14 de junho de 2016

Muito Froome, falta um pouco mais de Contador

(Fotografia: Team Sky)
Metódico, frieza na análise da corrida, explosivo. Chris Froome está em grande forma a duas semanas do Tour e diz que ainda tem de melhorar! Já Alberto Contador esteve avassalador no início, mas foi perdendo de dia para dia, mostrando que ainda tem trabalho a fazer se quer lutar pela Volta a França. O Critérium du Dauphiné levantou um pouco o véu sobre como estão os ciclistas que sonham alto para o Tour, tendo-se destacado um francês: Romain Bardet.

Na luta entre dois dos principais candidatos - Nairo Quintana preferiu resguardar-se de embates directos e estará na Route du Sud - Froome foi o claro vencedor. Contador fez uma crono-escalada assustadora. O britânico esteve muito bem, mas o espanhol entrou com tudo... e ali deixou tudo. A partir de então Contador foi mostrando dificuldades em acompanhar o rival e quando Froome atacou - depois de se ter deixado ficar um pouco para trás no que não passou de um enorme bluff - o ciclista da Tinkoff não conseguiu acompanhar o ritmo louco do britânico.

À boa maneira de Contador, o espanhol nunca desistiu e tentou testar Froome, mas principalmente testou-se a si próprio. Antes do arranque do Dauphiné, Contador alertou que estava ali para perceber como estava e ao terminar sabe que ainda tem algum trabalho a fazer. O espanhol teve um pico de forma logo no início do ano (que foi possível ver na Volta ao Algarve) e agora tenta apontar para as três semanas mais importantes da sua temporada. E ainda tem tempo. Não há motivos para alarme.

Froome está neste momento muito bem, no entanto, ainda quer melhorar, tendo destacado que a pouca competição que tem feito em 2016 foi uma decisão feita a pensar na terceira semana da Volta a França, durante a qual quer estar no seu melhor. Certamente que no pensamento do ciclista da Sky está o Tour de 2015, no qual, não fosse a vantagem conquistada anteriormente, arriscou perder a prova para Quintana na última semana.

Um pormenor que vale o que vale: sempre que ganhou o Dauphiné, Froome venceu o Tour.

Bardet "venceu" Pinot

Thibaut Pinot até ganhou a etapa rainha do Dauphiné num sprint com Romain Bardet, mas olhando para toda a prova, o ciclista da AG2R revelou-se melhor e mais promissor para o Tour. 2016 tem sido um ano fantástico para Pinot, com Bardet mais discreto, mas claramente este último guardou-se para o Tour e quase tão importante, mostrou também que tem uma equipa com qualidade para o apoiar... Convém é evitar toques entre colegas que resultam em quedas ridículas e que, neste caso, poderá ter arruinado a possibilidade de vencer o Dauphiné. Ainda assim foi segundo, a 12 segundos de Froome.

Já Pinot está à procura do seu melhor, ficando a dúvida se não terá optado por esconder um pouco o jogo ao perceber que ainda não está no ponto para fazer frente aos favoritos. Porém, o ciclista da FDJ continua a ser, a par de Bardet, uma das esperanças francesas.

Mas em França há mais motivos de interesse: Pierre Rolland está finalmente a aparecer ao serviço da Cannondale (foi décimo) e Julian Alaphilippe (Etixx-QuickStep) é um forte candidato a melhor jovem, classificação que venceu no Dauphiné, ficando em sexto na geral.

A recuperação de Richie Porte

O australiano até foi quem começou por aguentar o ritmo de Froome. Agora em equipas diferentes, não há animosidade entre os dois e até parece haver espaço para uma aliança, se for necessário. Porém, se Porte mostrou estar forte e com vontade de finalmente alcançar um bom resultado numa prova de três semanas enquanto líder, o ciclista da BMC voltou a claudicar no momento da recuperação física de etapa difícil, para etapa difícil. Se Porte quer ser um outsider não poderá estar bem num dia e desaparecer noutro. Perdeu um lugar no pódio por falta de pernas e também por algum azar: foi tapado inadvertidamente por Froome quando tentava responder a Bardet e Martin, mas mesmo assim, o australiano já estava a fraquejar.

Etixx e Dimension Data em destaque

A Sky está naquele nível que nem a Tinkoff consegue alcançar. Porém, há duas equipas que não vão passar despercebidas no Tour. No caso da Etixx-QuickStep terá Marcel Kittel para conquistar os sprints, mas quando chegarem as montanhas, além de Alaphilippe terá Daniel Martin. Que bem fez esta mudança de equipa ao irlandês. Foi terceiro no Dauphiné e tem constantemente mostrado este ano que está muito forte. Uma vitória de etapa é o mínimo que quererá e talvez um lugar no top dez possa não ser irrealista.

Quanto à Dimension Data, a aposta inicial será em Mark Cavendish, mas são muitas as dúvidas em redor do sprinter. Estará no seu melhor na Volta a França ou a pensar nos Jogos Olímpicos? Mas a equipa que este ano chegou ao World Tour até foi a quem mais conquistou no Dauphiné: duas vitórias de etapas (com Boasson Hagen e Cummings - em mais uma fuga que já são a sua imagem de marca), conquistou a camisola dos pontos com Boasson Hagen e a da montanha por Teklehaimanot (segunda vitória consecutiva do eritreu).

Volta à Suíça e Route du Sud

O Critérium du Dauphiné ofereceu uma primeira mostra dos candidatos rumo ao Tour. Agora é esperar pelo final da Volta à Suíça e Route du Sud onde estão os restantes. Por terras helvéticas andam Rui Costa (Lampre-Merida), Tejay Van Garderen (BMC), Warren Barguil (Giant-Alpecin) e Andrew Talansky (Cannondale).

A principal notícia é que Robert Gesink está em risco de falhar o Tour. O holandês caiu na Volta à Suíça e sofreu um traumatismo craniano. A Lotto-Jumbo começa a pensar em Wilco Kelderman como principal aposta.

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