26 de setembro de 2016

Mundiais: Bélgica aposta na experiência, França aposta numa grande dor de cabeça

Nacer Bouhanni e Arnaud Démare, uma rivalidade francesa
(Fotografia: Jérémy-Günther-Heinz Jähnick/Wikimedia Commons)
Aos poucos vão sendo conhecidas as escolhas dos seleccionadores para os Mundiais do Qatar. E se se continua à espera da revelação mais desejada - André Greipel ou Marcel Kittel a liderar a Alemanha - hoje ficou-se a saber que a França apostou numa potencial enorme dor de cabeça. Nacer Bouhanni e Arnaud Démare foram os dois convocados, mas o líder só será escolhido já em Doha. Dada a rivalidade entre os dois ciclistas, Bernard Bourreau assumiu um elevado risco. Já na Bélgica é tudo mais pacífico. Tom Boonen vai liderar a selecção, mas o campeão olímpico Greg van Avermaet terá liberdade para tentar aproveitar alguma oportunidade que surja no percurso plano de 257 quilómetros.

Bouhanni e Démare estiveram cinco anos na FDJ e enquanto iam revelando-se como dois potenciais fortes sprinters, a rivalidade foi crescendo. Em 2014 tornou-se insuportável os dois continuarem na equipa, principalmente quando Bouhanni foi preterido na escolha da equipa para a Volta a França, depois de ter ganho três etapas no Giro. Démare não conquistou numa tirada no Tour, enquanto Bouhanni foi depois à Vuelta ganhar duas. Tornou-se óbvio que a FDJ teria de escolher e foi Bouhanni quem bateu com a porta, preferindo assinar por uma equipa Profissional Continental, a Cofidis, mas garantir que seria líder e que estaria no Tour.

Bouhanni (26 anos) tem sido mais ganhador, mas também tem sido um problema para a equipa devido a sua personalidade. Sprints irregulares custaram-lhe triunfos, um murro num homem que fazia barulho num hotel custou-lhe a presença na Volta a França. Ainda assim, como sprinter, Bouhanni apresenta nove vitórias em etapas em 2016, Démare (25) soma cinco, ainda em que algumas competições a concorrência tenha sido quase nula. Porém, Bernard Bourreau explicou a escolha, pois uma das vitórias do ciclista da FDJ foi no monumento Milano-Sanremo, o que para o seleccionador é significado de um atleta com capacidade para provas duras de um dia... Bouhanni foi quarto e ficou fora do sprint devido a um problema mecânico. Démare tem ainda no currículo um título mundial em sub-23.

A acompanhar a dupla estarão ciclistas da Cofidis e da FDJ: Christophe Laporte, Geoffrey Soupe, Cyril Lemoine e Yoann Offredo, William Bonet, Marc Sarreau. Uma equipa divida. Um risco enorme que será muito interessante ver como e se será possível gerir. Démare a apoiar Bouhanni ou vice-versa, parece ser impossível. Apostar nos dois ciclistas poderá não resultar frente a outras equipas unidas em torno de um homem. De fora ficou, como se esperava, Bryan Coquard (24 anos). Mesmo com 11 vitórias, nenhuma de World Tour, o sprinter da Direct Energie está apenas na lista de suplentes, mas terá de esperar por outra oportunidade.

(Fotografia: Facebook Etixx-QuickStep)
Já na Bélgica deverá ser tudo mais pacífico. Tom Boonen tem feito um final de temporada apontando a uns últimos Mundiais. O belga vai retirar-se depois do Paris-Roubaix em 2017, mas vai procurar a segunda camisola arco-íris, 11 anos depois de ter vencido a prova em Madrid. Aos 35 anos Boonen está longe de ser um favorito perante a concorrência, mas as vitórias na RideLondon e na clássica de Bruxelas motivaram o ciclista. Uma queda no Eneco Tour ainda assustou, mas os médicos garantiram que estava tudo bem e Boonen está concentrado em preparar os Mundiais.

(Fotografia: Facebook Greg van Avermaet)
Quanto a Greg van Avermaet (31 anos), pode não ser um puro sprinter, mas consegue defender-se em algumas situações e depois da temporada que teve era quase um crime deixá-lo de fora ou obrigá-lo a trabalhar apenas para Boonen. Na Milano-Sanremo, monumento considerado como a corrida para os sprinters, Avermaet foi quinto, mostrando que consegue debater-se com os melhores. Mas foram sete as vitórias em 2016, incluindo a sua primeira clássica na Bélgica, uma etapa na Volta a França (vestiu ainda a camisola amarela) e, claro, a medalha de ouro olímpica. Avermaet terá luz verde para tentar procurar uma oportunidade para surpreender uns sprinters ávidos em vestir a camisola do arco-íris.

Philippe Gilbert foi o último belga campeão do Mundo em 2012, mas o ciclista da BMC afirmou que não iria ao Qatar, um circuito que considerou não ser para as suas características. Sep Vanmarcke também ficou de fora assim como Gianni Meersman, que terá sonhado com uma chamada após vencer duas etapas na Vuelta.

A apoiar Boonen e Avermaet estarão Oliver Naesen (segundo no Eneco Tour), Jens Keukeliere (vencedor de uma etapa na Vuelta), Jasper Stuyven (ganhou a Kuurne-Brussels-Kuurne), Iljo Keisse, Nikolas Maes, Jens Debusscherre e Jurgen Roelandts.

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