14 de novembro de 2016

“Gosto de ser um exemplo, de ser a prova de que querendo, que lutando, tudo é possível”

Luís Mendonça vive uma espécie de conto de fadas do ciclismo. Só aos 28 anos é que decidiu ser ciclista profissional, apesar de anos antes ainda ter feito umas provas. A carreira de modelo acabou por o seduzir, contudo, o apelo da bicicleta não só não esmoreceu, como acabou por se tornar irresistível e mais do que optar por ser ciclista, Luís Mendonça iniciou um caminho para demonstrar que nunca é tarde para perseguir os sonhos, lutando contra o estigma da idade no desporto. Agora, aos 30 anos (faz 31 em Janeiro), chega à elite portuguesa pela mão de Jorge Piedade e do Louletano-Hospital de Loulé. Pressão? Diz não sentir nenhuma, afinal uma das suas máximas é muito simples: “Tudo o que vier é bom. É tudo novo para mim." E admitiu ainda: "Gosto de ser um exemplo, de ser a prova de que querendo, que lutando, tudo é possível.”

Ao Volta ao Ciclismo, o corredor do Porto explicou como o “namoro com o Louletano” já durava há uns dois anos. Apesar de ter a ambição de sair para uma equipa estrangeira, a verdade é que os dois convites que recebeu não lhe inspiraram confiança. “Sinceramente estavam sob uma névoa bastante grande. Não sabia muito bem para o que iria e isso assustou-me um pouco… Foi um feeling”, confessou. Luís Mendonça preferiu optar por “algo mais seguro para não ter surpresas e para não desanimar a meio”.


"Quero muito continuar a arriscar, continuar a lutar e o Louletano é a equipa ideal. Se fosse outra equipa teria mais rédea curta"

Mas não foi só a segurança que o levou a escolher a equipa algarvia. Apesar de saber que na Volta a Portugal terá de trabalhar para o líder Vicente de Mateos, o Louletano oferece-lhe a oportunidade de ter alguma liberdade de lutar por vitórias. “É uma equipa que me dá possibilidade de continuar esta evolução. Vamos ver até onde vai dar. Quero muito continuar a arriscar, continuar a lutar e o Louletano é a equipa ideal. Se fosse outra equipa teria mais rédea curta e teria de trabalhar mais em prol de outros ciclistas”, referiu.

O corredor que este ano representou a Sicasal/Constantinos S.A/UDO não pensa só no sucesso pessoal, pois apesar de desejar estar bem fisicamente o ano todo e mostrar-se em corridas como o Grande Prémio de Abimota, ou do Jornal de Notícias - “se o Vicente não for o líder” - Luís Mendonça tem o objectivo de ser o braço direito do espanhol na Volta a Portugal.

O facto de ter sido o Louletano a mostrar interesse em contratá-lo e não ter sido o ciclista a ter de procurar a equipa, como explicou, é mais um factor de motivação para o corredor. “Gostei muito da aposta e o Jorge Piedade está muito satisfeito e com muita confiança em mim e isso sente-se!” Por isso mesmo, Luís Mendonça não se desleixou nem um bocadinho nas férias e agora já trabalha para apurar a forma, para assim começar bem a temporada na Volta ao Algarve, em Fevereiro.


“Espero que com mais um ano de trabalho conseguir chegar à Volta a Portugal e ajudar o Vicente [de Mateos] com classe e categoria"

Para trás fica um 2016 de emoções fortes, principalmente quando lhe surgiu a oportunidade de competir na Volta a Portugal pela equipa brasileira da Funvic Soul Cycles-Carrefour. Então, o ciclista admitiu que ficou surpreendido com o ritmo do pelotão. “É preciso uma boa preparação e felizmente fui para lá minimamente preparado e ainda consegui mostrar-me [terminou no top dez em três etapas]. Não contava fazer melhor do que fiz, mas sinceramente também não contava com aquele ritmo”, desabafou.

Ainda assim, realçou como durante praticamente toda a época competiu com os melhores em Portugal, recordando que também na Volta ao Alentejo se andou muito bem. No entanto, agora que chegou à elite nacional, afirmou que terá de se preparar bem, mas também espera que “os anos de ciclismo comecem a fazer efeito”. “Vou para três anos na modalidade, o corpo vai-se moldando cada vez mais, estou cada vez mais leve sem fazer qualquer dieta. Sinto-me mais definido. A nível de tronco eu era exageradamente musculado, mas sinto que estou a ficar mais ligeiro e isso depois reflecte-se na estrada”, explicou.

Agora é preparar o seu primeiro ano de elite, como o próprio diz, sem pressão, mas com muita motivação. E parece que Vicente de Mateos terá mesmo um colega leal com quem contar. “Espero que com mais um ano de trabalho consiga chegar à Volta a Portugal e ajudar o Vicente com classe e categoria, como certamente ele vai merecer.”

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