5 de julho de 2016

Podemos sonhar com uma medalha nos Jogos Olímpicos?

A espera terminou. Já são conhecidos os ciclistas que irão representar Portugal nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. E sim, podemos sonhar. Porque não?! Afinal neste tipo de competições de um dia, ainda mais quando só acontece de quatro em quatro anos, está muito mais em jogo do que apenas o natural favoritismo de um Chris Froome, Alberto Contador, Nairo Quintana ou Vincenzo Nibali. Rui Costa será o líder, mas o quarteto escolhido pelo seleccionador José Poeira até apresenta a possibilidade de outras apostas. André Cardoso, José Mendes e Nelson Oliveira - que também estará no contra-relógio - fazem sonhar que sim, é possível estar na luta por uma medalha.

Talvez toda esta crença seja da responsabilidade de Rui Costa. Em 2013 não se falava dele como candidato a ser campeão do mundo e o ciclista da Póvoa do Varzim surpreendeu um país que achava que já era um grande feito ganhar etapas na Volta a França. Foi uma vitória histórica e de repente passou-se a acreditar e, mais importante, a perceber que Portugal tem ciclistas com qualidade para se baterem com os melhores.

A responsabilidade é partilhada por Sérgio Paulinho. Em 2004 também ele foi uma surpresa para o país pouco habituado a ganhar medalhas e com tendência a olhar mais para o atletismo. Em Atenas, o português conquistaria uma medalha de prata que soube a ouro.

Rui Costa (29 anos) foi a escolha natural para liderar a equipa. Em Londres2012 foi 13º, mas muito aconteceu na carreira deste ciclista desde então. Tornou-se num ciclista muito respeitado no pelotão, vestiu a camisola do arco-íris, é líder de uma equipa World Tour e somou várias vitórias importantes no Tour e na Volta a Suíça, por exemplo.

O percurso do Rio de Janeiro, pensado pela portuguesa Isabel Fernandes, será uma longa etapa de montanha, como descreveu José Poeira, com 11 subidas em 256,4 quilómetros. Não se pode dizer que seja perfeito para as características do Rui Costa, mas ainda assim é expectável que possa estar na luta com os melhores ainda mais se percebermos o apoio que irá ter.




José Poeira escolheu os ciclistas a pensar nas diferentes fases do percurso. Nelson Oliveira (27 anos) será o homem que entrará logo ao serviço e não será de surpreender se acabar por se desligar da corrida quando o terreno se tornar mais complicado, pois o contra-relógio é o seu objectivo.


José Mendes deverá ser o segundo a ser chamado, com André Cardoso a manter-se certamente ao lado de Rui Costa o máximo que for possível. Mas não vamos reduzir estes dois ciclistas a simples ajudantes. Já vimos José Mendes realizar grandes subidas e sabe-se que André Cardoso pode ser muito mais do que um braço-direito.

Aos 31 anos, José Mendes irá fazer a sua estreia nos Jogos Olímpicos. O recente título nacional conquistado em Braga - e foi segundo no contra-relógio - terá dado uma ajuda para estar entre os eleitos, pois certamente que José Gonçalves (ciclista da Caja Rural que este ano venceu a Volta à Turquia) era outro nome forte na lista do seleccionador. É um trabalhador por excelência, mas sempre soube aproveitar as oportunidades que lhe surgiram na carreira. É um tipo de ciclista de confiança que qualquer director desportivo gosta de ter na sua equipa. Actualmente na equipa alemã Bora-Aragon18 , não foi escolhido para a Volta a França, mas estará na Vuelta.


André Cardoso (31) tem passado a sua carreira internacional no apoio a líderes. Porém, fica sempre a sensação que tem algo mais para mostrar. O seu potencial para a montanha é reconhecido desde os tempos que competia em Portugal, tendo sido segundo na Volta a Portugal em 2011, então ao serviço do Tavira. No ano seguinte foi contratado foi pela Caja Rural que o impulsionou para chegar ao World Tour em 2014, pela mão da então Garmin-Sharp, a actual Cannondale-Drapac. As suas características deixam antever que André Cardoso - que esteve em Pequim2008 (foi 72º) - possa também funcionar como um plano B.

Tal como as expectativas para a prova de fundo são grandes, também no contra-relógio é esperado um bom resultado de Nelson Oliveira. Não há dúvidas que é o melhor da especialidade em Portugal. Já lá vão quatro títulos nacionais. Também tem um da prova de fundo e claro que se tem de destacar a brilhante vitória na Vuelta, em Tarazona, no ano passado.

A sua mudança para a Movistar deixa antever que ainda irá melhorar no esforço individual, pois a equipa espanhola é das que melhor trabalha o contra-relógio. José Poeira acredita que o percurso favorece Nelson Oliveira: "Tem zonas planas, onde se desenvolvem grandes andamentos e se atingem velocidades elevadas, mas também subidas onde os roladores mais fortes sentirão dificuldades. Penso que se enquadra nas características dos contra-relogistas portugueses."

Há quatro anos foi 18º em Londres. No Rio de Janeiro deverão estar grandes nomes do contra-relógio como Tony Martin, Fabian Cancellara e Tom Dumoulin. Não será fácil chegar a uma medalha, mas a ambição de Nelson Oliveira certamente que passará por dar o tudo por tudo. Nunca se sabe... que o diga Sérgio Paulinho.

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