londres. É por estes resultados e todos os outros que tem na pista (quatro medalhas de ouro olímpicas e sete vezes campeão do mundo, por exemplo) que Sir Bradley Wiggins quer ser recordado, olhando para o futuro na tentativa de ser um exemplo para os mais jovens na sua equipa. E claro, ninguém irá esquecer as patilhas que foram a sua imagem de marca durante muito tempo!

»»Afinal podemos mesmo despedir-nos de Joaquim Rodríguez. Espanhol terminou a carreira««

»»Houve festa de despedida, mas o adeus de "Spartacus" ainda não parece real... #ciaofabian««

Nuno Bico reforça Movistar e junta-se a Nelson Oliveira

(Fotografia: Facebook Nuno Bico)
Mais um português no World Tour. Nuno Bico é uma das jovens promessas nacionais e que agora terá a oportunidade tão desejada e merecida. Aos 22 anos, o ciclista de Viseu assinou por uma das melhores equipas do World Tour, a espanhola Movistar, e terá à sua espera o compatriota Nelson Oliveira, além de estar ao lado de alguns dos principais ciclistas da actualidade, como Nairo Quintana e Alejandro Valverde.

"Radiante de poder anunciar que farei parte da Movistar Team!" escreveu Nuno Bico na sua página de Facebook. A expectativa para o futuro do ciclista era grande. Começou por evoluir na Rádio Popular-Boavista e este ano esteve na Klein Constantia, equipa de formação da Etixx-QuickStep (Quick-Step Floors em 2017), mas que os responsáveis resolveram terminar. Nuno Bico esteve muito bem na corrida de sub-23 nos Mundiais do Qatar, integrando a fuga e sendo o que mais trabalhou para tentar que o grupo conseguisse discutir a vitória, algo que acabou por não acontecer. Uma demonstração do talento, que já lhe era reconhecido, quando mais era preciso, numa corrida sempre com muitos olheiros. Todo o trabalho do jovem ciclista é agora recompensado com um contrato com a Movistar.

"Excelente trepador e bom rolador, apto para provas por etapas e jornadas de mais alta exigência." É desta forma que Nuno Bico é descrito pela sua nova equipa no anúncio feito no site oficial da Movistar. É ainda recordado que o português foi campeão nacional de sub-23 em 2015.

Nuno Bico será o quarto português que a fazer a sua estreia no World Tour no próximo ano, juntando-se a outro jovem talento, Ruben Guerreiro (Trek-Segafredo), José Gonçalves (Katusha-Alpecin) e José Mendes (Bora-Hansgrohe). O ciclista aveirense poderá contar com um apoio importante de Nelson Oliveira, que há seis anos compete ao mais alto nível e que teve um bom primeiro ano na Movistar.

A contratação do português fecha o plantel da equipa espanhola, que contará com 28 ciclistas: Andrey Amador, Winner Anacona, Carlos Betancur, Dayer Quintana, Nairo Quintana, Jorge Arcas, Carlos Barbero, Héctor Carretero, Jonathan Castroviejo, Víctor de la Parte, Imanol Erviti, Rubén Fernández, Jesús Herrada, José Herrada, Gorka Izagirre, Dani Moreno, Antonio Pedrero, José Joaquín Rojas, Marc Soler, Alejandro Valverde, Daniele Bennati, Adriano Malori, Richard Carapaz, Alex Dowsett, Nuno Bico, Nelson Oliveira, Rory Sutherland e Jasha Sütterlin.

»»Nuno Bico e a grande exibição, no momento certo e no palco perfeito««

Volta ao Qatar foi cancelada

(Fotografia: Facebook Volta ao Qatar)
Era a corrida do Médio Oriente mais antiga. Realizava-se desde 2002, com o Qatar a apostar no ciclismo para promover a região. Com uma ajuda dos petrodólares, a organização foi aos poucos convencendo equipas do World Tour a participarem e por isso conta com vencedores como Tom Boonen e Mark Cavendish no palmarés da prova. Em 2017 chegaria finalmente ao nível World Tour, depois de este ano o Qatar ter realizado uns Mundiais de muita polémica. As paisagens marcadas pelo deserto, não só de areia, mas também da ausência de público tornaram-se uma imagem de marca. Naturalmente nada atractiva. Quando parecia que o Qatar queria definitivamente afirmar-se na modalidade, afinal acabou por ser o fim de uma história... sem grande história.

Para fugir ao Inverno europeu, sprinters e ciclistas que tinham como objectivo as clássicas, aproveitavam o sol e os percursos planos do Qatar para começarem as temporadas. O interesse das corridas não era entusiasmante, mas lá aparecia o vento que provocava cortes no pelotão. Ainda assim, o mais normal era ter de esperar pelo sprint final para acontecer algo emocionante. Com a Amaury Sport Organisation (responsável pela Volta a França) a ajudar na organização e com Eddy Merckx a ser uma espécie de padrinho, a Volta ao Qatar foi conquistando o seu lugar no calendário e em 2017 seria uma das novas provas do World Tour, com Tom Boonen a já ter confirmado que iria lá estar.

Num curto (mesmo muito curto) comunicado, a UCI limitou-se a escrever: "Parece que a decisão acontece na sequência de dificuldades em atrair um patrocinador para apoiar financeiramente." Problemas de dinheiro é algo estranho quando se fala do Qatar, mas, se calhar, em causa estará mesmo a falta de interesse mediático na competição e as polémicas do Mundial poderão ter contribuído para afastar potenciais patrocinadores.

Em Fevereiro o intenso calor não é um problema tão grande como foi em Outubro durante os Mundiais. No entanto, a polémica que poderá ter sido decisiva foi a falta de público. Foram uns Mundiais com um cenário desolador. Na zona da meta lá apareceram algumas pessoas, uns holandeses e até foi fotografado um francês. A organização tentava publicar fotografias nas redes sociais com pessoas a apoiar, mas não enganavam ninguém. Os ciclistas sentiram a falta de ambiente e expressaram a sua desilusão por competirem sem ter ninguém a apoiá-los na estrada, numa das competições mais importantes do ano.

Se na Volta ao Qatar tal nunca foi um problema durante tantos anos, agora que seria uma corrida World Tour, a atenção seria outra. Não basta organizar uma competição de forma a mostrar a região ao mundo, através da transmissão televisiva. O ciclismo sem público passa uma imagem desoladora.

A UCI fica agora com um problema de datas em provas World Tour. A entrada de competições permitiu compor o calendário, mas com a saída do Qatar - que se deveria realizar entre 6 e 10 de Fevereiro -, ficará quase um mês sem uma corrida do nível World Tour. Também as senhoras perdem uma das suas competições, pois foram canceladas a prova masculina e feminina.


27 de dezembro de 2016

Thibaut Pinot lidera uma forte FDJ na Volta ao Algarve. Démare também foi inscrito

Thibaut Pinot regressa à Volta ao Algarve, desta vez a pensar no Giro
(Fotografia: Facebook FDJ)
O pelotão da Volta ao Algarve vai ganhando protagonistas. A FDJ já elegeu os ciclistas que deverão estar na prova portuguesa e mais uma vez Thibaut Pinot estará presente. Mas em 2017 a FDJ trará ainda a sua outra estrela: Arnaud Démare. O sprinter, vencedor do monumento Milano-Sanremo, será um candidato à vitória na primeira e quarta etapa (chegadas em Lagos e Tavira), enquanto Pinot virá lutar pela geral, tendo sido quarto este ano, ficando a seis segundos do pódio e a 32 do vencedor, Geraint Thomas (Sky).

Thibaut Pinot optou por não colocar a Volta a França como o seu principal objectivo no próximo ano e estará no Algarve para preparar a sua estreia no Giro. Já Démare estará a pensar em tentar repetir o triunfo na Milano-Sanremo. A FDJ trará Sébastien Reichenbach, o habitual homem de confiança de Pinot, enquanto Démare terá a ajudá-lo nos sprints Marc Sarreau, Jacopo Guarnieri e Ignatas Konovalovas. O veterano William Bonnet e o reforço sueco Tobias Ludvigsson completam a equipa.

Desde logo, Pinot será um dos candidatos à vitória na Volta ao Algarve, que contará com o vencedor de 2011 e 2013: Tony Martin. O alemão, que no próximo ano iniciará uma nova fase da carreira na Katusha-Alpecin de José Azevedo, terá a seu lado os portugueses Tiago Machado e José Gonçalves, que faz a sua estreia no World Tour. Martin irá vestir a camisola de campeão do mundo de contra-relógio, na terceira etapa. Simon Spilak, Baptiste Planckaert (primeiro do ranking Europe Tour em 2016 e outro dos reforços da equipa agora suíça), Maurits Lammertink e os jovens Sven Erik Bystrøm e Mads Würtz Schmidt completam a formação.

Das equipas Profissionais Continentais, a Gazprom-RusVelo também já escolheu os ciclistas que pretende enviar à Volta ao Algarve, com destaque para Sergey Lagutin, que regressa à equipa depois de dois anos na Katusha, tendo vencido uma etapa na última Volta a Espanha. Alexey Tsatevich, Nikolay Trusov, Kirill Sveshnikov, Sergey Nikolaev, Evgeniy Shalunov, Ildar Arslanov e Artem Nych fecham a equipa.

A única equipa Continental que não é portuguesa e que a organização aceitou o pedido de inscrição é a americana Rally Cycling. A principal figura será o jovem de 18 anos Brandon McNulty, que foi campeão do mundo de contra-relógio de juniores no Qatar. O americano terá a companhia de Robert Britton, Matteo Dal-Cin, Adam de Vos, Evan Huffman, Colin Joyce, Sepp Kuss e Danny Pate.

Equipas que estarão na 43ª edição da Volta ao Algarve:

World Tour: Astana, Bora-Hansgrohe, Cannondale-Drapac, Dimension Data, FDJ, Katusha-Alpecin, Lotto-Jumbo, Lotto Soudal, Movistar, Quick-Step Floors e Sky; 

Profissional Continental: Caja Rural, Cofidis, Gazprom-RusVelo, Manzana Postobón, Roompot-Nederlandse Loterij e Wanty-Groupe Gobert;

Continental: Efapel, LA Alumínios-Metalusa-BlackJack, Louletanto-Hospital de Loulé, Rádio-Popular-Boavista, Sporting-Tavira, W52-FC Porto e Rally Cycling.


Quintana no Giro? Afinal ainda não está definido, garante o director desportivo da Movistar

Nairo Quintana anunciou programa, director desportivo contrariou-o

(Fotografia: Facebook Movistar)
Eusebio Unzue contrariou Nairo Quintana e afirmou que ainda não foi definido o programa dos ciclistas da Movistar para 2017. O director desportivo da equipa espanhola admite a possibilidade do colombiano fazer Giro-Tour, mas diz que ainda está em equação a repetição do esquema de 2016, ou seja, Tour-Vuelta.

"Não sei porque saiu essa notícia. Ainda não definimos o programa das competições. Existe a possibilidade de que o Nairo faça o Giro e o Tour, mas também poderá repetir o Tour e a Volta a Espanha. Agora não me parece justo dizer que percentagem de possibilidade tem um ou outro programa", afirmou Unzue, em declarações ao jornal Gazzetta dello Sport.

A presença de Nairo Quintana na 100ª edição volta assim a ser uma incógnita, pois parece que a vontade do ciclista não significa ser uma certeza. Foi o colombiano quem assegurou que em 2017 iria estar na Volta a Itália, apesar do objectivo principal continuar a ser o Tour. Esta incerteza lançada por Unzue estará a acontecer porque o director desportivo quer conhecer o percurso da Vuelta - que tem sido divulgado aos poucos - antes de decidir se a sua principal figura vai a Itália (prova que ganhou em 2014) ou regressa a Espanha, onde venceu este ano.

A confirmação oficial da Movistar do calendário de Quintana e dos restantes ciclistas poderá só acontecer durante a apresentação oficial da equipa, que deverá realizar-se a 25 de Janeiro.

Desde que o percurso do Giro foi apresentado que Nairo Quintana foi deixando indicações que gostaria de regressar à competição. Apesar de na entrevista ao jornal El Tiempo ter realçado que o Tour será sempre a prioridade, disse ainda que a Movistar iria a Itália com ambição. Eusebio Unzue é que parece não estar tão convencido, mas Quintana acredita que poderá tornar-se no primeiro ciclista a vencer as duas grandes voltas no mesmo ano desde 1998. Marco Pantani foi o último a alcançar o feito.



26 de dezembro de 2016

"Os directores em Portugal preferem ir buscar um ciclista espanhol do que, às vezes, ficarem com um português"

(Fotografia: Patrícia Nunes)
Durante a sua fase de formação Samuel Magalhães ouviu inúmeras vezes ser um ciclista de talento, com um futuro promissor à sua espera. Porém, com apenas 24 anos, vê o seu sonho de ser ciclista profissional desfazer-se e de promessa está prestes a tornar-se num jovem corredor sem equipa em 2017. Uma situação impensável há poucos anos, mas nos dois de profissional, primeiro na Rádio Popular-Boavista e depois no Louletano-Hospital de Loulé, a experiência não correu como desejava e apesar de garantir que sempre cumpriu o seu papel como gregário, a falta de resultados pessoais poderá estar agora a resultar na falta de convites para continuar a carreira.

"O trabalho de gregário é ingrato", desabafou Samuel Magalhães ao Volta ao Ciclismo, acrescentado que a dedicação de um ciclista a este tipo de função "não é vista, as pessoas não olham para isso". É difícil esconder a desilusão pelo momento que vive e até pela modalidade, ainda que saliente que tal aconteça provavelmente pela fase difícil que atravessa. Quando é questionado como é que ficou nesta situação, o ciclista de Aveiro aponta várias razões, mas a primeira é logo uma crítica às preferências nas contratações nas equipas nacionais. "Falo por experiência própria, os directores em Portugal preferem ir buscar um espanhol do que, às vezes, ficar com um português. Cá é assim... São opções para eles, mas não sei se são válidas ou não. Muitas vezes são ciclistas que não vão render nada para a equipa. Se eles acabam por optar assim... não podemos fazer nada", salientou Samuel Magalhães.

Já praticamente sem esperança de conseguir uma equipa para 2017, o corredor disse estar a "tentar seguir com a vida", ou seja, arranjar um emprego "numa fábrica, para já". "Se não é possível viver do ciclismo, tenho de arranjar outras alternativas", afirmou, acrescentando procurar algo que lhe dê alguma estabilidade, pois tem encargos que lhe dão "valentes despesas". No entanto, quer também tentar continuar a treinar e manter a forma. É que apesar de no post do Facebook - no qual anunciou que a equipa Louletano-Hospital de Loulé não iria renovar com ele - ter escrito estar a ponderar abandonar, agora admite que com a idade que tem poderá tentar arranjar equipa para 2018 ou então "criar algum projecto que seja benéfico para todos" e até já falou com um amigo e colega de equipa sobre esta possibilidade.

O problema físico, a humildade e a tristeza

"Tenho 24 anos. O meu sonho sempre foi ser ciclista profissional. Sei que podia ter dado muito mais, mas, infelizmente, as coisas não correm sempre como nós planeamos." Samuel Magalhães fez uma retrospectiva aos dois anos em que esteve em equipas profissionais. No Louletano destacou como começou 2016 com uma tendinite. "Estive quase um mês parado. Depois, ainda não estava a 100%, mas o chefe quis pôr-me a correr e infelizmente foi logo em provas muito duras, como a Volta ao Alentejo", referiu. Samuel Magalhães considera que talvez nunca tenha conseguido ficar a 100% após o problema físico. Ainda assim diz que começou "a andar bem", mas que não teve a sorte do seu lado. "Tive sempre avarias mecânicas ou qualquer coisa que me impossibilitava de estar na discussão de uma corrida ou de chegar à frente."

"Sempre consegui ajudar bem a equipa, sempre fiz o meu trabalho, mas nunca consegui reservar nada para mim porque esse trabalho desgastava-me muito"

O ciclista é da opinião que "em Portugal se dá pouco valor" ao trabalho de um gregário. "Sempre consegui ajudar bem a equipa, sempre fiz o meu trabalho, mas nunca consegui reservar nada para mim porque esse trabalho desgastava-me muito", disse, considerando que acabou por ser prejudicado por não ter alcançado resultados individuais de destaque: "O chefe Manuel Correia [director desportivo na sua fase de formação] sempre me ensinou a ser humilde, a ajudar os líderes, que haveria de ter oportunidades. Não tenho problemas com isso. Acho que o ciclismo é um ciclo: os mais novos aprendem com os mais velhos enquanto os ajudam a ter condições para discutir as corridas. Porém, acho que acabei por me 'queimar' um bocado à custa disso. Deixei-me estar a ajudar quando houve corridas que sei que podia ter discutido, tanto no Boavista como no Louletano."

Samuel Magalhães contou que falou com a LA Alumínios-Metalusa-BlackJack, mas não houve acordo. "Não sei se é verdade ou não. São coisas que que eu penso e não digo que seja uma realidade em Portugal, mas se calhar é muita coincidência optarem por ciclistas jovens, que significa gastar menos dinheiro e assim ter possibilidade de contratar um líder. Neste caso, por exemplo, o Edgar Pinto se tiver um salário digno da qualidade dele, é um salário alto e é claro que o dinheiro é pouco e é preciso ir buscar ciclistas de menor valor. Não significa que eu seja caro..." Destacou ainda como alguns corredores não se importam de ganhar menos, exemplificando como muitos jovens vivem com os pais, não tendo encargos, podendo "facilitar para viver o sonho" de ser ciclista.

"Diziam que podia estar num nível superior... Mas não estou... Não sei dizer porquê. Sempre dei o meu melhor, mas as coisas às vezes não saem"

Apesar das opiniões bastante críticas, não significa que Samuel Magalhães tente colocar a culpa da sua situação apenas em terceiros. O ciclista admitiu que sentiu as diferenças da passagem de uma equipa de formação para uma profissional: "O acompanhamento é diferente. Tu é que tens de te safar. Senti isso. Vinha a trabalhar com o Manuel Correia e ele tinha-me avisado que seria um bocado diferente." Se a sua época no Louletano não foi positiva, já a estreia no Boavista considera "não ter sido má". Recordou como na Route du Sud, em 2015, andou bem - vestiu a camisola de líder da montanha, algo inesperado visto não ser um trepador -, mas depois acabou por desistir. "São coisas que não saem para as pessoas cá fora. É bonito aparecer na televisão, mas há coisas más que acontecem que parecem ser culpa do atleta, mas se calhar não são.... Isto é geral, não é só comigo ou com quem correu comigo. Em geral, nas equipas de ciclismo há problemas que acontecem e o ciclista é que fica mal, quando, na verdade, a culpa não é dele", frisou.

Foi com um tom nostálgico que falou de quando ouvia as pessoas falarem do seu talento e de como tinha um futuro promissor. "Diziam que podia estar num nível superior... Mas não estou... Não sei dizer porquê. Sempre dei o meu melhor, mas as coisas às vezes não saem. Fico triste porque à partida tenho de deixar o ciclismo." Samuel Magalhães considera que "não se dá o benefício das dúvidas" aos atletas: "Tanto somos bons hoje, como amanhã não somos nada."

O ciclista realçou saber do valor que tem e espera que o abandono seja apenas temporário. Depois de como sub-23 ter liderado a Volta a Portugal do Futuro, como júnior ter participado no Paris-Roubaix daquele escalão, além de ter sido presença habitual na selecção nacional, tanto de estrada como de pista, tendo sido campeão nacional de perseguição individual também como júnior, Samuel Magalhães vive o momento mais complicado da carreira. Porém, sendo um ciclista que se descreve como combativo, o atleta ainda não está preparado para atirar a toalha ao chão e quer voltar a viver o sonho da sua vida de ser ciclista profissional.

Chris Froome mantém-se fiel ao habitual programa: apostar no Tour, fugir ao Inverno europeu e treinar na África do Sul

Froome quer a quarta vitória no Tour e explica como o filho mudou a sua vida
(Fotografia: Team Sky)
Um dia depois de Nairo Quintana ter dado uma grande alegria aos organizadores da Volta a Itália, Chris Froome não se deixou influenciar e anunciou que irá manter-se fiel ao seu habitual programa. Ou seja, a aposta será o Tour, onde procurará a sua quarta vitória, terceira consecutiva. Apesar dos elogios ao percurso da 100ª edição do Giro e de não parecer particularmente agradado com o da próxima edição da Volta a França, é claramente na prova gaulesa que o britânico quer continuar a deixar a sua marca e, quanto muito, tentará novamente fazer a dobradinha Tour-Vuelta, que este ano Quintana não deixou que acontecesse.

Froome não muda uma vírgula ao plano que fez em 2016. Vai começar o ano na Austrália, seguindo depois para o estágio de três semanas na África do Sul. O britânico quer "fugir" ao Inverno europeu e, por isso, só virá em Março, na Volta à Catalunha, ou seja, não estará nem no Paris-Nice, nem no Tirreno-Adriatico. A Volta à Romandia e o Critérium du Dauphiné voltam a estar na rota da sua preparação para o Tour. "É um programa a que estou habituado", explicou numa entrevista à Gazzetta dello Sport. Quanto a clássicas, Froome atacará a Liège-Bastogne-Liège, prova que entrou este ano para a história da Sky como o primeiro monumento ganho pela equipa. Mas foi Wout Poels o vencedor.

No entanto, apesar de voltar a focar a sua temporada na Volta a França, o seu discurso sobre o percurso da prova é pouco entusiasmante. "Digamos que é muito diferente do habitual no Tour. Só haverá três finais em alto e apenas um é longo e duro. Penso que tudo ficará decidido nesse dia, até porque os contra-relógios são muito curtos. Será uma corrida mais aberta e poderá ser mais espectacular de assistir", referiu.

O ciclista abordou ainda a forma como treina, dizendo que o faz de "modo feroz" todos os dias. "Muitos colegas dizem-me que nunca viram ninguém preparar-se assim. Não é fácil, às vezes a dureza é tremenda, mas é onde está a diferença entre a vitória e o pódio", explicou. E Froome aponta também aqueles que considera que serão os seus principais rivais em 2017: "Quintana faz-me sofrer muito nas subidas. Já Contador é difícil de enfrentar porque é muito imprevisível. Porém, pode ganhar. Tem cabeça, experiência e motivação e a mudança de equipa irá fazer-lhe bem."

Mont Ventoux, o momento do ano de Froome

A terceira vitória do britânico na Volta à França ficará sempre marcada pela corrida no Mont Ventoux, quando ficou sem bicicleta num acidente com uma moto. "Agora já me posso rir, mas foi um momento de loucos. Estava a pedalar para ganhar com o Mollema e o Porte, quando, de repente, estávamos no chão. Vi que a minha bicicleta estava fora de combate e sabia que o carro da equipa estava muito longe, por isso comecei a correr. Nem sequer escorreguei", brincou Froome ao recordar um momento que ficará para a história do Tour.

Chris Froome foi pai recentemente e considera que o filho mudou a sua vida. "Ele deu-me estabilidade a nível mental. Agora quando estou em casa... Estou em casa. A Michelle é uma mãe excelente e muito atenta. O Kellan dorme das sete da noite às sete da manhã. Temos sorte!" salientou.


25 de dezembro de 2016

Prenda de Natal para 100ª edição da Volta a Itália: Nairo Quintana confirma presença

Nairo Quintana venceu o Giro em 2014 (Fotografia: Facebook Movistar)
O anúncio não chegou como uma novidade, mas como a confirmação de um desejo que o colombiano tinha expressado pouco depois de conhecer o percurso da 100ª edição da Volta a Itália e que foi alimentando nas semanas seguintes. Nairo Quintana vai mesmo regressar à competição que venceu em 2014 - naquela que foi a sua primeira conquista de uma grande volta -, mas deixou uma ressalva: "O objectivo é o Tour. Vamos enfrentar o Giro com muito carácter, decisão e com uma grande equipa. Temos a ilusão de o ganhar, mas temos um compromisso com o Tour."

Naturalmente que ao estarmos a falar de Quintana, estamos a falar de alguém que não compete apenas para participar. O ano de 2016 é a prova disso: em nove corridas venceu quatro, esteve no pódio noutras três, foi quarto nos Campeonatos Nacionais e abandonou no Grande Prémio Miguel Indurain. "Já ganhámos [o Giro] uma vez, porque não voltarmos a fazê-lo...", disse numa entrevista ao jornal El Tiempo. O facto de ser a 100ª edição serviu de motivação para Quintana e a Movistar, com o colombiano a salientar que é uma "marca especial".

Desde que a corrida foi apresentada a 25 de Outubro que muitos ciclistas elogiaram o percurso e expressaram um certo desejo de estar na 100ª edição do Giro. Dois deles foram Nairo Quintana e Chris Froome. Enquanto que no caso do britânico parece cada vez mais difícil que se concretize essa presença, Quintana foi mantendo a hipótese em aberto e percebeu-se que estava mesmo a ponderar fazer Giro-Tour em vez de Tour-Vuelta, quando disse que depois de ter recuperado muito bem da Volta a França, de tal forma que venceu em Espanha, que talvez fosse possível fazer o Giro e manter o chamado "sueño amarillo".

Nunca é de mais recordar que o último ciclista a fazer a dobradinha vitoriosa Giro-Tour foi Marco Pantani em 1998. No ano passado, Alberto Contador tentou, mais por ordem do dono da equipa, Oleg Tinkov, do que por sua vontade. O espanhol venceu em Itália, mas esteve longe da melhor forma quando chegou a França. Nairo Quintana tem uma vantagem relativamente a Contador: a idade. O espanhol tinha 33 anos quando tentou, o colombiano terá 27. Outro factor a favor de Quintana é a equipa. Contador ganhou um Giro com pouca ajuda da Tinkoff, que também não foi famosa no Tour. A Movistar pode ter dificuldades em fazer frente a uma Sky a 100%, mas tem capacidade para apoiar muito mais o seu líder do que tinha a agora extinta Tinkoff.

Haverá efeitos colaterais?

Vincenzo Nibali e Fabio Aru eram já dois dos principais ciclistas da actualidade com presença confirmada no Giro. Sendo italianos, não quiseram faltar a uma edição especial. Rafal Majka (Bora-Hansgrohe) também expressou a vontade de lá estar, Steven Kruijswijk (o holandês que esteve tão perto de ganhar a Volta a Itália este ano, mas que deitou tudo a perder com uma queda) já confirmoui que voltará. A Orica-Scott quer Johan Esteban Chaves na Volta a França, mas é provável que o colombiano (segundo este ano) queira tentar de novo a sua sorte em Itália e depois desta decisão de Quintana, não seria de surpreender se Chaves segui-se o exemplo do seu compatriota, excluindo a Vuelta do seu calendário. Ilnur Zakarin (Katusha) vai estar no Giro, Thibaut Pinot (FDJ) também disse que é em Itália que quer apostar em 2017 e não tanto no "seu" Tour.

A escolha de Quintana poderá influenciar a escolha de outros ciclistas e o Giro poderá estar a preparar-se para o melhor "elenco" dos últimos anos. Porém, fica a questão se um dos efeitos colaterais poderá afectar Chris Froome. Afinal, agora fica a saber o calendário daquele que foi este ano o seu principal adversário. O receio de ficar a perder por fazer o Giro e os seus rivais apostarem só no Tour fica em parte afastado. No entanto, a Sky mantém-se, para já, fiel ao plano de dar oportunidade a outro ciclista de ser líder. Começou por ser Mikel Landa, mas agora já se fala que é possível que chegue a vez de Geraint Thomas mostrar-se como número um da equipa numa grande volta.

Quanto a Alberto Contador, nada irá afectar o seu objectivo primordial nesta fase da carreira: vencer a Volta a França pela terceira vez. Mudou-se para Trek-Segafredo na expectativa de encontrar ali uma equipa mais forte no apoio. O espanhol dará tudo pela glória no Tour, que venceu em 2007 e 2009 (foi retirado o triunfo de 2010 devido a doping, no caso que ficou conhecido como "bife à Contador").

Alejandro Valverde, terceiro na sua estreia no Giro e com uma vitória de etapa, irá regressar ao seu habitual calendário, voltando assim a ser líder no ataque à Vuelta, depois, claro, de voltar a desempenhar o papel de gregário no Tour.

Quintana não estará na Volta ao Algarve

Na mesma entrevista ao El Tiempo, Nairo Quintana disse que este ano não irá começar a época na Argentina, ou seja, não se realizando o Tour de San Luis, as atenções viraram-se para San Juan, mas o colombiano afirmou que em Janeiro e Fevereiro irá competir em Espanha. Depois regressará à Colômbia para habituais treinos em altitude no seu país, que nunca dispensa. A não ser que se verifique uma mudança de última hora, será difícil ver Nairo Quintana nas estradas algarvias, até porque nas mesmas datas (de 15 a 19 de Fevereiro) realiza-se a Ruta del Sol.

Num balanço do ano, o colombiano disse que 2016 foi o melhor da sua carreira, até ao momento, destacando precisamente os bons resultados em praticamente todas as competições em que participou. No entanto, falar da Volta a França já fez mudar o semblante de Quintana, como descreveu o El Tiempo. Admitindo a óbvia superioridade da Sky, referiu que sofreu de alergias que afectaram o seu desempenho.

"Estamos a tralhabar para chegar em melhores condições no próximo ano e superá-las [as alergias]. Não é fácil, pois não desaparecem de um dia para o outro. Não há medicina para isso, mas faremos o esforço para tentar que não me afectem tanto da próxima vez que enfrente esse problema", explicou. Ainda assim destaca que um terceiro lugar no Tour é sempre um pódio naquela que é vista como a prova mais importante do ciclismo, realçando que sentiu que ninguém percebeu que era isso que sentia verdadeiramente quando o afirmou durante a Vuelta.

E por falar de Volta a Espanha, a competição poderá também ela sofrer um efeito colateral da decisão de Quintana. Mais uma vez não terá o vencedor do ano anterior (isto se não acontecer nada de anormal que mude o calendário do colombiano) e se houver mais grandes nomes a apostarem na dobradinha Giro-Tour, enquanto em Itália se irá celebrar por se ter o melhor pelotão dos últimos anos, em Espanha poderá sentir-se alguma frustração por muitas estrelas que normalmente fazem Tour-Vuelta falharem a prova em 2017. Contudo, ainda é cedo para estas especulações. A longa temporada ainda nem sequer começou. Mas já não falta muito!